sábado, 26 de novembro de 2016

           MARIA MADALENA, APÓSTOLA DOS APÓSTOLOS

Impressiona a tendência humana de se decidir pelo mal. A fama de Maria Madalena, como pecadora – pros­tituta - é uma mostra exemplar da propensão. Não há, no Novo Testamento, uma palavra sequer que a classifique como tal; o que se sabe é que Jesus expulsou dela sete demônios. Na narrativa de Lucas (8.2), ela aparece inclu­ída entre algumas mulheres que haviam sido curadas de espíritos malignos e de enfermidades.
Lillia Sebastiani, estudiosa dos textos evangélicos, acredita que se tratava de misteriosos sofrimentos psicos­somaticos. E, em seguida, propõe: Seja qual for a forma de encarar o problema, se deve sempre identificar uma anomalia. Ao que, acrescentamos e sublinhamos não se tratar, necessariamente, de pecados tais como faltas de natureza sexual como a prostituição. A autora conclui: O seu encontro com Jesus marca a realização da harmonia interior e da plenitude pessoal.
A fama de “Madalena arrependida”, invenção hu­mana, atravessou os séculos. Até hoje o seu nome traz à lembrança - dos menos avisados - a figura da mulher pecadora, sobrepondo-se à da mulher liberta e santifi­cada por Cristo. A mulher que teve a suprema graça de ser a primeira a avistar o Ressuscitado, ficou em segundo plano; sua memória permanece à sombra da pecadora, massacrada, ignorada e suplantada pelo famigerado con­ceito que lhe fora imputado.
A mulher, digna de ouvir a voz do Salvador, na­quele domingo de Páscoa, dizendo-lhe: Eu vos saúdo! (Mateus 28.9), e de ser encarregada por Ele de levar a mensagem da ressurreição, foi ofuscada na história cristã por uma calúnia. Ignorada por sua santidade, costuma ser lembrada por uma ignomínia que se apegou ao seu nome. Como se o inconsciente coletivo se tivesse embo­tado diante do acontecido no domingo da ressurreição. As pessoas, tudo indica, tiveram dificuldade para assi­milar o milagre representado pela metamorfose experi­mentada por Madalena: de vítima de opressão satânica, redimida por Cristo e elevada ao papel de deuteragonista da ressurreição (João 20. 1-18), ou seja, aquela que ocu­pou o segundo lugar na cena da ressurreição.
Não posso deixar de abrir um parenteses, aqui, a fim de admirar a tremenda lição que se pode extrair des­sa demonstração do poder transformador de Deus; do milagre dos milagres, que é a operação do poder divino para transformar vidas, anunciado por Cristo: O Senhor [...] enviou-me a curar os quebrantados do coração.
A apregoar liberdade aos cativos, e dar vista aos ce­gos; a pôr em liberdade os oprimidos; a anunciar o ano aceitável do Senhor. (Lucas 4.18.19).
Em Maria Madalena cumpriu-se exemplarmente essa palavra. Ela viu-se, sob a maravilhosa graça de Cris­to, liberta de seu cativeiro e de seus opressores espirituais, para viver a experiência que, no domingo de Páscoa, a le­vou a exclamar: Vi o Senhor! e cumprir o seu mandado a fim de avisar aos apóstolos que o Senhor está redivivo e que poderiam encontrá-lO na Galiléia.
"Apóstola dos apóstolos”, assim ela é chamada por Bernardo de Claraval, erudito cristão, em seu Sermones in Cantica.Título extensivo, também, às outras mulhe­res, que a acompanharam na missão de proclamar o que­rigma da Páscoa, denominadas então de apóstolas dos apóstolos. (Continua).

domingo, 13 de novembro de 2016

TEXTO EXTRAÍDO DO LIVRO MENSAGEIRAS DA RESSURREIÇÃO

                           A PROIBIÇÃO DE ENSINAR
A interpretação equivocada das palavras de Paulo, registradas em 1 Timóteo 2.11-13, no sentido de proi­bir a mulher de ensinar na Igreja, tem impedido a sua caminhada em direção ao púlpito, segundo a teoria dos igualitários. A carta paulina exorta: A mulher aprenda em silêncio com toda a sujeição. Não permito, porém, que a mulher ensine, nem use de autoridade sobre o ma­rido, mas que esteja em silêncio. Porque primeiro foi for­mado Adão, depois Eva. Como devem ser interpretadas tais palavras?
A explicação dos eruditos sobre os versículos 11 e 12, e bem explanada por Stanley Grenz, faz menção à luta da Igreja contra os falsos mestres e à propagação de heresias no meio cristão, entre os efésios:
As mulheres de Éfeso eram suscetíveis ao engano dos falsos mestres e ao envolvimento na propagação de crenças heréticas. Assim sendo, o apóstolo ordenou a es­sas mulheres que se abstivessem de ensinar e aprendes­sem respeitosamente com os verdadeiros professores.
Essa ordem, bem como a outra dirigida às mulheres da cidade de Corinto, para que evitassem falar na Igreja, seria uma proibição temporária porque dirigida a um grupo específico de mulheres. Ironicamente, ao comba­ter doutrinas heréticas, o apóstolo tornou-se ele próprio vítima - não de crenças heréticas - mas, de interpretações falaciosas, que vieram a repercutir sobre a sua memória, fazendo seu nome passar à História associado ao machis­mo e à misoginia.
Estudiosos apontam uma contradição na interpre­tação daquelas palavras do texto de Efésios, causadoras de milenares polêmicas, contrapostas à maneira como Paulo aceita e enaltece o trabalho das mulheres cristãs. O texto de Romanos 16 é, especialmente, apontado como prova dessa realidade favorável às mulheres, no qual o apóstolo dá mostras de reconhecer a autoridade de mui­tas delas na propagação do Evangelho. (Romanos 16.7). Basta observarmos alguns dados bíblicos sobre o assunto, tais como o fato de Paulo ter aceitado trabalhar ao lado das mulheres cristãs, sem discriminá-las, antes, enalte­cendo efusivamente o trabalho que realizavam na obra missionária, isto é, a proclamação da Palavra e ensino com autoridade. O relato de Atos 18.26, dá um exemplo inconteste a esse respeito, ao mostrar Priscila, ao lado do marido, Áquila, instruindo Apolo. Sobre o mestrado de Priscila falaremos mais adiante no capítulo de Atos das Apóstolas.
Febe, Lídia e tantas outras conforme relata o Novo Testamento, foram dignas de sua confiança a ponto de o apóstolo deixar em suas mãos a direção de igrejas funda­das por ele. Com grande insistência, Paulo pedia à Igreja que o acompanhasse no reconhecimento às discípulas (Romanos 16) pelo trabalho inestimável que realizavam.
Ele trabalhava lado a lado com elas – tal como ao lado dos discípulos - aceitando, inclusive, e de bom grado, que o ajudassem no custeio de suas viagens missionárias. Foi, também, na casa delas que muitas vezes abrigou-se ao sair da prisão, pois, à época, os cristãos sofriam inten­sa perseguição. Ser prisioneiro, era quase uma rotina na vida do apóstolo, tanto que Paulo se intitula, em algumas de suas cartas, prisioneiro de Jesus Cristo (Efésios 3.1; 2 Timóteo 1.8; Filemom 1. 1,9). Em meio às suas tribula­ções, o apoio feminino não lhe faltou.
Como suas cooperadoras, será que as discípulas es­tavam impedidas de ensinar?
Pelo visto, segundo evidências, a mulher exercia, sim, o mestrado, fato acatado por teólogos igualitários que interpretam a proibição de Paulo como sendo de caráter temporário, destinada a resolver problemas mo­mentâneos enfrentados pela igreja de Éfeso. Urgia livrar a congregação da influência nefasta das crenças heréti­cas, as quais estavam sendo disseminadas por aquele gru­po de mulheres suscetíveis ao engano dos falsos mestres. O apóstolo as exorta, então, a ouvir os seus maridos, certamente cristãos, e não darem mais ouvidos aos falsos mestres. Assim entendido, o texto de 1 Timóteo não entra em contradição com o de Romanos 16. Sua interpretação superficial e falacio­sa sim, é a responsável pela polêmica que, até os dias atuais, repercutem de maneira negativa na Igreja, impedindo a mulher de exercer os seus direitos cristãos.
Vêm contribuir, ainda, para elucidar a questão ou­tras opiniões abalizadas de teólogos:
As mulheres devem ser calmas, controladas, res­peitando e confirmando seus professores, em vez de exer­cerem autoridade autocrática que destrói suas vítimas. Paulo não está aqui proibindo as mulheres de pregar, orar e de exercer uma autoridade edificante, nem de pastorear. Está simplesmente proibindo que elas ensinem ou usem sua autoridade de maneira destrutiva. (Continua).


