domingo, 24 de fevereiro de 2013

Trecho extraído do capítulo 6 (4) do livro Mensageiras da Ressurreição


                           A QUESTÃO DA AUTORIDADE DO MARIDO
 
A submissão da mulher à autoridade do marido configura, há séculos, uma pesada carga que ela carrega, confusa e estonteada no meio cristão, quando  não tem entendimento su­ficiente para bem interpretá-la. Na medida em que não sabe exatamente o que quer dizer a exortação bíblica que trata do assunto e diz: Vós mulheres sujeitai-vos a vossos maridos, como ao Senhor; porque o marido é a cabeça da mulher, como também Cristo é a cabeça da igreja: sendo ele próprio o salvador do corpo. (Efésios 5.22-23).
Por incrível que pareça, muitas ignoram que o tex­to refere-se unicamente aos maridos que são na verdade filhos de Deus. Pois, se assim não fosse, como poderia a luz (mulher cristã) sujeitar-se às trevas (marido ímpio)? Caso em que estaria havendo uma inversão dos valo­res espirituais. Suponhamos que se trate de um marido que envereda para o mundo do crime; a esposa, serva de Deus, deve respeitar sua decisão, apoiá-lo e ficar ao seu lado? Deverá usufruir dos produtos do roubo, se o ma­rido for ladrão? Concordar que maltrate os filhos e a ela própria, se for um espancador? Fazer de conta que não vê que é um corrupto, e usar o dinheiro obtido por meios ilícitos para alimentar a família? Isso nos faz lembrar o caso de Safira e Ananias (Atos 5). Safira, por encobrir e mentir sobre falcatrua cometida por Ananias, seu marido, morreu juntamente com ele aos pés do apóstolo Pedro.
Por falta de orientação sincera por parte de alguns líderes evangélicos, vemos muitas filhas de Deus ser es­pancadas por maridos ímpios – verdadeiros criminosos - e aguentarem anos de sofrimento, ao lado dos filhos. Sucede, muitas vezes que, ao tentar defender as mães esses filhos acabam agredindo e até matando o pai, en­veredando eles próprios, também, para a criminalidade. Seguramente, não é a esse tipo de marido – espancador e causador de tragédias familiares - que o texto bíblico se refere ao exortar a mulher a respeitá-lo.
A esposa subjugada pela prepotência do marido, muitas vezes, não tem sequer permissão para frequentar a igreja porque ele a proibe. Não será por suportar anos a fio de violência e opressão que ela irá salvá-lo. Não é por esse caminho que a salvação irá alcançá-lo. A Bíblia, que não foge à verdade, pergunta: Donde sabes, ó mulher, se salvarás teu marido? (1 Coríntios 7.16a).
Por outro lado, não se veja nesse texto impossibi­lidade absoluta de a mulher que clama a Deus por seu esposo vir a salvá-lo. Os exemplos são incontáveis do que pode a oração de uma esposa. Cada caso é um caso. Não se pode descontextualizar uma frase bíblica para não in­correr naquele conhecido erro de criar doutrina. Uma coisa é um marido incrédulo, outra coisa é um marido criminoso. Mesmo assim, não quer dizer que um crimi­noso não possa vir a se converter. Porém, isso precisa acontecer antes que ele destrua a família... Parafraseando Eclesiastes, podemos dizer: O coração da mulher sábia saberá discernir o tempo e o modo .
A sabedoria que vem do alto, certamente, saberá orientar as decisões da mulher, serva de Deus, que busca nEle auxílio (ao mesmo tempo em que procura aconse­lhamento de caráter prático e sincero por parte dos líde­res da Igreja).
Enfatizamos, ninguém nega o fato de que muitas mulheres, realmente, levam o marido incrédulo à salvação em Cristo, os exemplos multiplicam-se nesse senti­do. Ressalve-se, porém, que obtêm vitória as que seguem fielmente o Evangelho, por sua fé e pelo seu modo de vi­ver cristão e não por deixarem-se imolar pela sanha de um marido criminoso, como vítima da violência física e psicológica do cônjuge – o que o incitaria a agredi-la ainda mais, e a encaminhá-lo, de vez, para a perdição. Deus chamou-nos para a paz (1 Coríntios 7b) e não para a servidão; Jesus foi enviado para apregoar liberdade aos cativos. (Lucas 4.19). A esposa sábia deve lembrar-se, disso, também, e acrescentar essas palavras àquela que fala da submissão ao marido.
Portanto, não é por se deixar massacrar pelo mari­do que a esposa conseguirá salvá-lo. Seu sacrifício terá consequências desastrosas na vida dos filhos, criando neles revolta difícil de ser aplacada. Seguirão pela vida como pessoas desajustadas socialmente, verdadeiros so­ciopatas. Exemplos disso não faltam, pois, filho algum conseguirá apagar da memória as cenas de humilhação e maus-tratos sofridas pela mãe e as suas lágrimas.
Situações de sofrimento da esposa que, com sin­ceridade serve a Deus, fornecem temas para meditação por parte de todos os cristãos, principalmente dos líde­res, no sentido de perseverarem em busca de soluções para a paz da família de Deus. Podemos observar, porém, que nem todos os casos ocorrem, em nível tão rudimen­tar, ou seja, com maridos criminosos no sentido lato da palavra. Muitas mulheres de classe social mais favoreci­da, cuja família possui bom nível cultural e social lutam, igualmente, contra a agressividade – física ou psicológica - do marido, em silêncio, no recesso do seu “lar doce lar”.
Na verdade, (continua)...

terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

Trecho extraído do capítulo 2 livro Mensageiras da Ressurreição

 
                                      A REVOLUÇÃO DO AMOR
Partindo do postulado que reconhece em Jesus Cristo o autor e consumador da libertação feminina, observemos outros fatos, tomados como evidência dessa afirmação, sabendo que a evidência é um dos critérios da verdade. Comprovação oferecida aos que necessitam de provas de que a libertação da mulher é segundo a vontade divina. Sem esquecer, a par disso, que intento popularizar as pesquisas exegéticas – estudo e interpretação dos textos bíblicos por eruditos cristãos - no intuito de destacar a atuação das primeiras mulheres cristãs no trabalho missionário. Desse modo, colocando ao alcance do leitor leigo, na medida do possível, o resultado de tais pesquisas, além de falar sobre minhas próprias convicções, inspiradas por Deus.
Não perdendo de vista, também, que foi a partir de Jesus e na igreja primitiva, que a mulher passou a ser equiparada ao homem no trabalho dentro da seara. Ainda que Jesus Cristo, de modo algum negasse a diferença entre os sexos, houve pouca diferença no seu modo de tratar homens e mulheres. Ele falava às mulheres como a seres humanos, e não baseado em diferenças sexuais.
Antes desse tempo, a mulher era tratada como se fosse menor de idade, um ser incompleto que precisava amparar-se no homem, como em uma muleta, para sobreviver socialmente. A autoridade masculina estendia-se a ponto de interferir na prática religiosa da vida da mulher. O pai ou o marido tinham direito até mesmo de anular os votos que a mulher fazia a Deus (Números 30. 1-16); caso ela pronunciasse alguma palavra impensada sob o calor de 
grande aflição e, depois, tivesse dificuldade para cumpri-la.
Observemos os passos em que se desenvolveram as ações de Jesus em benefício da mulher. Dentre as atitudes tomadas no sentido de que os seus direitos fossem ampliados e equiparados aos do homem, fundamentamo-nos nos seguintes episódios, ocorridos durante o Seu ministério terreno:
1) No perdão da mulher adúltera. Acontecimento que pode ser considerado, repetimos, como o marco zero do processo de libertação do gênero feminino, por Jesus Cristo. Nesse episódio emblemático da história da mulher no relato do Novo Testamento, o nome da adúltera não é revelado. Ao procurar identificá-la, muitas pessoas, enganam-se porque pensam tratar-se de Maria Madalena o que, segundo o texto bíblico, não é verdade.
2) Na cura e no perdão, pela sua audaciosa atitude, da mulher que padecia com um fluxo de sangue, havia doze anos, e que tocou nas vestes de Jesus crendo que, com esse gesto, seria curada. Ela infringiu um preceito da lei mosaica, a qual considerava imunda a pessoa que estivesse sofrendo de qualquer tipo de hemorragia. Enquanto estivesse nesse estado não lhe era permitido sequer tocar em outra pessoa (Lc 8: 43 – 48; Mt 9.20; Mc 5.25). Mas, Jesus, deixando falar mais alto o sentimento de misericórdia que lhe era peculiar, ao vê-la apresentar-se à Sua frente trêmula e amedrontada, em resposta à Sua pergunta: Quem é que me tocou? Disse-lhe: Tem bom ânimo, filha, a tua fé te salvou; vai em paz.
3) No perdão da "pecadora" que ungiu os pés de Jesus, em público, durante o jantar na casa do fariseu chamado Simão (Lc 7. 36 a 50). A quem Jesus disse: Os teus pecados te são perdoados...e, ao despedi-la, acrescenta:
A tua fé te salvou: vai-te em paz. (vv.48 e 50).
No capítulo Ato das Apóstolas, falarei mais sobre esse episódio - da "pecadora" - ao fazer menção a Maria Madalena com a qual costumam, também, confundi-la.
4) Na libertação de Maria Madalena, a qual era oprimida por espíritos malignos. Jesus expulsou dela sete demônios (Lc 8:2). Aceitou-a como cooperadora em Seu ministério, o que significa dizer, como discípula; e não consta que tivesse feito qualquer ressalva quanto à sua atuação, no meio de seus seguidores, que pudesse ser vista como discriminatória.
5) Na conversa que Jesus teve com a mulher samaritana, o que a levou a divulgar, entre o seu povo a notícia de que avistara o Cristo, uma verdadeira revelação sobre a messianidade de Jesus. Saliente-se que os judeus eram inimigos dos samaritanos, aos quais sequer dirigiam a palavra, porém, Jesus ignorou a questão, quebrando mais esse costume. (João 4: 4 a 29). O resultado desse diálogo foi que as boas novas do Evangelho foram proclamadas e aceitas, pela primeira vez em Samaria, pela palavra dessa mulher.
6) Na compaixão que demonstrou à viúva de Naim, (Continua).

domingo, 3 de fevereiro de 2013

Trecho extraído do livro Mensageiras da Ressurreição - do capítulo 8 (12)

                                      
                                      AS TRÊS MULHERES
 Atribui-se a idéia de pecadora, que se apegou ao nome de Maria Madalena, à confusão que popularmente se faz a respeito de três mulheres, citadas no Novo Testa­mento. Primeiramente, por confundi-la com a pecadora (anônima), mencionada no livro de Lucas (7.36-50); por analogia à protagonista do episódio, tida pelo povo como a própria Madalena, foi fácil acrescentar ao seu nome o apelido “Arrependida”. Prova cabal de que, na mentali­dade popular, seu nome tornou-se, sem qualquer base bíblica, sinônimo de pecadora – arrependida.
O texto bíblico faz menção a uma mulher realmen­te tachada de pecadora, que ungiu os pés de Jesus na casa do fariseu, chamado Simão. Esse homem escandalizou-se com a cena, pensando que Jesus não a tivesse reconhe­cido como tal e, por isso, até duvidando que Jesus fosse mesmo um profeta. Mas, o Salvador, que é mais que um profeta, tinha conhecimento disso e, também, do que o fariseu estava pensando.
Os versículos 37 e 38, descrevem-na literalmente como pecadora: E eis que uma mulher da cidade, uma pe­cadora, sabendo que Ele estava à mesa em casa do fariseu, levou um vaso de alabastro com unguento; e estando por detrás, aos seus pés, chorando, começou a regar-lhe os pés com lágrimas, e enxugava-lhos com os cabelos da sua ca­beça; e beijava-lhes os pés, e ungia-lhos com o unguento.
Apesar de ter recebido o cognome de pecadora, a mulher cujo nome não é mencionado no Evangelho, seria realmente uma meretriz? Será que as palavras pe­cadora, meretriz ou prostituta, no caso, poderiam ser tomadas como sinônimos? Sobre o assunto, a escritora Lilia Sebastiani pondera de modo oportuno que, se um homem tivesse se aproximado de Jesus, naquele dia, na casa do fariseu, para pedir-lhe o perdão dos seus pecados – um pecador portanto – “ninguém seria levado a pensar exclusivamente em faltas de natureza sexual.” Seria, re­almente, inconcebível. Quem ousaria imaginá-lo envol­vido com prostituição?
Na esteira desse raciocínio, a pesquisadora Lillia Sebastiani, anali­sando os elementos que compõem a cena e observa:
“É muito mais antiga do que o cristianismo a as­sociação mental espontânea mulher-pecado-sexo. Ali se encontravam dois elementos, mulher e pecado, em um clima de acentuada e perturbadora feminilidade. É total­mente instintivo para uma cultura patriarcal identificar a mulher com o sexo e, portanto, a pecadora se torna logo uma prostituta, a mulher “ocasião de pecado” por exce­lência.”
Não obstante, ao confundir Madalena com aquela pecadora, e deduzir ser ela (Madalena - ou ambas) me­retriz, pode ocorrer de um mito estar alicerçado sobre outro mito. A malícia humana, como a história de Ma­dalena nos mostra, optou pelo pior. Assim como a esco­lha de Barrabás (Mateus 27.11-31), o qual se livrou da morte, em lugar de Jesus, por escolha do povo, é apenas mais um dentre tantos exemplos bíblicos e históricos da opção humana pelo mal. De igual modo, quanto àquela “pecadora”, não há provas de que o seu pecado fosse o da prostituição; nem que Maria de Mágdala fosse meretriz.
A outra, das três mulheres era Maria de Betânia - a irmã de Marta e de Lázaro, ressuscitado por Jesus. Ela é identificada como a outra mulher que, também, ungiu, os pés de Jesus. Todavia, seu gesto teve finalidade diferente, que não a do perdão dos próprios pecados, esclarecida no evangelho de João (12. 1-11). Reconhecida como Maria de Betânia, no texto joanino, nos outros evangelhos seu nome não é mencionado, mas, apenas narrado o acon­tecimento do qual participou. Ocasião que serviu para demonstrar que ela tinha presciência da morte próxima de Jesus. Inferência obtida pela resposta dada por Jesus, quando Judas Iscariotes, na ocasião, reclamou que se po­deria vender o unguento, que era de altíssimo preço, para dar o dinheiro aos pobres. Disse, pois, Jesus: Deixai-a, para o dia da minha sepultura guardou isto (v.7). Surpre­endente a atitude dessa discípula, aprestando-se a ungir Jesus, por pressentir a proximidade de Sua morte, era um assunto a respeito do qual os outros discípulos pareciam não ter uma noção clara.
A outra das três mulheres, a verdadeira mensageira de ressurreição – Maria Madalena - foi quem, na mente popular, e até mesmo em alguns ambientes eclesiais, teve seu nome fundido com o das outras duas. Ela que, na re­alidade, veio a ser chamada apóstola dos apóstolos. Uma parte da responsabilidade pela fusão dos três nomes em uma só pessoa cabe, também, ao fato de que, durante sé­culos, o povo não teve acesso direto à leitura da Bíblia. (Continua).

sábado, 26 de janeiro de 2013

Trecho extraído do capítulo 6 do livro Mensageiras da Ressurreição

 
                
                      DOUTRINA CRIADA SOBRE PALAVRAS DE PAULO:
                                  
                                          O homem, a cabeça da mulher...
                               
