O SEXO COMO
ESPETÁCULO
Rachel Winter
Na década de sessenta, a juventude almejava o amor livre.
Essa liberdade viria, segundo pensavam os jovens daquela época, a resolver
todos os problemas de relacionamento entre os casais. Na sua ingenuidade e
inconsequência, características da idade, acreditavam, desse modo, que
acabariam os casamentos de fachada que aparentam uma felicidade inexistente,
bem como a infidelidade conjugal, a falta de respeito entre os cônjuges e
outros problemas. Seria só namorar e “juntar-se” para o casalzinho viver feliz
para sempre. Havia uma aura de romantismo sustentando essas idéias, e uma
vontade de ser feliz e de fazer o outro feliz. Segundo parece, a legalização do
casamento perante o juiz é que tiraria o toque saudável, romântico e mágico da
união, fazendo com que o casal se sentisse “amarrado” para sempre, em vez de
feliz para sempre, como deve ser. Mas a solução não seria tão simples assim.
Fuga da realidade – Usando uma expressão muito em
voga naquela época, podemos dizer que esses ideais falsamente românticos
representavam uma “fuga da realidade”. Só que as pessoas não se davam conta
disso. Curiosamente, usavam muito essa expressão mas não conseguiam reconhecer
que era isso mesmo que estavam fazendo – fugindo da realidade, ao desejar o
amor livre. Acrescente-se e enfatize-se: amor livre principalmente de
responsabilidades. Em qualquer de nossos atos, seja concernente à vida sexual
ou não, a realidade jamais se encontra desvinculada da responsabilidade. Esse é
um item que nunca pode ser ignorado.
No que deu - Realmente, concretizou-se o ideal do
amor livre – mas acompanhado de um sabor
um tanto amargo e inesperado. As coisas não aconteceram como imaginadas nos
tempos de sua idealização. Suas conseqüências, hoje, ultrapassam os limites da
imaginação, pois as pessoas chegaram a perder o domínio sobre sua vida íntima.
É grande o número das que são teleguiadas pela indústria do sexo e da
pornografia; a liberdade pessoal parece perdida, porque o comportamento sexual
tornou-se padronizado. E, mais uma vez, constata-se através dessa experiência,
a capacidade que tem o ser humano de degenerar-se moralmente. Da liberdade
romântica, desejada a princípio, passou-se para outros tipos de experiências
como a do casamento aberto, em que marido e mulher podem ter suas aventuras
extraconjugais sem que isso seja considerado infidelidade. Ainda mais, práticas
que em outros tempos só eram vistas em prostíbulos passaram a ser aceitas com
naturalidade por pessoas de boa família. Sexólogos as estimularam e ainda as
defendem, ao lado da mídia que as divulga, exemplifica e dá instruções de como
proceder, através de “literatura” obscena e licenciosa.
Espetáculo circense - Mas isso ainda não é tudo, a
prática sexual transformou-se em atração, em espetáculo para ser assistido
através da televisão e no cinema. E que também pode acontecer em locais
inusitados como dentro de elevadores ou nas praças, segundo sugerem as
publicações da indústria do sexo.
Uma amostra disso foi vista na televisão mexicana, num de
seus programas tipo reality-show, que mostrou cenas de sexo explícito, e cuja
notícia foi divulgada num noticiário da TV brasileira, acompanhada das respectivas
imagens. Sem qualquer tipo de pudor, o casal, completamente alheio ao fato de
estar sendo visto por milhares de pessoas, mantém relação sexual sem sequer
cobrir-se com um edredom, como fazem os integrantes dos reality-shows da
televisão brasileira – ainda que o uso de uma coberta pouco altere a
indignidade do espetáculo. Nesse momento, em que a intimidade de um casal
transforma-se em uma espécie de atração circense, chega-se a pensar que até
mesmo a barreira que separa o ser humano dos seres irracionais desapareceu. E o
pior é que há espectadores para esse tipo de espetáculo, os chamados voyeurs.
Mas ainda resta esperança, pois se muitos são os que agem
como robôs, há ainda milhões de pessoas que têm conhecimento do respeito que se
deve ter pelo corpo humano, por ser morada do Espírito Santo de Deus. Por meio
desse povo – cristão - formado por “reis e sacerdotes para Deus”, (Apocalipse
1:6), manter-se-á imorredoura a chama da dignidade humana.
rawinter@terra.com.br
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