domingo, 6 de novembro de 2016

                                  MARTA E MARIA
A história sobejamente conhecida, protagoniza­da ao lado de Jesus por Marta e Maria, irmãs de Lázaro, se cotejada com a história das outras discípulas, mostra uma faceta diferente em dois sentidos. Primeiro, pela ên­fase que os Evangelhos dão às demonstrações de apreço e amizade do Senhor por essa família. Eles eram amigos íntimos e, ao ver Maria e os judeus chorarem a morte de Lázaro - o texto joanino registra – Jesus chorou. (João 11.35). Segundo, porque as irmãs não participavam do ministério itinerante do Mestre, conforme acontecia com a maioria das outras discípulas. Nenhum dos evangelistas registra a presença delas entre os que acompanhavam o Senhor em Suas jornadas. A história desenrolou-se pelo caminho inverso. Foi Jesus quem as encontrou, e passou a abençoá-las ensinando-lhes a Palavra: E aconteceu que, indo eles (Jesus e Seus discípulos) de caminho, entrou numa aldeia; e certa mulher, por nome Marta, o recebeu em sua casa; e tinha esta uma irmã chamada Maria, a qual, assentando-se também aos pés de Jesus, ouvia a sua palavra (Lucas 10. 38,39).
Dois importantes ensinamentos destacam-se no texto. Primeiramente, a revelação do que significa "rece­ber a Jesus e ouvi-lO." Atitude transformadora, verdadei­ra metamorfose, pela qual a pessoa é alçada à condição de discípulo de Cristo. Foi justamente, o que sucedeu às duas irmãs, Marta recebeu-O em sua casa e Maria ouviu o Mestre. Pela pertinência, recorremos ao texto de Apo­calipse 3.20, no qual se lê: Eis que estou à porta, e bato:  se alguém ouvir a minha voz, e abrir a porta, entrarei em sua casa, e com ele cearei, e ele comigo. Palavra que se cumpriu de maneira esplendorosa na vida dessas mu­lheres, cujo coração respondeu ao chamado do Salvador.
Observemos a outra lição que se pode extrair do episódio:
No que concerne a Maria, a anotação de maior consistência teológica é aquela de estar “sentada aos pés do Senhor” para ouvir a Sua palavra. Se para o leitor mo­derno não informado se trata somente da observação de uma afetuosa e devota atitude de escuta, num contexto da cultura judaica é algo mais. “Sentar aos pés de” em Israel era uma expressão quase técnica para indicar a situação discipular. Tornar-se discípulo de um mestre a fim de ser por ele bem instruído na Lei era vivamente recomenda­do a todo judeu homem, mas era quase que inconcebível para uma mulher.
Novamente, em gritante contraste com o costume judaico de ignorar as mulheres, negando-lhes o direito ao conhecimento das Escrituras, o Mestre aparece mi­nistrando a palavra a uma mulher. Observe-se que o vo­cábulo discípula nem sequer existia em hebraico, idioma no qual a palavra discípulo não tinha o gênero feminino. A condição das mulheres, em geral, sofreu uma trans­formação radical operada pelo Senhor, em todos os seus níveis. Na realidade, como se um universo tivesse sido edificado especialmente para acolher o gênero feminino, em relação ao pouco espaço que lhe fora permitido ocu­par na sociedade antiga. Jesus revolucionando, concomi­tantemente, edificava.
Marta, vítima de injustiça histórica: Enquanto Ma­ria encontrava-se aos pés de Jesus, atenta à Sua palavra, conforme relata o texto de Lucas 10, Marta andava dis­traída em muitos serviços e, aproximando-se, disse: Se­nhor, não se te dá de que minha irmã me deixe servir só? Dize-lhe pois que me ajude. (v.40). Ao que Jesus lhe respondeu: Marta, Marta, estás ansiosa e afadigada com muitas coisas. Mas uma só é necessária; e Maria esco­lheu a boa parte, a qual não lhe será tirada. (vv. 41b, 42). Historicamente, as palavras de Jesus têm sido interpreta­das como sendo de repreensão à Marta, e o episódio visto como significativo da vida ativa em contraste com a vida contemplativa. Isso, além de restringir a riqueza do significado do episódio, tem determinado um notável e injusto amesquinha­mento da figura de Marta, sobre a qual, a reflexão está voltan­do hoje com resultado de notável interesse.
Em favor de Marta devemos evocar suas palavras de caráter profético, quando demonstrou reconhecer a messianidade de Jesus, ao afirmar ser Ele o Cristo. (João 11.27). Além de tê-lO recebido em sua casa – e em seu coração - Marta deu mostras de que, também, havia aprendido as Suas lições e conhecia a Palavra. Podemos avaliar seus conhecimentos, não só pela palavra profética que proferiu sobre o Salvador, mas, também, pela respos­ta que disse, ao Senhor, por ocasião da morte de Lázaro. No momento em que Jesus garantiu-lhe que Lázaro res­suscitaria, Marta replicou: Eu sei que há de ressuscitar na ressurreição do último dia (v.24b). Desta vez, porém, Jesus referia-Se ao milagre que estava prestes a realizar, ao trazer Lázaro de volta à vida. Esse poder de Jesus, que acabara de Se auto definir como sendo a ressurreição e a vida, (v.25), Marta viria a conhecer de imediato.

Maria de Betânia, vale lembrar, foi a mulher que un­giu Jesus com perfume de altíssimo valor, poucos dias antes de Sua morte, conforme relato do livro de João (12.1-11); assunto já abordado no capítulo A Revolução do Amor. Para a realização desse ato, concorreram, certamente, o presságio a respeito da morte próxima de Jesus aliado ao sentimento de gratidão devida a Ele, pelas inúmeras e grandiosas bênçãos derramadas sobre toda a família.

quarta-feira, 12 de outubro de 2016

A EDUCAÇÃO INFANTIL NO NOVO TESTAMENTO

A EDUCAÇÃO INFANTIL NO NOVO TESTAMENTO
Nós, cristãos, não nos debruçamos, ainda, sobre a questão da educação da criança segundo os ditames do Novo Testamento. Sabemos que com Jesus Cristo tudo se fez novo! Mas, continuamos nos inspirando no Antigo Testamento para criar as crianças. Ignoramos que o aperfeiçoamento da Lei mosaica, por Cristo, abrange todos os setores da vida humana. Entretanto, deixamos as crianças de lado. As idéias de liberdade, próprias do cristianismo, projetaram-se sobre todos os setores da sociedade. E um ponto final foi colocado sobre tudo o que representasse escravização do homem e da mulher dentro do contexto social. Transformação que deu origem ao sistema político democrático no qual, entre outras, a mulher alcançou o status de cidadã e todos foram considerados iguais perante a lei. Nós, ou muitos de nós, evangélicos, esquecemos de nos atualizar quanto à criação das crianças, segundo a Mensagem da Cruz. Somente evocamos os textos do Antigo Testamento no que concerne à educação infantil e dos jovens. Textos que aconselhavam a fustigar a criança com a “vara”. Ainda que no livro de Provérbios (23.13) esse trecho pareça muito claro nesse sentido, a palavra “vara” também tem o significado de Palavra de Deus. Vemos isso em numerosas passagens bíblicas, inclusive no Salmo 23. 4: "Ainda que eu andasse pelo vale da sombra da morte, não temeria mal algum, porque tu estás comigo; a tua vara e o teu cajado me protegem."
Reportando-nos, novamente, ao Novo Testamento, encontramos o episódio em que o menino Jesus, então com 12 anos de idade, passa três dias desaparecido e seus pais procurando-o, aflitos. Ao encontrá-lo no templo, discutindo com os doutores, Maria e José o receberam em paz. Maria apenas perguntou-lhe: "Filho, por que fizeste assim para conosco?" Observe-se, também, que Jesus estava tratando dos assuntos do PAI, como Ele mesmo disse à Maria: "Não sabeis que me convém tratar dos negócios de meu Pai? Tudo resolvido, portanto! e sem agressividade, exemplo que devemos imitar na resolução de nossas quizilas. Conclusão: com crianças nos cabe tratá-las com paciência e compreensão. Quando adultas elas agirão assim também.
Menções feitas sobre as crianças, por Jesus Cristo, no Novo Testamento, são repletas de amor. Mateus 21.15 e 16, registra: "Os meninos no templo exclamavam: Hosana ao Filho de Davi." Ao ouvir isso, e a repreensão dos sacerdotes e dos escribas,Jesus exclama:"Nunca lestes: "Pela boca dos meninos e das criancinhas de peito tiraste o perfeito louvor?" Em outra ocasião, quando os discípulos queriam impedir que trouxessem crianças para que Jesus lhes impusesse as mãos, Jesus disse: "Deixai os pequeninos e não os estorveis de vir a mim, porque dos tais é o Reino dos céus." Isso nos indica a maneira afetuosa com que devemos tratar as crianças.