Um texto que parece mostrar, de maneira cristalina, o direito à supremacia da autoridade masculina, em detrimento da mulher, é o de 1 Coríntios 11.3: Mas quero que saibais que Cristo é a cabeça de todo o varão, e o varão a cabeça da mulher; e Deus a cabeça de Cristo. No entanto, os estudiosos aconselham cuidado na leitura dessa passagem bíblica, para não ocorrer de interpretá-la de maneira superficial; porque há mais complexidade nos conceitos emitidos na frase do que parece à primeira vista.
Ao analisarmos o seu final, antes mesmo de entrar no mérito da questão referente à mulher e ao homem, vejamos a conclusão a que chega Stanley Grenz, em concordância com Kroeger: "Ao tornar o Filho inferior ao Pai, esta interpretação introduz uma subordinação herética na Trindade".
Isso acontece, caso entenda-se subordinação como indicativo de inferioridade. O debate vai longe, com os complementaristas afirmando que subordinação funcional não implica inferioridade ontológica, no caso do Pai e do Filho.
Os igualitários dão a tréplica ao destacarem a dependência dinâmica e mútua mais profunda da Trindade. Eles observam que Jesus submeteu-se voluntariamente Àquele que Ele chamava Aba (Pai), por conseguinte, o Filho é subordinado ao Pai na Trindade eterna. Enquanto o Pai, igualmente, depende do Filho para a sua divindade:

Ao enviar o Filho ao mundo, o Pai confiou o Seu próprio reino – de fato, a Sua divindade – ao Filho (Lucas 10.22). Do mesmo modo, o Pai depende do Filho para o seu título de Pai. Como mencionado por Irineu, no segundo século, sem o Filho o Pai não é Pai do Filho. A subordinação do Filho ao Pai deve ser, portanto, contrabalançada pela subordinação do Pai ao Filho.
 
Como o texto de 1 Coríntios 11.3 é usado pelos complementaristas para apoiar a submissão da mulher, daremos prioridade às análises diretamente relacionadas à questão. Os teólogos, logo de início, procuram esclarecer os significados da palavra cabeça, no contexto bíblico. A primeira definição é, realmente, a de autoridade sobre os outros – significando chefia, comando, tal como foi usada em Juízes (11.11): Assim Jefté foi com os anciãos de Gileade, e o povo o pôs por cabeça e príncipe sobre si...
A outra passagem bíblica é a de 2 Samuel, 22.44b: Guardaste-me para cabeça das nações; o povo que não conhecia me servirá.
A palavra cabeça (em hebraico, ro’sh e em grego, kephale) não é considerada como a sede do intelecto, mas, como fonte da vida.
Exemplo desse uso, encontra-se em 1 Samuel 28.2b, no diálogo entre Áquis e o rei Davi, no qual o primeiro exclama: Por isso te terei por guarda da minha cabeça para sempre. (28.2b). Leia-se: por guarda da minha vida. Igualmente, em Mateus 14. 8–11, a palavra é empregada com o mesmo sentido, quando tramavam a morte de João Batista e a filha de Herodias, mulher de Herodes, pede-lhe: Dá-me aqui num prato a cabeça de João Batista (v.8b).
Sob essa perspectiva, a questão da submissão começa a tomar outro rumo. Certamente, não tão simples quanto quer a tradução da Bíblia na Linguagem de Hoje, nos trechos de 1 Coríntios 11.3, e Efésios 5.23, ao declarar: O marido manda na mulher e... O marido tem autoridade sobre a mulher...
Convém esclarecer que, no primeiro século, era o coração e não a cabeça considerado como a fonte do pensamento e da razão. (Continua). 

sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

Trecho extraído do capítulo 3 do livro Mensageiras da Ressurreição

 
      A SITUAÇÃO DA MULHER NOS PAÍSES NÃO CRISTÃOS
 
Espada sobre a cabeça - Na maioria dos países do Oriente Médio e da Ásia, não alcançados pelo evangelho, o tempo parou para as mulheres. As leis em vigência permanecem estagnadas desde a era pré-cristã. As penalidades continuam a ser aplicadas com toda a crueldade contra elas, como sempre foram - açoites e pena de morte subsistem ainda neste Terceiro Milênio.
Ainda que a palavra Oriente signifique lugar onde nasce o sol, para as mulheres orientais o sol da justiça ainda não brilhou. A liberdade não abriu suas asas para abrigá-las, dando-lhes o direito de viver com a dignidade que todo ser humano merece. Na maioria daqueles países, o modo de vida das mulheres decorre, ainda, segundo costumes antigos e bárbaros, são vítimas de mutilações e violência sexual, confinamento pela família e casamento forçado. Crueldade é uma palavra que parece ter perdido a sua conotação original, desfeita em lágrimas e transformada no pão das dores, com o qual alimentam a sua desesperança. Elas nunca provaram o Pão da Vida, aquele que é chamado de o Amor de Deus – Jesus Cristo, o Libertador, e não sabem que, para além do horizonte sombrio de suas vidas, existe uma terra que mana leite e mel (Êxodo 3.8), na qual poderão trocar sua pesada carga pelo jugo suave e por um fardo que é leve, (Mateus 11.29), conforme Jesus Cristo nos convida a fazê-lo. Ele, que é manso e humilde de coração, faz-nos conhecer a paz e a tão preciosa liberdade que dele promana. Porque o Senhor é o Espírito; e onde está o Espírito do Senhor aí há liberdade. (2 Coríntios 3.17).
As mulheres muçulmanas, proibidas até mesmo de mostrar o rosto, não podem dirigir ou viajar sozinhas, e têm pouca oportunidade de estudar. Práticas comuns na vida das mulheres ocidentais, podem ser consideradas criminosas para elas, sujeitando-as a sentenças de morte pela Sharia – a implacável lei religiosa dos muçulmanos. É um viver com espada sobre a cabeça.
No estado teocrático do Irã, a responsabilidade criminal começa aos 9 anos de idade para as meninas e aos 15 anos para os meninos. Menores de idade acusados de crimes são alcançados, inapelavelmente, por sentenças de morte. Haja vista, o caso da jovem pintora iraniana, Delara Darabi, condenada à morte aos 17 anos, foi executada na forca seis anos depois, no dia 20 de abril de 2008. Acusada de homicídio, morreu jurando inocência.
Nos países ainda não alcançados pelo Evangelho, a direção da vida das mulheres acha-se, efetivamente, nas mãos dos pais ou familiares, enquanto solteiras; depois de casadas passam a ser governadas pelo marido. Persiste, até hoje, o costume dos casamentos arranjados pelos pais.
Assassinato em família - Nas localidades onde vigora a lei da Sharia de modo mais efetivo que as leis institucionais, a mulher acusada de algum crime sexual, às vezes, nem precisa passar pelos tribunais para receber a pena de morte. A própria família encarrega-se de matá-la. São diversos os casos relatados em que o próprio pai, irmãos ou até mesmo a mãe, dá cabo da vida da filha ou irmã. Muitas das vezes, nem precisa ser culpada de crimes considerados graves para ser condenada à morte pelos familiares. Sabe-se de jovens muçulmanas que, por não quererem usar o véu, foram assassinadas pelo pai. Outras, por desejarem escolher livremente com quem casar. Das que são obrigadas a acatar a decisão dos pais ou responsáveis, a maioria vem a conhecer o noivo somente no dia do casamento. (Continua).

