A PROIBIÇÃO DE ENSINAR
A interpretação equivocada das palavras de Paulo, registradas
em 1 Timóteo 2.11-13, no sentido de proibir a mulher de ensinar na Igreja, tem
impedido a sua caminhada em direção ao púlpito, segundo a teoria dos
igualitários. A carta paulina exorta: A mulher aprenda em silêncio com toda a
sujeição. Não permito, porém, que a mulher ensine, nem use de autoridade sobre
o marido, mas que esteja em silêncio. Porque primeiro foi formado Adão,
depois Eva. Como devem ser interpretadas tais palavras?
A explicação dos eruditos sobre os versículos 11 e 12, e bem
explanada por Stanley Grenz, faz menção à luta da Igreja contra os falsos
mestres e à propagação de heresias no meio cristão, entre os efésios:
As mulheres de Éfeso eram suscetíveis ao engano dos falsos
mestres e ao envolvimento na propagação de crenças heréticas. Assim sendo, o
apóstolo ordenou a essas mulheres que se abstivessem de ensinar e aprendessem
respeitosamente com os verdadeiros professores.
Essa ordem, bem como a outra dirigida às mulheres da cidade
de Corinto, para que evitassem falar na Igreja, seria uma proibição temporária
porque dirigida a um grupo específico de mulheres. Ironicamente, ao combater
doutrinas heréticas, o apóstolo tornou-se ele próprio vítima - não de crenças
heréticas - mas, de interpretações falaciosas, que vieram a repercutir sobre a
sua memória, fazendo seu nome passar à História associado ao machismo e à
misoginia.
Estudiosos apontam uma contradição na interpretação daquelas
palavras do texto de Efésios, causadoras de milenares polêmicas, contrapostas à
maneira como Paulo aceita e enaltece o trabalho das mulheres cristãs. O texto
de Romanos 16 é, especialmente, apontado como prova dessa realidade favorável
às mulheres, no qual o apóstolo dá mostras de reconhecer a autoridade de muitas
delas na propagação do Evangelho. (Romanos 16.7). Basta observarmos alguns
dados bíblicos sobre o assunto, tais como o fato de Paulo ter aceitado
trabalhar ao lado das mulheres cristãs, sem discriminá-las, antes, enaltecendo
efusivamente o trabalho que realizavam na obra missionária, isto é, a
proclamação da Palavra e ensino com autoridade. O relato de Atos 18.26, dá um
exemplo inconteste a esse respeito, ao mostrar Priscila, ao lado do marido,
Áquila, instruindo Apolo. Sobre o mestrado de Priscila falaremos mais adiante
no capítulo de Atos das Apóstolas.
Febe, Lídia e tantas outras conforme relata o Novo
Testamento, foram dignas de sua confiança a ponto de o apóstolo deixar em suas
mãos a direção de igrejas fundadas por ele. Com grande insistência, Paulo
pedia à Igreja que o acompanhasse no reconhecimento às discípulas (Romanos 16)
pelo trabalho inestimável que realizavam.
Ele trabalhava lado a lado com elas – tal como ao lado dos discípulos
- aceitando, inclusive, e de bom grado, que o ajudassem no custeio de suas
viagens missionárias. Foi, também, na casa delas que muitas vezes abrigou-se ao
sair da prisão, pois, à época, os cristãos sofriam intensa perseguição. Ser
prisioneiro, era quase uma rotina na vida do apóstolo, tanto que Paulo se
intitula, em algumas de suas cartas, prisioneiro de Jesus Cristo (Efésios 3.1;
2 Timóteo 1.8; Filemom 1. 1,9). Em meio às suas tribulações, o apoio feminino
não lhe faltou.
Como suas cooperadoras, será que as discípulas estavam
impedidas de ensinar?
Pelo visto, segundo evidências, a mulher exercia, sim, o
mestrado, fato acatado por teólogos igualitários que interpretam a proibição de
Paulo como sendo de caráter temporário, destinada a resolver problemas momentâneos
enfrentados pela igreja de Éfeso. Urgia livrar a congregação da influência
nefasta das crenças heréticas, as quais estavam sendo disseminadas por aquele
grupo de mulheres suscetíveis ao engano dos falsos mestres. O apóstolo as
exorta, então, a ouvir os seus maridos, certamente cristãos, e não darem mais
ouvidos aos falsos mestres. Assim entendido, o texto de 1 Timóteo não entra em
contradição com o de Romanos 16. Sua interpretação superficial e falaciosa
sim, é a responsável pela polêmica que, até os dias atuais, repercutem de
maneira negativa na Igreja, impedindo a mulher de exercer os seus direitos
cristãos.
Vêm contribuir, ainda, para elucidar a questão outras
opiniões abalizadas de teólogos:
As mulheres devem ser calmas, controladas, respeitando e
confirmando seus professores, em vez de exercerem autoridade autocrática que
destrói suas vítimas. Paulo não está aqui proibindo as mulheres de pregar, orar
e de exercer uma autoridade edificante, nem de pastorear. Está simplesmente
proibindo que elas ensinem ou usem sua autoridade de maneira destrutiva. (Continua).
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