quarta-feira, 5 de outubro de 2016

ESCRAVAS DA MODA

                                         ESCRAVAS DA MODA

                                                                                Rachel Winter                                     

A mulher atual considera-se livre. As leis realmente a tornaram independente para agir sem necessidade do aval masculino, como acontecia no passado. A sociedade já não se espanta ao vê-la exercer qualquer profissão, mesmo as consideradas tipicamente masculinas. Ótimo! No dia-a-dia, acumulam-se as vitórias no campo profissional.
Mas a mulher libertou-se realmente ? Ou teriam caído apenas as amarras que a prendiam, e ela permanece aturdida sem saber bem o que aconteceu? - O apóstolo Pedro, ao ser liberto da prisão por um anjo, demorou para se dar conta do que havia acontecido, “...parecia-lhe, antes, uma visão”... “Então Pedro caindo em si disse: Agora sei, verdadeiramente, que o Senhor enviou o seu anjo e me livrou da mão de Herodes...Atos 12: 9 e 11. Em muitos sentidos parece que a mulher está tendo apenas uma “visão” da liberdade.
 Ninguém ri
Desconfia-se de sua conscientização sobre o que seja liberdade, por sua servidão à moda, no vestuário e em outros comportamentos sociais. (Como acontecia com nossas avós. Igualzinho!) Todo mundo leva a sério os desfiles de moda. Ninguém esboça um sorriso e muito menos uma sonora gargalhada quando mulheres aparecem com as cabeças (ou outras partes) enfeitadas com penas das mais variadas aves, como se fossem espanadores. Ou embrulhadas em redes de pescador, contorcendo-se como sereias com urticária. Pagam-se fortunas pelas chamadas grandes criações. Há roupas cujo preço equivale ao de um apartamento. E casos até mesmo de universitárias que se prostituem para comprar roupas e bolsas de griffe.
Ameaça à saúde
O corpo tem que ser padronizado, conforme o capricho dos estilistas. Num momento, esquelético. Tipo varapau. Nada de seios. Muitas chegaram a mutilar-se numa mesa de cirurgia para diminuí-los. Agora, voltam para aumentá-los. No afã de emagrecer proliferam os casos de anorexia, bulimia, anemia, etc. (Nossas avós usavam espartilhos para ficarem todas com a mesma silhueta. Cintura fina e ancas largas. Como progredimos!...)  São muitos os exemplos de mulheres famosas vitimadas pela obsessão da magreza: a princesa Vitória, da Suécia - filha da rainha Sílvia, que é brasileira – conseguiu recuperar-se da anorexia, mas chegou a ficar esquelética, Karen Carpenter, do grupo musical Carpenters, não conseguiu sobreviver à mesma doença. A atriz Jane Fonda sofreu de bulimia, mal do qual também era vítima a princesa Diana, da Inglaterra. E olha que robustez e gordura já tiveram seus momentos de glória! Senhoras de “peso” e donzelas rechonchudas ficaram imortalizadas em quadros de grandes pintores renascentistas. – Não tomem esta observação como elogio à obesidade, mas apenas como exemplo da volubilidade da moda. E da capacidade que tem de transformar pessoas em fantoches. Se um famoso estilista assinar um modelo tipicamente circense será o maior sucesso. Com certeza faltará silicone para arredondar as pontas dos narizes femininos.
 Após anos de ostracismo, os seios voltam à moda, siliconados. Com formato, até mesmo, de bolas de futebol. Haja coragem para implantar silicone, essa substância estranha, no corpo. Estranha inclusive, porque a aparência, muitas das vezes, é das mais bizarras.
Nada contra beleza e elegância. Mas, sim, contra a aceitação acrítica da moda que une o ridículo ao grotesco e, o que é pior, à sua idolatria (à qual viveram subjugadas nossas ancestrais). Oportuno é observar as frequentes mortes ocorridas por ocasião de cirurgias estéticas.
Mais recentemente, optou-se pelo uso do tipo de traseiro saliente, o qual deixa a mulher com o corpo desfigurado e semelhante ao das formigas da espécie Tanajura. Já é tempo perceber que a libertação feminina é mais do que uma “visão”, mas, uma realidade que se implantou a duras penas através dos anos. E meditar na Palavra de Deus quando afirma que foi para a “liberdade que Cristo nos libertou.” Portanto, devemos permanecer firmes e não nos submeter novamente ao “jugo da escravidão.” Gálatas 5:1.

















domingo, 25 de setembro de 2016

Trecho extraído do livro Mensageiras da Ressurreição

           A IGREJA, CORPO DE CRISTO, E SUA MISSÃO 

A igreja aparece, portanto, como o canal de comunicação
entre o Senhor ressuscitado e o novo mundo
(lembrar que com Cristo tudo se fez novo), e bem definida
nos Evangelhos como o Corpo de Cristo. O apóstolo
Paulo, ao falar aos Colossenses sobre o que padecia nos
combates que travava por eles, amplia a sua mensagem
acrescentando: Na minha carne cumpro o resto das aflições
de Cristo, pelo seu corpo que é a igreja. (1.24b). Na
carta aos efésios, fala sobre as bênçãos de Deus sobre Jesus
Cristo, que o constituiu como cabeça da igreja, que é
o seu corpo. (22b e 23).
Cristo, depois de exaltado, atua neste mundo por
meio da Igreja pela Palavra, pelo sacramento e por meio
da missão dos cristãos que, ao agirem e se manterem em
comunhão, passam a viver de conformidade com o plano
que o Altíssimo tem para nós. Assim, em certo sentido,
a Igreja reflete o caráter divino, e mostra-se como a imagem
de Deus. É pela comunhão dos crentes, homens e
mulheres, que a igreja – comunidade eterna constituída
por um povo escatológico - pode vivenciar no presente a
futura realidade do Reino de Deus. Esta é a sua missão.
Ao meditar nessa correta definição de Igreja, perguntamos:
como pode a Igreja, Corpo de Cristo, fazer jus a
esse nome ao apresentar-se fragmentada sem a participação
ativa e conjunta das mulheres ao lado dos homens em
todos os aspectos do serviço cristão? Os responsáveis por
essa fragmentação dão provas de não reconhecerem, até
hoje, a autonomia espiritual das mulheres, e demonstram,
por esse proceder, que não possuem, ainda, uma consciência
clara do que seja a Igreja, como o Corpo de Cristo. ((Continua).