 

domingo, 6 de janeiro de 2013

Trecho extraído do capítulo 8 do livro Mensageiras da Ressurreição

                   O TEXTO MAIS EXPLOSIVO DO NOVO TESTAMENTO
 
Antes de comentar o referido texto, de Gálatas 3.26-28 - já mencionado no primeiro capítulo deste livro - con­vém observar a definição que os dicionários dão à palavra machismo: Atitude ou comportamento de quem não acei­ta a igualdade de direitos para o homem e a mulher.
Essa definição, cotejada com o objetivo ardua­mente buscado pelo apóstolo Paulo, isto é, o da unidade dos crentes em Cristo, por se tratar de um mandamento fundamental do cristianismo, coloca-nos diante de um impasse. Impossível, alguém que não reconhece direitos iguais para homens e mulheres, escrever o texto social­mente mais explosivo do Novo Testamento, justamente para defender esses direitos, exatamente como Paulo faz, na carta aos Gálatas: Nisto não há judeu nem grego; não há servo nem livre; não há macho nem fêmea; porque todos vós sois um em Cristo Jesus. Ele encerra o pen­samento com chave de ouro declarando: E, se sois de Cristo, então sois descendência de Abraão, e herdeiros conforme a promessa. (v. 29). Prova cabal de que as mu­lheres e as pessoas marginalizadas dentro da sociedade, não foram deserdadas pelo Pai, mas, adotadas em Cristo como verdadeiras filhas de Deus, independente de status social ou sexo – basta crer em Jesus Cristo e aceitá-lo como seu Senhor e Salvador. Esse texto serve, também, para livrar o apóstolo Paulo da pecha de machista.
A frase, do versículo 29, remete-nos a outro após­tolo, a Pedro, o qual observa que homens e mulheres são co-herdeiros da graça da vida, (1 Pedro 3.7). Graça sob a qual desponta a nova nação das pessoas recriadas em Cristo, em meio à qual são quebradas as barreiras que as separavam por questões de raça, classe social ou gênero.
Dentre os motivos que deram a Paulo fama de ma­chista encontram-se algumas de suas bem conhecidas – porém, mal-interpretadas - recomendações às mulhe­res, sobre as quais já falamos anteriormente. Ao tomar conhecimento dessas recomendações, com isenção de ânimo, conclui-se que costumam ser lidas sem levar em conta o contexto social e a situação da Igreja no momen­to em que foram escritas, conforme asseveram os estu­diosos cristãos adeptos do igualitarismo entre homens e mulheres dentro da igreja.
Passemos a apreciar, agora, nos textos bíblicos, como foi a atuação da mulher nos primórdios da Igreja. A constatação dessa realidade, por si só, contribui para amenizar, e até apagar, a fama que se apegou ao nome de Paulo, de inibidor da ação das mulheres no plano ecle­sial. Ao mesmo tempo, em que nos faz aquilatar o valor do ministério das primeiras mulheres cristãs. O caso de Febe, que dá início a este capítulo, é exemplar.
 

sábado, 29 de dezembro de 2012

A CRIANÇA ABANDONADA

                         A criança abandonada
 
Pais desconhecidos, local e data de nascimento ignorados e sem nome próprio; a essa criaturinha desamparada e solitária costuma-se chamar de “criança em estado de abandono”. E quanto à mãe que a abandonou, (ao relento, no lixo, num lugar ermo ou num local público qualquer) como poderíamos chamá-la? Falta-nos a resposta, mas, ocorre-nos uma afirmação feita por Jesus Cristo, ao dizer: “Pois se vós, sendo maus, sabeis dar boas dádivas aos vossos filhos”...(Lucas 11:13a). Com base nessas palavras, conclui-se que essa mãe ultrapassou os limites da maldade, ao abandonar o filho, deixando-o correr risco de morte, sofrendo frio, fome e entregue a um destino incerto. Ultrapassou a linha de demarcação entre o humano e o irracional e agiu de maneira satânica e pior que os animais, que costumam cuidar de suas crias.
Lar? O que é isso? - Criada na sarjeta, como menina ou menino de rua, ou mesmo em orfanatos, é como se essa criança tivesse surgido do nada. A partir do momento em que lhe cortam o cordão umbilical, ela se vê solta no espaço social, como um balão no firmamento. E, como um balão, não se sabe aonde irá “cair”. O mais provável é que seja em ambiente inóspito. Sem saber o que seja um lar ou a vida em família, seu mundo está tão distante do das outras crianças como estaríamos nós da terra se nos encontrássemos, repentinamente, em outro planeta. Sua vida desenvolve-se num tremendo vácuo afetivo. Na ausência das figuras materna e paterna com as quais iria aprender a relacionar-se amorosamente com as outras pessoas, sua sensibilidade fica embotada e seus sentimentos petrificados. Até a inteligência pode ser afetada, deixando de se desenvolver normalmente.
Como objeto - Essa criança, quando mais crescida, por falta de estrutura emocional e intelectual, poderá não se adaptar a circunstâncias que poderiam vir a favorecê-la, como uma adoção, por exemplo. Traumatizada pelo sofrimento causado pela falta de afeto e cuidados nos primeiros anos de vida, terá dificuldade de se adaptar ao novo ambiente e, muitas vezes, é devolvida ao orfanato, (ou à rua, quando a adoção efetivou-se de modo informal, por pessoas também carentes). Pode haver situação mais cruel, deprimente e devastadora para a auto-estima de uma criança? Até para o adulto – que não é cristão - a rejeição pode tornar-se motivo de depressão, suicídio ou até homicídio. E note-se que a pessoa na idade adulta já deveria estar preparada psicologicamente para suprir suas carências afetivas. Mas, nesses casos, muitas vezes não está. E são inúmeros os casos que a mídia registra de maridos (ou mulheres) abandonados que acabam matando o cônjuge que o rejeitou. Imagine-se, então, o estrago que as rejeições devem fazer na mente e no coração de uma criança.
Carência maior – Mergulhada na solidão absoluta, a criança abandonada vê-se diante da maior das carências que é o desconhecimento de que possui um Pai Eterno. E, que esse Pai cuidou para que todas as crianças tivessem mãe e pai - ao que se saiba, nenhuma criança nasce em árvore ou através de geração espontânea. Até mesmo o alimento perfeito para a nutrição e sobrevivência dos bebês, o leite materno, foi-lhes providenciado por Deus, nosso Criador. Agora, se a mulher repudia seu papel de mãe e foge covardemente de suas responsabilidades, abandonando o filho, não se pode culpar a Deus porque as coisas aqui na terra não correm tão bem como deveriam. O mesmo se pode dizer do homem que repudia seu papel de pai. Daí, vermos tantas crianças e adolescentes ao desamparo e até envolvidos com a criminalidade. Somos nós os “agentes” de Deus no mundo. Se falharmos, as conseqüências, por certo, serão catastróficas. E, no caso, o papel da mãe é fundamental na formação da criança. Já nem falamos da omissão dos pais, pois historicamente os homens sempre procuraram fugir de suas responsabilidades paternais quando os filhos são frutos de aventuras ocasionais – o que não ameniza de forma alguma a sua responsabilidade.
Outro aspecto da questão, a falta de dinheiro, não é justificativa para se abandonar uma criança, nem esquivar-se da tarefa de criá-la, porque há muito abandono de bebês na classe média e alta – o que comprova que a falta de dinheiro não é o motivo principal do abandono. Recém-nascido, deixado em banheiro de avião ou de shopping, como já se viu acontecer, não pode ser filho de pessoa muito pobre. Quem é miseravelmente pobre não entra em shopping e muito menos em avião. Mas, a responsável por essa calamidade é a crueldade de mães irresponsáveis e que não conseguem imaginar a que tipo de sofrimento irão expor a criança, abandonando-a. Observa-se, por outro lado, que gente muito carente não deixa, devido à pobreza, de criar seus filhos.
Pense bem  -  Agora, um recado às mães que não sabem o que fazer com o filho que está para nascer, o qual não desejam criar.  Pense bem, será que você conseguirá encostar a cabeça no travesseiro e dormir tranqüila sabendo que o seu bebê, abandonado, poderá sofrer maus-tratos, passar fome e frio e, até mesmo, vir a ser vítima de abuso sexual? Ninguém merece destino tão cruel, quanto mais uma criancinha inocente cuja maior necessidade é sentir-se amada e protegida.  Mãe, você é insubstituível para ela. E tem mais, esse bebê, agora indefeso, poderá tornar-se um delinqüente, um perigo para a sociedade, se for criado sem o seu amor. Ao rejeitá-lo, você poderá estar condenando-o à danação eterna, caso ele venha a enveredar para a criminalidade. Abandonando-o, você vai negar a ele, também, a possibilidade de orar, desde pequeno, agradecendo a Deus pela mãe que tem, e por ser feliz.
 

