AVAREZA É IDOLATRIA
Rachel Winter
A
avareza – sovinice, pão-durismo – é um defeito com um aspecto cômico, que chega
a mascarar o seu caráter maligno. Dentre as fraquezas humanas é uma das mais
caricaturáveis, tanto no cotidiano, como na imprensa e na literatura mundial,
onde inspirou obras-primas,como David Coperfield, de Charles Dickens. No dia-a-dia, deparamo-nos frequentemente
com aquele tipo de pessoa que não empresta nem dá nada pra ninguém, sequer um
trocado para um mendigo com a desculpa de que é vagabundo. Nega-se, de cara
fechada, a prestar uma simples informação. Vive num mundo minúsculo. Esse
defeito, muito explorado pelos humoristas, é mais perigoso do que se imagina. A
Bíblia é categórica a seu respeito: “Porque bem sabeis isto: que nenhum
fornicário, ou impuro, ou avarento, o
qual é idólatra, tem herança no reino de Cristo e de Deus”. (Efésios 5:5).
Diferente de economia - Evitar desperdícios em qualquer setor da vida é sinal de
bom senso. Mas sem neurose! Sem chegar a ponto de colocar a vassoura atrás da
porta quando parentes ou conhecidos vêem “fazer uma boquinha”. A diferença
entre economia e avareza é o sentimento de apego ao dinheiro em si, como um
valor absoluto e não como meio de troca. Quem é sovina, seja rico ou pobre,
sofre demasiadamente na hora de gastá-lo, mesmo com coisas fundamentais. É como
se estivessem arrancando-lhe parte do corpo na hora de despendê-lo ou
desfazer-se de algum objeto valioso. Os exemplos são inumeráveis, alguns bem
trágicos: num edifício que desabou, há anos, numa das praias do Paraná,
enquanto os moradores fugiam, uma senhora resolveu voltar para pegar o carro na
garagem, apesar dos avisos dos circundantes sobre o perigo iminente. Ficou
soterrada. Trocou a vida por um carro... Outra, ao ser assaltada num sinaleiro,
resistiu. O tiro disparado pelo trombadinha acertou-a mortalmente. Trocou a
vida por uma corrente de ouro...Casos como esses mostram quais os verdadeiros
objetos de adoração de seus protagonistas. Entre a bolsa e a vida –
inacreditável - muitos preferem a bolsa.
Não eram dessa espécie,
certamente, as mulheres que ajudavam a Jesus com seus bens: “Joana, mulher de
Cuza, procurador de Herodes, e Suzana e muitas outras que o serviam com suas
fazendas.” (Fazendas, aqui, significa bens ou dinheiro). (Lucas 8:3). Eram,
sim, movidas pelo altruísmo e pela generosidade resultado de uma fé verdadeira.
Graças a pessoas dessa estirpe é que a igreja se mantém - materialmente. São o
seu sustentáculo em todas as épocas.
Ao nível da loucura - “Os furtos, a avareza, as maldades, o engano, a dissolução, a inveja, a blasfêmia, a soberba, a loucura.
Todos estes males procedem de dentro e contaminam o homem”. (Marcos 7:23-23).
Um pouco antes, no versículo 15, Jesus Cristo explicara que somente o que “sai”
do homem contamina-o. É o caso da avareza, que faz com que a pessoa procure se
isolar para fugir a qualquer partilha, mesmo afetiva, quanto mais social ou
material. É como se vivesse de quarentena, vítima de mal contagioso.
Ao lado da prostituição - “Mas a prostituição, e toda a impureza ou avareza, nem ainda se nomeie entre vós, como convém a santos.” Esta citação se encontra em Efésios
5:3, onde se vê este sórdido apego ao dinheiro colocado ao lado da
prostituição. Sem apelação, a Bíblia condena a avareza - uma das mil faces da
idolatria - em mais ou menos 34 citações entre o Velho e o Novo Testamento.
Nenhum comentário:
Postar um comentário