quinta-feira, 15 de setembro de 2016

                               
                               PAÍS SANGUINÁRIO

                                                               Rachel Winter

Entre os campeonatos já conquistados pelo Brasil, como o de melhor carnaval do mundo e o de campeão do mundo no futebol, agora, conquistou um título que o mantém permanentemente no pódio: o de campeão mundial de homicídios, 59,5 mil, em 2015. Certamente, é também o país onde existe o maior número de menores criminosos – os chamados “di menor”. Os maiores de idade não deixam por menos, são autores das mais diversas espécies de crimes; além de assassinatos, estupros, arrastões, torturas, assaltos a residências, a caminhoneiros, a Bancos, inclusive com explosão de caixas eletrônicos, a estabelecimentos comerciais, latrocínios - roubos seguidos de morte - mesmo quando a vítima não reage e entrega-lhes os seus bens.
Os maiores de idade concorrem com os menores na prática da  violência contra as mulheres e, também, no número de assassinatos e roubos. Na maioria das vezes são os próprios maridos, ex-maridos ou companheiros, os autores desses homicídios, apesar da Lei Maria da Penha de proteção à mulher.
Certamente, os maiores de idade não perdem para os “di menor”, nesse jogo mortal, haja vista, a permanente lotação dos presídios brasileiros; locais onde rebeliões são frequentes com atrocidades como degola de companheiros e outras barbaridades. São maus exemplos para a juventude e, até mesmo, muitos são os próprios aliciadores desses jovens para o tráfico de drogas e cumplicidade nos delitos.
As estatísticas comprovam. Segundo dados do 9º Anuário Brasileiro de Segurança Pública, em 2015, aconteceram 59,5 mil assassinatos no país. E, sabemos que esses números não englobam a totalidade dos fatos, pois, muitos nem são computados. Além disso, os crimes de omissão das autoridades não aparecem aí, nem os de corrupção de políticos ou empresários. É sangue escorrendo de alto abaixo da Pirâmide Social. Não adianta querer amenizar os fatos. O político que rouba o dinheiro do povo é tão criminoso quanto os que já estão trancafiados nas prisões, pois, está matando milhares de pessoas ao surrupiar o dinheiro destinado à saúde pública, além de contribuir para o aumento do analfabetismo de crianças e jovens, além de deixar o povo à mercê dos bandidos, ao apossar-se do dinheiro destinado à segurança pública. Assunto esse que, de tão batido, tornou-se uma espécie refrão popular. Qualquer brasileiro, por mais simples e inculto que seja, conhece esses problemas sociais do país; menos grande parte dos políticos.
Acidentes como o acontecido em Mariana, Minas Gerais, onde a cidade de Bento Rodrigues foi completamente destruída pela lama que escorreu devido à queda de barragens de mineradoras, na qual 19 pessoas morreram e outras continuam desaparecidas, não entram nessas estatísticas. Nesse acidente famílias perderam suas casas e todos os seus bens. Será que esse fato aparecerá nas estatísticas como crime de omissão e crime ambiental ou simplesmente como acidente?
Existe, também, a chamada Máfia da Merenda Escolar. Administradores roubando o dinheiro destinado a essa finalidade, sem se preocupar com a baixa qualidade nutricional dos alimentos para jovens e crianças de famílias de baixa renda.
Mas, nem tudo está perdido, um vento de esperança está varrendo o país, com a instalação da investigação pela Polícia Federal, da Lava Jato, comandada pelo juiz Sérgio Moro. Dezenas de políticos, empresários e administradores já estão condenados e presos e outros tantos aguardando julgamento. Realmente, um movimento de moralização do país.
Mas, acima de tudo devemos crer no poder de Deus para abençoar a nação e torná-la um exemplo de moralidade e justiça social. As igrejas cristãs, históricas, pentecostais e neopentecostais fazem o abençoado trabalho de clamar pela vinda do  Reino de Deus ao Brasil, proclamando a Palavra sobre a qual Jesus Cristo disse que “é espírito e vida” e levando multidões a obedecer os mandamentos de Deus, entre os quais está bem claro: “não matarás” e “não furtarás”.



quarta-feira, 17 de agosto de 2016

                                                                           

                              T E M P O  D I F Í C E I S                                           
                                                                                                                                                                                              Rachel Winter

 A carga de obrigações do dia-a-dia, especialmente das mulheres que têm família para cuidar, é bem pesada, todas sabemos. Trabalhar fora, então, apesar da melhora quanto à parte financeira, faz duplicar as preocupações referentes à segurança dos filhos e da casa. São tempos difíceis. Ninguém está seguro em lugar algum. Crimes monstruosos são cometidos por pessoas de qualquer nível social. Ricos, cultos e endinheirados podem transformar-se, de uma hora para outra, em criminosos da mais alta periculosidade, nada ficando a dever aos bárbaros da antiguidade. O curioso de tudo isso é que esse barbarismo recrudesce na chamada sociedade civilizada, às portas do terceiro milênio. A mídia registra diariamente as várias facetas desse enigma. Visto sob o prisma espiritual, parece conter características que a Bíblia registra como as do fim dos tempos. Na Carta a Timóteo, capítulo 3:3, Paulo descreve como seriam os “agentes do mal”, dessa era: “...desafeiçoados, implacáveis, caluniadores, sem domínio de si, cruéis, inimigos do bem...”
                                    “Meu fardo é leve”
Os cuidados com a família atualmente complicaram-se muito. As mulheres necessitam extrapolar suas obrigações normais – que já não são fáceis – como donas de casa, mães e, no trabalho, como profissionais. Têm que ser também agentes de segurança. Passam os dias preocupadas com a segurança dos filhos, da casa, do marido e com a sua própria. Não é por aí que a solução virá.
Observemos como Jesus Cristo tratava o problema humano da insegurança e da preocupação: “Vinde a mim, todos os que estais cansados e sobrecarregados, e eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração; e achareis descanso para a vossa alma. Porque o meu jugo é suave, e o meu fardo é leve.” A solução é trocar as preocupações que o cotidiano traz pela permanente lembrança da proteção oferecida pelo Mestre. Ele nos incitou com insistência a não nos  deixar oprimir pelos problemas do dia-a-dia: “Portanto, não vos inquieteis com o dia de amanhã, pois o amanhã trará os seus cuidados; basta ao dia o seu próprio mal.” (Mateus 6:34). Não devemos, portanto, morrer antes do tempo, porque preocupação e ansiedade trazem doenças e apressam a morte. É comovente o seu anseio de nos ver gozar de paz e tranquilidade e fugir do desespero causado por sentimentos negativos: “Qual de vós, por ansioso que esteja, pode acrescentar um côvado à sua estatura?” (Idem: 6:27).
                                  A era da insanidade
O perigo não provém só da violência explícita. Há como que um complô para divulgá-la e uma incitação ao seu exercício. Uma tentativa de desagregar todo e qualquer comportamento que denote equilíbrio. É o predomínio da insanidade. Filmes, telenovelas, até programas humorísticos e desenhos animados parecem delírios de mentes perturbadas.
A luta por manter a saúde mental e moral da família torna-se cada dia mais árdua. Grande número de mulheres é tomada pelo pânico diante dos perigos circundantes. Outras tantas mergulham em perigoso estado depressivo, pela complexidade dos problemas que enfrentam – ou melhor, que não enfrentam. Essas, ou deixaram de ouvir ou não conhecem as palavras do Evangelho, que significam “boas notícias”. E que falam de um mundo de paz e prosperidade.  Palavras cuja força deu origem ao universo e que têm poder para destruir todo o mal. Palavras que são espírito e vida, como disse o Senhor Jesus.