 

 

 

 

 

domingo, 23 de dezembro de 2012

                      DISCÍPULAS E APÓSTOLAS
O aspecto da questão que nos interessa diretamente diz respeito à crença, grandemente difundida, de que a missão apostolar seria tarefa designada apenas aos homens. Crédulo, o povo vê-se envolvido nesse engano que alcança, também, grande parte da classe eclesial, como se o pertencer ao gênero masculino fosse condição sine qua non para o seu desempenho no campo missionário.
Não obstante, inexiste registro bíblico que confirme essa inverdade, e o texto do Novo Testamento mostra bem o contrário. São chamados de apóstolos, como já foi dito, todos os que foram testemunhas oculares da ressurreição, e foram designados pelo Senhor ressuscitado para o trabalho missionário. Assim sendo, alguém pode negar que falta às mulheres alguma dessas habilitações para serem consideradas apóstolas? Elas foram, não só testemunhas oculares da ressurreição, mas, foram também as primeiras a presenciar esse acontecimento, e designadas por Jesus para levar a boa-nova aos demais discípulos – encarregadas, portanto, de uma missão, a maior delas, incomparável, inaudita, miraculosa, para proclamar que Ele vive! Aleluia!
As mulheres, anteriormente, haviam-se destacado como fiéis seguidoras de Jesus, conforme atestam os evangelistas. Lucas, (8.1,2,3) faz referência àquelas que acompanharam o Mestre durante o Seu ministério itinerante na terra, bem como àquelas que serviam a Ele com os seus bens; em outras palavras, eram patrocinadoras do Seu ministério. Alguns nomes são citados: Maria Madalena, Joana, mulher de Cuza, procurador de Herodes, Suzana e, conforme conclui, muitas outras. Mateus, (27. 55-56) no relato sobre a crucificação de Cristo declara: E estavam ali, olhando de longe, muitas mulheres que tinham seguido Jesus desde a Galiléia, para o servir.
 O texto menciona alguns nomes: Maria Madalena, Maria mãe de Tiago e de José, e a mãe dos filhos de Zebedeu. Ao falar sobre a sepultura de Jesus, novamente mostra Maria Madalena e a outra Maria, assentadas defronte do sepulcro (v.61). No evangelho de João (19.25) é mencionada a presença
de Maria, mãe de Jesus, junto à cruz, ao lado de Cléofas e de Maria Madalena. As mulheres possuíam, indubitavelmente, todas as condições necessárias para ser consideradas discípulas de Jesus.
Admirável a atitude das mulheres que seguiam a Jesus em sua constante peregrinação, dispensando a Ele os cuidados para Sua subsistência diária. Levando-se em conta que, naqueles tempos, não se podia contar com os recursos de hoje, como meios de transporte rápidos e confortáveis, sistemas de comunicação de longo alcance, roupas prontas, restaurantes e lanchonetes, a organização e a operosidade dessas mulheres é de causar admiração às maiores empresárias e executivas de hoje. Notável, também, era a sua coragem posto que, em momentos cruciantes de perigo permaneceram firmes ao lado do Salvador. Obreiras esforçadas, sem dúvida alguma, é um título mais que merecido. Ao referir-se à morte de Jesus,Witherington, acentua o fato de que enquanto os seguidores do sexo masculino fugiram, um grupo aparentemente grande de mulheres permaneceu no local da crucificação (Mateus 27. 55-56 ; Marcos 15.40-41). Para os evangelistas, isto as tornou as principais testemunhas oculares do evento.Todo o relato neotestamentário, inspirado pelo Espírito Santo, o Espírito da Verdade, leva-nos ao reconhecimento de que as mulheres possuem todas as qualificações necessárias para fazer jus ao título de discípulas de Jesus Cristo. Elas foram, além de testemunhas oculares de Sua morte, as primeiras embaixatrizes da Ressurreição; seguidoras fiéis e incansáveis que estiveram sempre ao Seu lado e atuaram como financiadoras da causa do Caminho. Sem dúvida, suas biografias – mais que completas - confirmam o direito de serem chamadas, sem qualquer sombra de dúvida, de discípulas do Senhor. (Segue).


quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

Trecho extraído do capítulo 6 (3) do livro Mensageiras da Ressurreição

                           
                                     A PROIBIÇÃO DE ENSINAR

A interpretação equivocada das palavras de Paulo, registradas em 1 Timóteo 2.11-13, no sentido de proibir a mulher de ensinar na Igreja, tem impedido a sua caminhada em direção ao púlpito, segundo a teoria dos igualitários. A carta paulina exorta: A mulher aprenda em silêncio com toda a sujeição. Não permito, porém, que a mulher ensine, nem use de autoridade sobre o marido, mas que esteja em silêncio. Porque primeiro foi formado Adão, depois Eva. Como devem ser interpretadas tais palavras?
A explicação dos eruditos sobre os versículos 11 e 12, faz menção à luta da Igreja contra os falsos mestres e à propagação de heresias no meio cristão, entre os efésios. As mulheres de Éfeso estavam se deixando envolver pelo ensino de falsos mestres e de crenças heréticas. Diante disso, Paulo exorta essas mulheres que não passem adiante tais doutrinas falsas e as proibe de ensinar, mas, que aprendam primeiramente com os verdadeiros professores conhecedores do Evangelho.Essa ordem, bem como a outra dirigida às mulheres da cidade de Corinto, para que evitassem falar na Igreja, seria uma proibição temporária porque dirigida a um grupo específico de mulheres. Ironicamente, ao combater doutrinas heréticas, o apóstolo tornou-se ele próprio vítima - não de crenças heréticas - mas, de interpretações falaciosas, que vieram a repercutir sobre a sua memória, fazendo seu nome passar à História associado ao machismo e à misoginia.
Estudiosos apontam uma contradição na interpretação daquelas palavras do texto de Efésios - causadoras de milenares polêmicas - contrapostas à maneira como Paulo aceita e enaltece o trabalho das mulheres cristãs. O texto de Romanos 16 é, especialmente, apontado como prova dessa realidade favorável às mulheres, no qual o apóstolo dá mostras de reconhecer a autoridade de muitas delas na propagação do Evangelho. (Romanos 16.7). Basta observarmos alguns dados bíblicos sobre o assunto, tais como o fato de Paulo ter aceitado trabalhar ao lado das mulheres cristãs, sem discriminá-las; antes, enaltecendo efusivamente o trabalho que realizavam na obra missionária, isto é, a proclamação da Palavra e ensino com autoridade. O relato de Atos 18.26, dá um exemplo inconteste a esse respeito, ao mostrar Priscila, ao lado do marido, Áquila, instruindo Apolo. Sobre o mestrado de Priscila falaremos mais adiante no capítulo de Atos das Apóstolas.
Febe, Lídia e tantas outras conforme relata o Novo Testamento, foram dignas de sua confiança a ponto de o apóstolo deixar em suas mãos a direção de igrejas fundadas por ele. Com grande insistência, Paulo pedia à Igreja que o acompanhasse no reconhecimento às discípulas (Romanos 16) pelo trabalho inestimável que realizavam.
Ele trabalhava lado a lado com elas – tal como ao lado dos discípulos - aceitando, inclusive, e de bom grado, que o ajudassem no custeio de suas viagens missionárias. Foi na casa delas que, muitas vezes, se abrigou 