domingo, 31 de julho de 2016

O SEXO COMO ESPETÁCULO

                                            O SEXO COMO ESPETÁCULO

                                                                                                                                          Rachel Winter

Na década de sessenta, a juventude almejava o amor livre. Essa liberdade viria, segundo pensavam os jovens daquela época, a resolver todos os problemas de relacionamento entre os casais. Na sua ingenuidade e inconsequência, características da idade, acreditavam, desse modo, que acabariam os casamentos de fachada que aparentam uma felicidade inexistente, bem como a infidelidade conjugal, a falta de respeito entre os cônjuges e outros problemas. Seria só namorar e “juntar-se” para o casalzinho viver feliz para sempre. Havia uma aura de romantismo sustentando essas idéias, e uma vontade de ser feliz e de fazer o outro feliz. Segundo parece, a legalização do casamento perante o juiz é que tiraria o toque saudável, romântico e mágico da união, fazendo com que o casal se sentisse “amarrado” para sempre, em vez de feliz para sempre, como deve ser. Mas a solução não seria tão simples assim.
Fuga da realidade – Usando uma expressão muito em voga naquela época, podemos dizer que esses ideais falsamente românticos representavam uma “fuga da realidade”. Só que as pessoas não se davam conta disso. Curiosamente, usavam muito essa expressão mas não conseguiam reconhecer que era isso mesmo que estavam fazendo – fugindo da realidade, ao desejar o amor livre. Acrescente-se e enfatize-se: amor livre principalmente de responsabilidades. Em qualquer de nossos atos, seja concernente à vida sexual ou não, a realidade jamais se encontra desvinculada da responsabilidade. Esse é um item que nunca pode ser ignorado.
No que deu - Realmente, concretizou-se o ideal do amor livre – mas  acompanhado de um sabor um tanto amargo e inesperado. As coisas não aconteceram como imaginadas nos tempos de sua idealização. Suas conseqüências, hoje, ultrapassam os limites da imaginação, pois as pessoas chegaram a perder o domínio sobre sua vida íntima. É grande o número das que são teleguiadas pela indústria do sexo e da pornografia; a liberdade pessoal parece perdida, porque o comportamento sexual tornou-se padronizado. E, mais uma vez, constata-se através dessa experiência, a capacidade que tem o ser humano de degenerar-se moralmente. Da liberdade romântica, desejada a princípio, passou-se para outros tipos de experiências como a do casamento aberto, em que marido e mulher podem ter suas aventuras extraconjugais sem que isso seja considerado infidelidade. Ainda mais, práticas que em outros tempos só eram vistas em prostíbulos passaram a ser aceitas com naturalidade por pessoas de boa família. Sexólogos as estimularam e ainda as defendem, ao lado da mídia que as divulga, exemplifica e dá instruções de como proceder, através de “literatura” obscena e licenciosa.
Espetáculo circense - Mas isso ainda não é tudo, a prática sexual transformou-se em atração, em espetáculo para ser assistido através da televisão e no cinema. E que também pode acontecer em locais inusitados como dentro de elevadores ou nas praças, segundo sugerem as publicações da indústria do sexo.
Uma amostra disso foi vista na televisão mexicana, num de seus programas tipo reality-show, que mostrou cenas de sexo explícito, e cuja notícia foi divulgada num noticiário da TV brasileira, acompanhada das respectivas imagens. Sem qualquer tipo de pudor, o casal, completamente alheio ao fato de estar sendo visto por milhares de pessoas, mantém relação sexual sem sequer cobrir-se com um edredom, como fazem os integrantes dos reality-shows da televisão brasileira – ainda que o uso de uma coberta pouco altere a indignidade do espetáculo. Nesse momento, em que a intimidade de um casal transforma-se em uma espécie de atração circense, chega-se a pensar que até mesmo a barreira que separa o ser humano dos seres irracionais desapareceu. E o pior é que há espectadores para esse tipo de espetáculo, os chamados voyeurs.
Mas ainda resta esperança, pois se muitos são os que agem como robôs, há ainda milhões de pessoas que têm conhecimento do respeito que se deve ter pelo corpo humano, por ser morada do Espírito Santo de Deus. Por meio desse povo – cristão - formado por “reis e sacerdotes para Deus”, (Apocalipse 1:6), manter-se-á imorredoura a chama da dignidade humana.

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sábado, 18 de junho de 2016

Predomínio da Insanidade

                                 PREDOMÍNIO DA INSANIDADE         
                                                                                                                                                                                       Rachel Winter

Estamos vivendo a era da insanidade. À par da insegurança gerada pela criminalidade, nas grandes e pequenas cidades e o surgimento dos mais sinistros tipos de crime, inclusive a corrupção entre os políticos, outro fator de desconforto ronda a sociedade. Trata-se do interesse inexplicável por explorar o universo da loucura e, mais estranho ainda, uma espécie de complô para divulgá-la; numa tentativa de desagregar todo e qualquer comportamento que denote equilíbrio.
É o predomínio da insanidade mostrado em filmes, telenovelas, programas humorísticos, desenhos infanto-juvenis, games e até brinquedos - especialmente para os meninos, monstruosos assassinos saídos das telas do cinema e da televisão. Observado, também, na aparência das pessoas e no modo de vestir. Quanto mais asquerosa a aparência, melhor. Cultiva-se o feio, o aterrorizante, o nojento.
Filmes tipo mentes criminosas, canibalismo, serial killer proliferam no cinema. Está em alta tudo o que se refere à loucura. A demência passou a ser a musa inspiradora, também, dos estilistas. Modelo de roupa que não compõe uma aparência extravagante não serve. Desfile de moda se assemelha muito a desfile circense. Não entendo como as pessoas conseguem assisti-los sem cair na gargalhada. Já apareceu até modelo, desfilando graciosa e elegantemente, com um chapéu em forma de galinha. E todo mundo conseguiu permanecer sério. Não sei o que o estilista quis dizer com isso.
Ao passo que, programas televisivos tipo vídeo-cacetadas são considerados engraçados.  Personagens e fatos são reais: crianças, bebês e adultos, batem com a cabeça na parede, caem de bicicletas, despencam ladeira abaixo enquanto os telespectadores se divertem. Note-se que brigas de galo e trabalho de animais em circo foram proibidos. Felizmente! Contudo, não foram criadas ainda leis de proteção às pessoas, para que os acidentados deixem de servir de diversão ao público. Já vi acontecer acidentes na rua e a reação das pessoas foi a mesma que diante da telinha. Uma pessoa ferida ao acidentar-se é motivo de riso. A dor alheia virou espetáculo hilário. Raros são os transeuntes que param para ajudar alguém que sofreu uma queda; a maioria olha, ri e passa.
E, tem mais, nas novelas televisivas a moda agora é mulher criminosa. Já apareceu até serial killer como protagonista de novela no horário das 21 horas. Foi um sucesso. Mulheres assassinas ou que cometem as mais diversas espécies de crime estão em alta na telinha. Vingança é o tema preferido pelos autores novelísticos. Os quais ensinam que ofensas, frustrações e desilusões têm que ser lavadas com sangue. Xingamento e bofetadas completam o cenário. Na maior parte do tempo, os personagens trocam insultos entre si independente do grau de parentesco, seja com pais, mães, esposas, filhos. O núcleo familiar parece um estádio de futebol no momento de jogo entre Brasil e Argentina. É palavrão pra todo lado. Chega a ser cansativo.
Coincidentemente, o noticiário das páginas policiais relatam crimes que parecem inspirados nesses extenuantes temas de horror.
MULHER TANAJURA – Não é só o modo de vestir das mulheres e dos homens que denota essa característica de demência da sociedade. O corpo feminino vem sofrendo mutações por meio de cirurgias plásticas para aumento dos glúteos. Se o objetivo é tornar a mulher semelhante àquelas formigas da espécie Tanajura, o êxito tem sido total. Quanto aos seios, só faltam explodir – às vezes explodem mesmo – e chegam a ponto de competir em volume com bolas de futebol. A deformação do corpo feminino pode ser indício da deformação mental, da insanidade, que está tomando conta da sociedade.
A modernidade da qual se orgulham as contemporâneas de mente aberta (?) absorveu o espírito circense, deformou o corpo feminino e, em lugar da figura da mulher barbada ou mais gorda do mundo que lá se encontrava, criou a mulher Tanajura. Não é mais necessário pagar ingresso no circo para ver a figura caricatural da mulher. É só andar pelas ruas ou ligar a televisão.
A aparência dos homens, também, se encontra alterada. De repente, grande parte deles, parece que acordou sob o efeito de uma metamorfose, tal como aconteceu com o personagem da novela de Kafka, (Metamorfose), o qual, um dia, acorda transformado num inseto horrível. Mutação involuntária, diga-se de passagem; enquanto que os contemporâneos escolheram livremente manter a aparência bizarra semelhante a de doente mental. Colares, brincos, tatuagens, piercings, cabelos espetados e lá vai ele, o protótipo do homem moderno, todo pimpão, desfilando a sua inconsequência.
Houve tempo em que o interesse do público voltava-se para histórias dos que se destacavam como benfeitores da humanidade, para os grandes gênios da ciência, da filosofia, da literatura, os heróis nacionais ou os pequenos heróis do dia-a-dia, por seus atos de generosidade, honestidade, lealdade. Agora, o interesse é saber o que se passa na mente dos loucos-criminosos e quanto mais bárbaros mais interesse despertam. De quem será a responsabilidade? Do público ou dos manipuladores desse lixo cultural?
Uma coisa é certa, a educação no país tem sido tratada como material descartável. Verdadeiro monturo. Mas, como os descartáveis podem ser reciclados, resta a esperança que ocorra essa transformação salvadora na educação em nosso país, sob as bênçãos de Deus. Então, o interesse das pessoas se voltará para o que é vital e luminoso e não para simulacros de morte e trevas. 

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sábado, 4 de junho de 2016

                                                   
                           MAMÃE ONDE ESTÁ VOCÊ?

                                                                   Rachel Winter
Quem já teve oportunidade de reparar no olhar de uma criança abandonada há de ter percebido o que significa solidão. E há de concordar que a criança abandonada pela mãe ou órfã, criada em orfanato ou na sarjeta, como menino ou menina de rua, representa o protótipo da solidão humana. Não existe solidão maior que a solidão de uma criança. Isso porque ela não pode, por sua falta de vivência e de estrutura emocional, encontrar consolo em outros fatores – para não se sentir só - como sucede com os adultos. O adulto está preparado para substituir, por exemplo, os pais, quando estes faltam, pela presença dos filhos e do cônjuge. Encontra alegria, também, no trabalho, e na sua conseqüente realização profissional, bem como no ambiente familiar em geral, com irmãos, tios, primos.
A criança abandonada, porém, possui um buraco no coração. Pois, para o bebê, o contato com a mãe é que o leva ao aprendizado da convivência humana e ao desenvolvimento da própria afetividade. A figura materna é a ponte que liga a criança ao mundo. A criança sem mãe é como uma planta sem raiz. Ela precisa do amparo emocional e material de todos nós, toda a sociedade deve colaborar no sentido de ajudá-la. Os orfanatos encontram-se cheios desses pequeninos     ávidos de companhia humana que lhes dê amor e carinho, como também os ampare materialmente.
Só quem convive com uma criança sabe a alegria que isso representa.
A vida se torna mais plena e toma um sentido maior. Algumas pessoas têm medo do trabalho que uma criança possa dar, mas, ignoram a recompensa em alegria e plenitude de vida que ela traz. Nada na vida se faz sem esforço e trabalho. Por que criar uma criança seria diferente? Penso que quem hesita em ter filhos por motivos tais ou em adotar uma criança por esse ou qualquer outro temor, está perdendo tempo. Abraçar uma vida, bênção inigualável!
  












sábado, 30 de abril de 2016

                                   “AMARGA INVEJA”                     
                                                                         Rachel Winter
São inúmeros e bem conhecidos os relatos bíblicos que tratam das tragédias originadas por esse sentimento perverso chamado inveja. Basta lembrar que foi a causa do primeiro homicídio registrado na Bíblia; quando Caim matou Abel, porque Deus não se agradou de sua oferta, mas da de seu irmão. (Gênesis 4). Bem se vê, a inveja pode permear qualquer relacionamento, mesmo aquele que deveria ser, por definição, afetivo. Transforma os laços (de ternura...?) familiares ou de amizade em armadilhas que podem ser mortais. E, por incrível que pareça, embaraça até relacionamentos entre mãe e filhos. E o mais assombroso é quando se verifica que esse filho é ainda um bebê! Foi o que se viu, há algum tempo, em Curitiba: uma mãe, de dezessete anos de idade, torturava o seu bebê, de apenas 4 meses de vida. O motivo, segundo suas próprias palavras, era inveja da atenção que a família e as visitas dispensavam à criança. Ela não aguentava ouvi-los dizer diante do berço: Que gracinha! Tão bonitinho! E outras palavras de carinho e admiração pela criança, fazendo a mãe sentir-se em segundo plano.
Não se sabe como a criança sobreviveu, pois já tinha calos em alguns ossos do corpo, que haviam sido fraturados e teriam solidificado mesmo sem atendimento médico, tudo isso causado pelos maus-tratos infligidos pela mãe. Mais chocante ainda é saber, segundo opinião de psiquiatras, que muitos dos crimes praticados com requintes de crueldade são de autoria de pessoas consideradas mentalmente normais – que sabem muito bem o que estão fazendo. No caso da mãe, denunciada por parentes, foi condenada pela justiça a alguns anos de prisão; contudo nesse caso foi considerada pelos psiquiatras como débil mental. Retardada, mas, não louca.
Será que pessoas mais inteligentes não se enquadrariam entre os que têm ciúme dos próprios filhos? – Ciúme e inveja andam de mãos dadas. - Quantos pais manifestam ciúme do filho recém-nascido por causa da atenção que a mãe passa a  dispensar à criança! E seriam todos débeis mentais? Certamente que não.
O apóstolo Tiago [3:14-15] discorrendo sobre a inveja, diz: “Mas se tendes amarga inveja, e sentimento faccioso em vosso coração, não vos glorieis, nem mintais contra a verdade. Essa não é a “sabedoria” que vem do alto, mas é terrena, animal e diabólica.”
Perturbação e perversidade – A sociedade sempre enalteceu a mulher como mãe; ainda que a desprezasse como cidadã e a mantivesse marginalizada como “segundo sexo” - expressão cunhada pela pensadora francesa Simone de Bouveau. A idéia que se fazia da mulher (segundo preconceitos antigos) era de um ser meigo e frágil; mãe por excelência, (tal como se pensa até hoje) ainda que incapaz de dirigir a sua própria vida – incapaz igualmente, dada sua bondade natural, de cometer atrocidades como as praticadas pelos homens, como observamos no decorrer da História e tal como a prática diária nos mostra. Como se vê, idéias permeadas de preconceitos e tabus. É difícil redirecionar esse olhar e reconhecer que a mulher pode ser tão cruel quanto o homem. E que, movida pela inveja, ou por outros sentimentos devastadores, como o ciúme, seja capaz de praticar crimes hediondos. Na realidade, para o bem e para o mal, ambos estão em igualdade de condições, tanto o homem quanto a mulher correm paralelos quando se trata de praticar o mal. A bondade ou a maldade independem de gênero. A questão é puramente pessoal, individual.
Educação cristã – Nesse sentido, a educação das meninas merece a mesma atenção que a dos meninos no que se refere à prevenção da agressividade e da violência. Necessita ser alicerçada no amor conforme ensinou e praticou o Mestre dos mestres – Jesus Cristo. É no amor cristão, a verdadeira Rocha sobre a qual deve alicerçar-se qualquer processo educacional. Todas as pessoas precisam daquele ‘conhecimento que vem do alto’, para aprender a crescer como ser humano para não viver num relacionamento dilacerante, animalesco e diabólico com seu semelhante. A mulher – mãe, por natureza – deve reconhecer-se o mais cedo possível como guardiã da vida. Conscientizar-se de seu papel de “depositária fiel” da herança do Senhor, que são os filhos. Sem a direção que nos dá a palavra de Deus, a luta que todos fatalmente têm que travar para vencer a si mesmos será inglória. Sem perda de tempo, deve-se começar na infância o ensinamento para a prática do amor cristão. Uma vez que Deus ama a todos da mesma maneira, sem as exceções baseadas em parâmetros humanos.
O combate à inveja torna-se um dos principais alvos a ser alcançado em se tratando de educação infantil. Para alcançá-lo os próprios pais precisam ser os primeiros a não cultivar esse sentimento
‘animal e diabólico’, pois, onde há inveja há perturbação e toda obra perversa, como nos adverte o apóstolo Tiago. Outra coisa a ser lembrada é que os filhos são reflexo dos pais. Há muito que meditar sobre esse assunto.







domingo, 24 de abril de 2016

                                   AVAREZA É IDOLATRIA

                                                                           Rachel Winter
 A avareza – sovinice, pão-durismo – é um defeito com um aspecto cômico, que chega a mascarar o seu caráter maligno. Dentre as fraquezas humanas é uma das mais caricaturáveis, tanto no cotidiano, como na imprensa e na literatura mundial, onde inspirou obras-primas,como David Coperfield, de Charles Dickens. No dia-a-dia, deparamo-nos frequentemente com aquele tipo de pessoa que não empresta nem dá nada pra ninguém, sequer um trocado para um mendigo com a desculpa de que é vagabundo. Nega-se, de cara fechada, a prestar uma simples informação. Vive num mundo minúsculo. Esse defeito, muito explorado pelos humoristas, é mais perigoso do que se imagina. A Bíblia é categórica a seu respeito: “Porque bem sabeis isto: que nenhum fornicário, ou impuro, ou avarento, o qual é idólatra, tem herança no reino de Cristo e de Deus”. (Efésios 5:5).
Diferente de economia - Evitar desperdícios em qualquer setor da vida é sinal de bom senso. Mas sem neurose! Sem chegar a ponto de colocar a vassoura atrás da porta quando parentes ou conhecidos vêem “fazer uma boquinha”. A diferença entre economia e avareza é o sentimento de apego ao dinheiro em si, como um valor absoluto e não como meio de troca. Quem é sovina, seja rico ou pobre, sofre demasiadamente na hora de gastá-lo, mesmo com coisas fundamentais. É como se estivessem arrancando-lhe parte do corpo na hora de despendê-lo ou desfazer-se de algum objeto valioso. Os exemplos são inumeráveis, alguns bem trágicos: num edifício que desabou, há anos, numa das praias do Paraná, enquanto os moradores fugiam, uma senhora resolveu voltar para pegar o carro na garagem, apesar dos avisos dos circundantes sobre o perigo iminente. Ficou soterrada. Trocou a vida por um carro... Outra, ao ser assaltada num sinaleiro, resistiu. O tiro disparado pelo trombadinha acertou-a mortalmente. Trocou a vida por uma corrente de ouro...Casos como esses mostram quais os verdadeiros objetos de adoração de seus protagonistas. Entre a bolsa e a vida – inacreditável - muitos preferem a bolsa.
Não eram dessa espécie, certamente, as mulheres que ajudavam a Jesus com seus bens: “Joana, mulher de Cuza, procurador de Herodes, e Suzana e muitas outras que o serviam com suas fazendas.” (Fazendas, aqui, significa bens ou dinheiro). (Lucas 8:3). Eram, sim, movidas pelo altruísmo e pela generosidade resultado de uma fé verdadeira. Graças a pessoas dessa estirpe é que a igreja se mantém - materialmente. São o seu sustentáculo em todas as épocas.
Ao nível da loucura - “Os furtos, a avareza, as maldades, o engano, a dissolução, a inveja, a blasfêmia, a soberba, a loucura. Todos estes males procedem de dentro e contaminam o homem”. (Marcos 7:23-23). Um pouco antes, no versículo 15, Jesus Cristo explicara que somente o que “sai” do homem contamina-o. É o caso da avareza, que faz com que a pessoa procure se isolar para fugir a qualquer partilha, mesmo afetiva, quanto mais social ou material. É como se vivesse de quarentena, vítima de mal contagioso.
Ao lado da prostituição - “Mas a prostituição, e toda a impureza ou avareza, nem ainda se nomeie entre vós, como convém a santos.” Esta citação se encontra em Efésios 5:3, onde se vê este sórdido apego ao dinheiro colocado ao lado da prostituição. Sem apelação, a Bíblia condena a avareza - uma das mil faces da idolatria - em mais ou menos 34 citações entre o Velho e o Novo Testamento.