ao sair da prisão, pois, à época, os cristãos sofriam intensa perseguição. Ser prisioneiro, era quase uma rotina na vida do apóstolo, tanto que Paulo se intitula, em algumas de suas cartas, prisioneiro de Jesus Cristo (Efésios 3.1; 2 Timóteo 1.8; Filemom 1. 1,9). Em meio às suas tribulações, o apoio feminino não lhe faltou.
Como suas cooperadoras, será que as discípulas estariam impedidas de ensinar?
Pelo visto, segundo evidências, a mulher exercia, sim, o mestrado, fato acatado por teólogos igualitários que interpretam a proibição de Paulo como sendo de caráter temporário, destinada a resolver problemas momentâneos enfrentados pela igreja de Éfeso. Urgia livrar a congregação da influência nefasta das crenças heréticas, as quais estavam sendo disseminadas por aquele grupo de mulheres suscetíveis ao engano dos falsos mestres. O apóstolo as exorta, então, a ouvir os seus maridos, certamente cristãos, e não darem mais ouvidos aos falsos mestres. Assim entendido, o texto de 1 Timóteo não entra em contradição com o de Romanos 16. Sua interpretação superficial e falaciosa sim, é a responsável pela polêmica que, até os dias atuais, repercutem de maneira negativa na Igreja, impedindo a mulher de exercer os seus direitos cristãos.

domingo, 9 de dezembro de 2012

Trecho extraído do capítulo 9 do livro Mensageiras da Ressurreição

                  
                             MARIA E A EDUCAÇÃO DO MENINO JESUS
A capacidade de Maria, como educadora, é digna de admiração – merece ser copiada – e nos leva a reconhecer que era dona de "uma mente reflexiva e aberta ao debate interior", conforme observa o psiquiatra Augusto Cury.
Paciência, delicadeza e amor faziam parte, também, de sua personalidade caracteristicamente reflexiva. Essas qualidades ficaram evidentes quando enfrentou o sumiço do menino Jesus, aos doze anos de idade. O caso aconteceu por ocasião da festa da Páscoa, quando a família subiu a Jerusalém, em caravana com seus parentes, para comemorá-la. O episódio, conhecido como O menino Jesus no meio dos doutores, encontra-se registrado no evangelho de Lucas (2. 39–52).
Terminada a festa religiosa, voltavam para Nazaré, pensando que o menino vinha na companhia dos parentes, quando deram pela sua falta. Durante três dias Maria e José procuraram por Ele. Finalmente, foram encontrá-lo no templo, em Jerusalém, assentado no meio dos doutores, ouvindo-os e interrogando-os. Surpresos diante da cena, Maria pergunta-lhe: Filho, por que fizestes assim para conosco? Eis que teu pai e eu ansiosos te procurávamos (Lucas 2-48b). Jesus deu-lhes uma resposta aparentemente enigmática, como, aliás, sempre faria durante o Seu ministério, pois, eram destinadas a esclarecer questões de nível espiritual exclusivamente, e não do plano físico: Por que é que me procuráveis? Não sabeis que me convém tratar dos negócios de meu Pai? Maria contentou-se com a resposta e, diz o texto que ela guardava no seu coração todas estas coisas (51b). O que, interpretando, quer dizer: meditava sobre o seu significado.
Mesmo depois do estresse de três dias à procura do menino, andando a pé ou no lombo de um jumentinho, Maria manteve a tranquilidade e a compostura que lhes eram peculiares. Não consta que ela tivesse pronunciado qualquer palavra ofensiva ou ameaçadora, tipo: Ah! quando eu pegar esse menino! nem fez qualquer gesto que denotasse descontrole emocional ou agressividade. Ela não demonstrou - como muitas mães e pais costumam sentir e exteriorizar - ter sede de vingança. Não exclamou, irritada: Isso não vai ficar assim! Afinal ela, também, era humana e poderia vir a descontrolar-se como qualquer ser humano desavisado. Mas, Maria não costumava fraquejar. Outro detalhe digno de nota é que nem Maria nem José se preocuparam com o que os outros pensariam a respeito da aparente quebra de sua autoridade de pais. Habitualmente, muitos pais comuns, fazem questão de mostrar que são eles que mandam em casa, e mostram-se prepotentes, tirânicos, despóticos. Porém, não se pode pensar em termos de aparência, quando se trata de Maria e José, tem-se que pensar em santidade.
Quanto ao menino Jesus, a Bíblia diz que Ele os acompanhou de volta para casa obedientemente. (v.51a).
A vida de Maria, a agraciada serva do Senhor, tem servido de exemplo para a mulher cristã, inspirando-a aperfeiçoar-se na fé. Embora suas qualidades como educadora não tenham merecido a devida atenção, até hoje, ainda há tempo para corrigir essa falha. As mães modernas lucrarão muito se procurarem analisar as atitudes de Maria, nesse sentido, ditadas por sua "profunda capacidade de reflexão". Devem pensar antes de reagirem impulsionadas pela educação que receberam dos pais, nem sempre  
adequada, ou instintivamente, com agressividade diante de qualquer ato de rebeldia dos filhos. Certamente, desenvolvendo a própria intuição, poderão descobrir com facilidade os motivos que estão levando a criança ou o adolescente a assim proceder. Não se pode esquecer que o amor é ingrediente básico em qualquer educação; tanto quanto o fermento, para levedar a massa e fazê-la crescer, sem o qual ela ficará abatida e irremediavelmente imprestável. Da mesma maneira, uma criança sem amor – ficará deprimida – e dificilmente alcançará o crescimento emocional, e até mesmo intelectual e físico necessários para o seu pleno desenvolvimento pessoal. Ao trabalhar a educação de uma criança é preciso refletir e meditar, com amor, a exemplo de Maria, a maior educadora da história.

sábado, 1 de dezembro de 2012

CORPO LUMINOSO

                                                  CORPO LUMINOSO
                                                                                             
 
Num dos trechos do Sermão da Montanha, (Mateus, 6: 22 e 23), Jesus Cristo diz: “A candeia (a lâmpada) do corpo são os olhos; de sorte que, se os teus olhos forem bons, todo o teu corpo terá luz; se, porém, os teus olhos forem maus, o teu corpo será tenebroso. Se, portanto, a luz que em ti há são trevas, quão grandes serão tais trevas!”. (Cap.6:22 e 23).
Ver sempre o lado mau das pessoas, achar que todo o mundo é desonesto e ter sempre engatilhada uma palavra de acusação e condenação são sinais alarmantes. Mostram que a pessoa é preconceituosa e não consegue ver o outro lado da vida, o lado bom das pessoas e enxergar a luz divina que pode brilhar em meio às falhas comuns ao ser humano. Às vezes, o olho é tão doente que até nas condições climáticas só consegue ver negatividade. Se faz sol, reclama do calor, se faz frio acha desagradável e trabalhoso ter que usar tanta roupa para se aquecer. Não consegue sequer ver a beleza dos fenômenos naturais, maravilhosa criação de Deus, revestida de perfeição e beleza indescritíveis. O “olho ruim” se manifesta, também, através das palavras da mãe ou do pai ao classificar uma criança de peste ou coisa-ruim porque é muito ativa ou faz as travessuras próprias da infância. Através desse olhar maligno, transmitido por palavras que soam como maldição, vai traçando um futuro realmente negro para os filhos.
Luz espiritual – Quanto às consequências, podemos observar,  que uma pessoa que possui um olhar maldoso não prejudica apenas os outros por vê-los de modo negativo; prejudica muito mais a si própria porque se mantém distante da palavra de Deus. Desse modo, acontece que os preconceitos e os sentimentos malignos, formam uma barreira intransponível, em seu espírito, impedindo-a de receber a luz que dela promana; daí, a afirmação de Jesus: “Se, portanto, a luz que em ti há são trevas, quão grandes serão tais trevas.” Observe-se, nesse sentido, a atitude de algumas pessoas que estão sempre procurando descobrir alguma “picaretagem” por parte dos que pregam o Evangelho ou  alguma falha moral em sua vida particular. Hábito farisaico esse, pois que os escribas e fariseus não faziam outra coisa senão ficar de tocaia armando ciladas para Jesus Cristo, a fim de poder acusá-lo e condená-lo. Perdem, portanto, os fariseus de hoje, como perderam os de ontem, preciosas oportunidades de sair das trevas para a maravilhosa luz da palavra divina. Enquanto procuram descobrir intenções maldosamente ocultas, entre os que dedicam a vida a evangelizar, perdem o dia da visitação de Deus, como aconteceu à Jerusalém. E Jesus, vendo a cidade, chorou sobre ela, dizendo: “Ah! se conhecesses também, ao menos neste teu dia, o que à tua paz pertence! Mas agora isto está encoberto aos teus olhos. Porque dias virão sobre ti, em que os teus inimigos te cercarão de trincheiras, e te sitiarão, e te estreitarão de todas as bandas; e te derribarão, a ti e a teus filhos que dentro de ti estiverem; e não deixarão em ti pedra sobre pedra, pois que não conheceste o tempo da tua visitação.” (Lucas 19:42 a 44).
Corpo tenebrosoUm corpo tenebroso seria assim como uma cidade sitiada? Os inimigos do corpo, a princípio, pode-se dizer que são as doenças. Mas, não são os únicos, pois a própria pessoa pode gerar e alimentar seus próprios inimigos, como os vícios da bebida alcoólica, das drogas e do cigarro. Incluindo entre as drogas os remédios que podem causar dependência ou efeito colateral.
No que se refere às doenças, de modo geral, além dos fatores carenciais, como falta de alimento adequado às necessidades básicas do organismo e problemas genéticos, há o componente de caráter espiritual, predominantemente. A palavra de Deus exorta a fugir da ansiedade, do medo, das práticas sexuais promíscuas, dos diversos pecados que destroem tanto a alma como o corpo. E, principalmente, exorta a respeito da qualidade de nossos sentimentos:”Sobre tudo o que se deve guardar, guarda o teu coração, porque dele procedem as saídas da vida.” (Provérbios 4:23). Logo, se o coração não estiver bem guardado de todo o sentimento maléfico, em vez de vida, pode trazer morte. A Medicina, por sua vez, confirmando o que a Bíblia diz, assevera que o rancor, a mágoa, a competitividade desmedida, entre outros, são sentimentos que podem levar a pessoa a adquirir doenças graves como câncer, e ser vitimadas por acidente cárdio-vascular e depressão, entre outros. Essa verdade, profeticamente, está registrada na Palavra há milhares e milhares de anos, tanto pelo exemplo através dos personagens do Antigo Testamento, como através das exortações da palavra de Deus. Observe-se que Miriã, irmã de Moisés e de Arão, alimentar preconceito contra a esposa escolhida por Moisés e inveja do relacionamento de Deus com o profeta, ficou leprosa durante algum tempo. Posteriormente, Deus restituiu-lhe a saúde. Hoje, que vivemos sob graça divina, por meio de Jesus Cristo, e não mais sob a Lei (mosaica) sabemos que Ele já levou nossas enfermidades e doenças sobre si; é só abrir o coração – e os olhos – para a luz da Palavra a fim de receber a cura.
Bons olhos, boa saúde -  Quem olha com bons olhos para os seus semelhantes, certamente, terá um corpo saudável - tanto físico como espiritual. Pois “A candeia do corpo são os olhos; de sorte que se os teus olhos forem bons, todo o teu corpo terá luz.” Quem ama o próximo como a si mesmo, conforme nos exortou Jesus Cristo, só pode olhá-lo com bons olhos. E, certamente, dá ouvidos às palavras divinas, tal como encontramos em Provérbios 4: 22: “Não as deixes (as minhas palavras) apartar-se dos teus olhos: guarda-as no meio do teu coração. Porque são vida para os que as acham, e saúde para o seu corpo.” Assim seja.

 

 

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

terça-feira, 27 de novembro de 2012

Trecho extraído do capítulo 9 do livro Mensageiras da Ressurreição

                              PROFETISAS DO NOVO TESTAMENTO
 
Nas promessas divinas acerca do dom da profecia, as mulheres estão incluídas, implícita ou explicitamente. Lucas, em Atos dos Apóstolos, fala sobre a descida do Es­pírito Santo, sobre os apóstolos, no dia de Pentecostes: E todos foram cheios do Espírito Santo, e começaram a fa­lar noutras línguas, conforme o Espírito Santo lhes con­cedia que falassem (vv. 2,4). Na sequência, (Atos 2. 17b- 18), Pedro lembra o que disse o profeta Joel acerca do ato de profetizar. Texto, no qual o próprio Deus promete que derramará do seu Espírito sobre as pessoas, incluindo, de maneira clara, as mulheres no fenômeno profético: Os vossos filhos e as vossas filhas profetizarão[...] E também do meu Espírito derramarei sobre os meus servos e mi­nhas servas naqueles dias, e profetizarão.
O dom da profecia, na casa do evangelista Filipe, fora derramado por Deus de modo magnífico. Ele pos­suía quatro filhas solteiras e todas profetizavam (Atos 21.9). Outro exemplo nos é fornecido, indiretamente, pelo apóstolo Paulo: Mas toda a mulher que ora ou pro­fetiza com a cabeça descoberta, desonra a sua própria cabeça, porque é como se estivesse rapada (1 Coríntios 11.5). Esse texto desperta muito o interesse das pessoas para a questão do uso do véu, aconselhado por Paulo. Curiosamente, tornou-se mais atrativa a referência ao uso do véu do que o fato de o próprio Paulo estar confir­mando, por suas próprias palavras, que as mulheres da Igreja primitiva, profetizavam e oravam - em público, nas assembléias.
Os profetas tinham a prerrogativa das funções de li­derança, durante a celebração da Eucaristia. Paulo, Lucas e o Apocalipse documentam o fato de as mulheres exer­cerem liderança como profetisas durante o cristianismo primitivo.
Mais um ponto positivo para os que acreditam no mesmo direito que têm as mulheres de ensinar, exortar e edificar a igreja, tanto quanto os homens. A autorida­de da profecia, por ser decorrente das revelações divinas, transforma profetisas e profetas em emissários do Se­nhor, no próprio fundamento da igreja, e cuja presença é uma constante em toda a história do cristianismo.
Para encerrar o assunto, temos que lembrar, ainda, dos nomes de algumas mulheres responsáveis por atos proféticos como Isabel, a prima de Maria, mãe de Jesus. (Sobre Maria falaremos num capítulo especial, dedicado a conhecer o seu lado pedagógico, como educadora do menino Jesus); do nome de Marta, irmã de Lázaro, que revelou conhecer a messianidade de Jesus, quando afir­mou: Creio que tu és o Cristo, o Filho de Deus, que havia de vir ao mundo. (João 11. 27b). Profecia equivalente à de Pedro quando, respondendo a uma pergunta do Salvador sobre quem ele achava que Jesus era, respondeu-lhe: Tu és o Cristo. (Marcos 8. 29b). A samaritana também pode ser vista proferindo uma palavra profética quando, em sua caminhada, foi à cidade e disse aos seus conterrâne­os: Vinde, vede um homem que me disse tudo quanto tenho feito: porventura não é este o Cristo? (João 4.29).

sexta-feira, 16 de novembro de 2012

'AMARGA INVEJA'

 
                                                  'AMARGA INVEJA'