quarta-feira, 13 de abril de 2016

                                       MULHERES ESPANCADAS
                                                                                                                                                                                  Rachel Winter
Dados estatísticos revelam que, a cada 15 segundos, uma mulher brasileira é espancada. Este fato vem, certamente, surpreender a todos que acreditam que com leis tão progressistas para proteção dos direitos femininos, costumes bárbaros como agressão física haviam sido banidos da sociedade. Grande engano, como se vê. Conforme observou a secretária dos Direitos da Mulher, Solange Bentes: “A violência contra a mulher tem uma conotação cultural muito forte, em nosso país.”
Esse registro chocante sobre agressões à mulher, consta de um levantamento feito a partir de 1985, e que se encontra no chamado Relatório Nacional Brasileiro, lançado, ainda, no governo do presidente Fernando Henrique Cardoso. E, como seria de esperar, setenta por cento dos incidentes acontecem dentro de casa e o agressor é o próprio marido ou companheiro da vítima.
Tortura no lar – Deve ser bem triste a vida no lar em que o marido costuma agredir mulher e filhos. (Marido violento, geralmente, é pai violento). Num ambiente assim, de permanente tensão, o medo é o denominador comum, como numa prisão, tipo Carandiru, Bangu e assemelhadas; sem exagero, pois pancada machuca, mutila e causa dor, venha da parte de quem vier, carcereiro, marido ou pai, e aconteça na penitenciária ou no “lar”.
Quanto aos filhos, independente de serem ou não agredidos, são marcados por seqüelas psicológicas que os acompanham pelo resto da vida, traumatizados pela visão das cenas do pai atacando a mãe. É dor que nunca acaba. São feridas incuráveis que ficam no coração dos filhos, na mente torturada da mulher ou nas mutilações físicas de que muitas delas são vítimas.  Que filho poderá esquecer os gritos de dor da mãe, ou a visão da face transtornada pelo ódio, do pai agressor?
Em briga de marido e mulher... - E pensar que, até pouco tempo, a sociedade fingia que não via o fato de os maridos baterem nas esposas. A polícia interferia apenas quando a agredida quase morria ou vinha realmente a morrer. Ninguém a defendia, pois era voz geral que em briga de marido e mulher ninguém mete a colher. Foram séculos de agressão impune e ignorada e de sofrimento silencioso. Hoje, pode-se creditar a essa violência contra a mulher, nos lares, a má fama que cerca o casamento entre pessoas do mundo, e o número crescente de divórcios. Se a vida em família, historicamente falando, tivesse sido muito boa, a liberdade e os direitos adquiridos pela mulher atualmente não teriam força suficiente para ameaçar a instituição do casamento, como se vê acontecer. Serviriam, esses avanços, ao contrário, para aperfeiçoá-lo, e levar o casal a ter uma vida em comum mais plena, como acontece no meio evangélico, entre pessoas verdadeiramente cristãs. Note-se, entre as verdadeiramente cristãs e não apenas evangélicas denominacionais. Entre aqueles casais que pautam sua vida pela palavra de Deus, que exorta os maridos a amar as suas mulheres como também Cristo amou a igreja, e a si mesmo se entregou por ela.” (Efésios 5:25). E diz mais: “Quem ama a sua mulher, ama-se a si mesmo. Porque nunca ninguém aborreceu a sua própria carne; antes a alimenta e sustenta, como também o Senhor à igreja.”[28b e 29].
Precisa dizer mais alguma coisa?





sexta-feira, 8 de abril de 2016

                                     Adultério Versus Pena de Morte
                                                                                  
                                                                           Rachel Winter

Difícil acreditar que ainda exista, em algum país do mundo, pena de morte para punir mulher acusada de adultério. Mas existe, e a Nigéria, localizada ao norte da África, é um deles. Esclareça-se, porém, que é a lei da sharia, do código penal islâmico, que determina essa penalidade e não a Constituição nigeriana, à qual o seu emprego constitui uma violação. Mas, como a Nigéria, país mais populoso da África, acha-se entre os estados onde predomina a religião muçulmana, a lei da sharia está em permanente confronto com a Constituição do país.
Triste situação - O caso da nigeriana, Amina Lawal, condenada à morte por apedrejamento, porque praticou adultério, e que foi acompanhado passo a passo pela imprensa mundial, deixou o mundo pasmo e em cruciante expectativa. Felizmente, acabou bem, a Justiça decidiu absolvê-la porque julgou que ela não havia tido oportunidade de se defender. E, com certeza, pesou muito na absolvição o clamor das entidades de direitos humanos de diversos países.
Essa mulher, de 30 anos de idade, estava separada do marido quando engravidou do namorado que não queria o bebê. Uma semana depois de a criança nascer, Amina foi presa por adultério, e o fantasma da morte por apedrejamento, chamado de lapidação, passou a ameaçá-la. Nesse tipo de pena, a pessoa é enterrada até a cintura e apedrejada até a morte. A curiosidade, natural num caso como esse, nos leva a indagar o seguinte: se isso realmente tivesse acontecido, será que o namorado iria assistir à execução de sua “amada” e vê-la despedir-se da filhinha, fruto desse “amor”? Seria ele capaz de atirar a primeira pedra contra ela? Tal pergunta, do tipo irrespondível como aquela do escritor Machado de Assis, que indagou, através de um de seus personagens: ”Mudou o Natal ou teria mudado eu”? - não é realmente a que interessa, pode vir a interessar a algum produtor cinematográfico. A que nos interessa mesmo é a que foi dada por Nosso Senhor Jesus Cristo, em caso semelhante ao de Amina Lawal, relatado no capítulo 8 do Evangelho de João. Nesse texto, conta-se que os escribas e fariseus levaram a Jesus Cristo uma mulher “apanhada no próprio ato adulterando” e perguntaram-lhe se ela deveria ser apedrejada, tal como mandava naquele tempo a lei mosaica; Jesus Cristo, após alguns minutos em silêncio, respondeu-lhes: “Aquele que dentre vós está sem pecado seja o primeiro que atire pedra contra ela.” Ao ouvir isso, os acusadores foram-se retirando até que permaneceu somente a acusada diante de Jesus, que lhe perguntou: “Mulher, onde estão aqueles teus acusadores? Ninguém te condenou? Ao que ela respondeu: Ninguém, Senhor. E disse-lhe Jesus: Nem eu também te condeno: vai-te, e não peques mais.
Jesus condenou o pecado do adultério, exortando a adúltera a não pecar mais, contudo, perdoou-a e salvou-a da morte. Aliás, o que se poderia esperar daquEle que veio para nos trazer “vida e vida em abundância” ? e que é chamado de “o amor de Deus”, e de “o cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo? – só libertação, perdão e vida em toda a plenitude de seu significado, indubitavelmente.
Exemplo divino – São tantas as lições a serem tiradas dessa atitude de Jesus que é impossível comentá-las todas neste espaço. Mas que fiquem em destaque ao menos duas delas: a primeira, que não devemos julgar os nossos semelhantes e muito menos condená-los, pois o julgamento pertence a Deus, e Deus é sempre compassivo e misericordioso. Devemos, sim, batalhar pela regeneração dos que erram, exercitando o perdão, e procurando ganhá-los para Cristo. Quanto à Justiça terrena, no desempenho de sua função de julgar e punir, ao lançar mão de castigos cruéis e desumanos estará prestando um desserviço à sociedade. Se cabe à Justiça determinar que os desonestos e os criminosos sejam separados do convívio das pessoas de bem, a fim de protegê-las, não está certo impingir-lhes castigos cruéis. Agindo assim estará tornando-os ainda mais ferozes e perigosos. Os que transgridem a lei precisam pagar pelos seus crimes, sem dúvida alguma, mas, tendo-se em vista possibilidade de sua reintegração à sociedade. E pena de morte, jamais!
A segunda lição é a que se refere à libertação feminina e ao crescimento da mulher nas sociedades que foram alcançadas pela mensagem da cruz. (Repito, incansavelmente, Jesus Cristo foi o responsável pela emancipação feminina, tal como se observa hoje no mundo ocidental, quando afrontou os costumes daquela época, que oprimiam e escravizavam a mulher).
 Se compararmos a situação da mulher dos países cristãos com a da mulher dos países não-cristãos veremos que a diferença é gritante.O atraso em que vivem estas últimas evidencia-se pela pouca ou nenhuma expressão que possuem no nível social ou político e, até mesmo, no âmbito da religião deles. Tudo conseqüência das leis perversas e desumanas que as oprime. A mulher da sociedade ocidental cristã cresceu socialmente, adquiriu cultura, emancipou-se e foi alçada a postos de comando dentro do contexto político e social. Caminha ao lado do homem, em situação de igualdade perante a lei. As outras vivem segundo costumes bárbaros, escravizadas e tratadas como objetos e não como gente. Será que as mulheres cristãs possuem a noção exata do alcance dos benefícios que lhes foram proporcionados por Jesus Cristo, especificamente a elas? A que realmente tiver essa consciência, diariamente, haverá de exclamar: “Bendize, ó minha alma, ao Senhor, e tudo o que há em mim bendiga o seu santo nome. Bendize, ó minha alma, ao Senhor, e não te esqueças de nenhum de seus benefícios. É ele que perdoa todas as tuas iniqüidades, e sara todas as tuas enfermidades; Quem redime a tua vida da perdição, e te coroa de benignidade e de misericórdia. Quem enche a tua boca de bens, de sorte que a tua mocidade se renova como a águia.” (Salmo 103: 1 a 5). Glória a Deus!



segunda-feira, 4 de abril de 2016

   AS TRÊS MULHERES – ESCLARECIMENTO OPORTUNO
Atribui-se a ideia de pecadora, que se apegou ao nome de Maria Madalena, à confusão que popularmente se faz a respeito de três mulheres, citadas no Novo Testa­mento. Primeiramente, por confundi-la com a pecadora (anônima), mencionada no livro de Lucas (7.36-50); por analogia à protagonista do episódio, tida pelo povo como a própria Madalena, foi fácil acrescentar ao seu nome o apelido “Arrependida”. Prova cabal de que, na mentali­dade popular, seu nome tornou-se, sem qualquer base bíblica, sinônimo de pecadora – arrependida.
O texto bíblico faz menção a uma mulher realmen­te tachada de pecadora, que ungiu os pés de Jesus na casa do fariseu, chamado Simão. Esse homem escandalizou-se com a cena, pensando que Jesus não a tivesse reconhe­cido como tal e, por isso, até duvidando que Jesus fosse mesmo um profeta. Mas, o Salvador, que é mais que um profeta, tinha conhecimento disso e, também, do que o fariseu estava pensando.
Os versículos 37 e 38, descrevem-na literalmente como pecadora: E eis que uma mulher da cidade, uma pe­cadora, sabendo que Ele estava à mesa em casa do fariseu, levou um vaso de alabastro com unguento; e estando por detrás, aos seus pés, chorando, começou a regar-lhe os pés com lágrimas, e enxugava-os com os cabelos da sua ca­beça; e beijava-lhes os pés, e ungia-os com o unguento.
Apesar de ter recebido o cognome de pecadora, a mulher cujo nome não é mencionado no Evangelho, seria realmente uma meretriz? Será que as palavras pe­cadora, meretriz ou prostituta, no caso, poderiam ser tomadas como sinônimos? Sobre o assunto, a escritora Lilia Sebastiani pondera de modo oportuno que, se um homem tivesse se aproximado de Jesus, naquele dia, na casa do fariseu, para pedir-lhe o perdão dos seus pecados – um pecador portanto – “ninguém seria levado a pensar exclusivamente em faltas de natureza sexual.” Seria, re­almente, inconcebível. Quem ousaria imaginá-lo envol­vido com prostituição?
Na esteira desse raciocínio, a pesquisadora anali­sando os elementos que compõem a cena e observa:
É muito mais antiga do que o cristianismo a as­sociação mental espontânea mulher-pecado-sexo. Ali se encontravam dois elementos, mulher e pecado, em um clima de acentuada e perturbadora feminilidade. É total­mente instintivo para uma cultura patriarcal identificar a mulher com o sexo e, portanto, a pecadora se torna logo uma prostituta, a mulher “ocasião de pecado” por exce­lência.
Não obstante, ao confundir Madalena com aquela pecadora, e deduzir ser ela (Madalena - ou ambas) me­retriz, pode ocorrer de um mito estar alicerçado sobre outro mito. A malícia humana, como a história de Ma­dalena nos mostra, optou pelo pior. Assim como a esco­lha de Barrabás (Mateus 27.11-31), o qual se livrou da morte, em lugar de Jesus, por escolha do povo, é apenas mais um dentre tantos exemplos bíblicos e históricos da opção humana pelo mal. De igual modo, quanto àquela “pecadora”, não há provas de que o seu pecado fosse o da prostituição; nem que Maria de Magdala fosse meretriz. A outra, das três mulheres era Maria de Betânia –irmã de Marta e de Lázaro, ressuscitado por Jesus. Ela é identificada como a outra mulher que, também, ungiu, os pés de Jesus. Todavia, seu gesto teve finalidade diferente, que não a do perdão dos próprios pecados, esclarecida no evangelho de João (12. 1-11). Reconhecida como Maria de Betânia, no texto joanino, nos outros evangelhos seu nome não é mencionado, mas, apenas narrado o acon­tecimento do qual participou. Ocasião que serviu para demonstrar que ela tinha presciência da morte próxima de Jesus. Inferência obtida pela resposta dada por Jesus, quando Judas Iscariotes, na ocasião, reclamou que se po­deria vender o unguento, que era de altíssimo preço, para dar o dinheiro aos pobres. Disse, pois, Jesus: Deixai-a, para o dia da minha sepultura guardou isto (v.7). Surpre­endente a atitude dessa discípula, aprestando-se a ungir Jesus, por pressentir a proximidade de Sua morte, era um assunto a respeito do qual os outros discípulos pareciam não ter uma noção clara.
A outra das três mulheres, a verdadeira mensageira de ressurreição – Maria Madalena - foi quem, na mente popular, e até mesmo em alguns ambientes eclesiais, teve seu nome fundido com o das outras duas. Ela que, na re­alidade, veio a ser chamada Apóstola dos Apóstolos.
Uma parte da responsabilidade pela fusão dos três nomes em uma só pessoa cabe, também, ao fato de que, durante sé­culos, o povo não teve acesso direto à leitura da Bíblia. Até as primeiras quatro ou cinco décadas do século vinte, no Brasil, eram muito raras as edições das Escrituras em português, e o seu preço, muito alto. No resto do mundo não era muito diferente, à exceção dos Estados Unidos e de alguns países cristãos da Europa, posto que a impren­sa não havia alcançado o alto grau de desenvolvimento que hoje possui e que fez com que o preço dos livros se tornasse mais acessível à população em geral. O anal­fabetismo era outro obstáculo para o conhecimento da Palavra. Outrossim, não se pode esquecer que, na Igreja Católica, a leitura direta da Bíblia era vetada ao povo, o qual, segundo os religiosos, seria incapaz de entendê-la.