São inúmeros e bem conhecidos os relatos bíblicos que tratam das tragédias originadas por esse sentimento perverso chamado inveja. Basta lembrar que foi a causa do primeiro homicídio registrado na Bíblia; quando Caim matou Abel, porque Deus não se agradou de sua oferta, mas da de seu irmão. (Gênesis 4). Bem se vê, a inveja pode permear qualquer relacionamento, mesmo aquele que deveria ser, por definição, afetivo. Transforma os laços (de ternura...?) familiares ou de amizade em armadilhas que podem ser mortais. E, por incrível que pareça, embaraça até relacionamentos entre mãe e filhos. E o mais assombroso é quando se verifica que esse filho é ainda um bebê! Foi o que se viu, há algum tempo, em Curitiba: uma mãe, de dezessete anos de idade, torturava o seu bebê, de apenas 4 meses de vida. O motivo, segundo suas próprias palavras, era inveja da atenção que a família e as visitas dispensavam à criança. Ela não aguentava ouvi-los dizer diante do berço: Que gracinha! Tão bonitinho! E outras palavras de carinho e admiração pela criança, fazendo a mãe sentir-se em segundo plano.
Não se sabe como a criança sobreviveu, pois já tinha calos em alguns ossos do corpo, que haviam sido fraturados e teriam solidificado mesmo sem atendimento médico, tudo isso causado pelos maus-tratos infligidos pela mãe. Mais chocante ainda é saber, segundo opinião de psiquiatras, que muitos dos crimes praticados com requintes de crueldade são de autoria de pessoas consideradas mentalmente normais – que sabem muito bem o que estão fazendo. No caso da mãe, denunciada por parentes, foi condenada pela justiça a alguns anos de prisão; contudo, nesse caso, foi considerada pelos psiquiatras como débil mental. Retardada, mas não louca.
Será que pessoas mais inteligentes não se enquadrariam entre os que têm ciúme dos próprios filhos? – Ciúme e inveja andam de mãos dadas. - Quantos pais manifestam ciúme do filho recém-nascido por causa da atenção que a mãe passa a  dispensar à criança! E seriam todos débeis mentais? Certamente que não.
O apóstolo Tiago [3:14-15] discorrendo sobre a inveja, diz: “Mas se tendes amarga inveja, e sentimento faccioso em vosso coração, não vos glorieis, nem mintais contra a verdade. Essa não é a sabedoria que vem do alto, mas é terrena, animal e diabólica.”
Perturbação e perversidade – A sociedade sempre enalteceu a mulher como mãe; ainda que a desprezasse como cidadã e a mantivesse marginalizada como “segundo sexo” - expressão cunhada pela pensadora francesa Simone de Bouveau. A idéia que se fazia da mulher (segundo preconceitos antigos) era de um ser meigo e frágil; mãe por excelência, (tal como se pensa até hoje) ainda que incapaz de dirigir a sua própria vida – incapaz igualmente, dada sua bondade natural, de cometer atrocidades como as praticadas pelos homens, como observamos no decorrer da História e tal como a prática diária nos mostra. Como se vê, idéias permeadas de preconceitos e tabus. É difícil redirecionar esse olhar e reconhecer que a mulher pode ser tão cruel quanto o homem. E que, movida pela inveja, ou por outros sentimentos devastadores, seja capaz de praticar crimes hediondos. Na realidade, para o bem e para o mal, ambos estão em igualdade de condições, tanto o homem quanto a mulher correm paralelos quando se trata de praticar o mal. A bondade ou a maldade independem de gênero. A questão é puramente pessoal, individual.
Educação cristã – Nesse sentido, a educação das meninas merece a mesma atenção que a dos meninos no que se refere à prevenção da agressividade e da violência. Necessita ser alicerçada no amor conforme ensinou e praticou o Mestre dos mestres – Jesus Cristo. É no amor cristão, a verdadeira Rocha sobre a qual deve alicerçar-se qualquer processo educacional. Todas as pessoas precisam daquele ‘conhecimento que vem do alto’, para aprender a crescer como ser humano para não viver num relacionamento dilacerante, animalesco e diabólico com seu semelhante. A mulher – mãe, por natureza – deve reconhecer-se o mais cedo possível como guardiã da vida. Conscientizar-se de seu papel de “depositária fiel” da herança do Senhor, que são os filhos. Sem a direção que nos dá a palavra de Deus, a luta que todos fatalmente têm que travar para vencer a si mesmos será inglória. Sem perda de tempo, deve-se começar na infância o ensinamento para a prática do amor cristão. Uma vez que Deus ama a todos da mesma maneira, sem as exceções baseadas em parâmetros humanos.
O combate à inveja torna-se um dos principais alvos a ser alcançado em se tratando de educação infantil. Para alcançá-lo os próprios pais precisam ser os primeiros a não cultivar esse sentimento 'animal e diabólico’, pois, onde há inveja há perturbação e toda obra perversa, como nos adverte o apóstolo Tiago. Outra coisa a não ser esquecida é que os filhos são reflexo dos pais.
 
Rachel Winter - rawinter@terra.com.br
 
 
 
 
 
 

quarta-feira, 14 de novembro de 2012

Trecho extraído do capítulo 8 (7) do livro Mensageiras da Ressurreição

                                PATRONAS E AS IGREJAS DOMÉSTICAS
 
No Novo Testamento, cinco entre seis passagens que falam sobre igrejas domésticas, mostram mulheres na sua liderança e organização. E não há como contestar que servir como patrona de uma congregação local incluía certas responsabilidades de liderança e autoridade, como indica 1 Coríntios 16.15-19.
Em meio aos vários registros de mulheres que organizaram e lideraram comunidades em suas próprias casas, encontramos o de uma mulher chamada Ápia (Filemom 1.2), em Colossos, liderando a comunidade local juntamente com Filemon e Arquipo. Em Laodicéia, era na casa de Ninfa (Colossenses 4.15) que a igreja se reunia. A atuação de Priscila, como patrona destaca-se pela amplitude, como é sabido, pois exercia um ministério itinerante e, nas localidades por onde passava e residia, acolhia a Igreja em sua casa. (Romanos 16.3-5; 1Coríntios 16.19; Atos 18. 1-2).
Além dos já citados, são diversos os nomes de outras patronas, que aparecem como mantenedoras ou fundadoras de igrejas domésticas. O nome de Cloé (1 Coríntios 1.11) é um deles; o de Lídia, vendedora de púrpura outro. Além de patronas, não é demais frisar, que as mulheres exerciam autoridade, na comunidade cristã, como mestras e cooperadoras. Ademais, a casa de Lídia foi o ponto de irradiação do evangelho em Filipos, (At 16.15).
Em Jerusalém, era na casa de Maria, mãe de João Marcos, que a congregação se reunia. (Atos 12.12). Foi nela que o apóstolo Pedro se refugiou após a fuga milagrosa da prisão (Atos 12. 7-11). grosa da prisão. (Atos 12. 7-11). Todos na casa, oravam pela sua libertação, de repente, uma jovem, chamada Rode, avisou que Pedro se encontrava batendo à porta do pátio. Ninguém deu crédito ao que a jovem dizia, pois, consideravam que estava fora de si. Finalmente, certificaram-se de que era verdade (Atos 12. 13-16)
 Desse episódio podemos tirar duas conclusões. A primeira: por não darem crédito à palavra da jovem, demonstraram a pouca confiança que merecia a palavra de uma mulher. A segunda, o exemplo de que as casas das mulheres cristãs, além de constituírem-se em igrejas domésticas (todos estavam orando) representavam abrigos seguros, nas quais, muitas vezes, cristãos perseguidos refugiaram-se.
O que ressalta na narrativa, porém, é a lição de coragem de Maria, a mãe de João Marcos. Ela não temeu expor-se ao perigo de receber Pedro em sua casa, embora o apóstolo fosse considerado foragido da justiça romana, em época de inclemente perseguição aos cristãos. Sem temor, Maria transformara sua casa num ponto de reunião da cristandade para os cultos a Deus, e em um local para acolher os discípulos perseguidos. O ato de coragem se reveste de maior grandeza quando lembramos que havia a instituição da pena de morte, na perseguição aos cristãos, que teve início, primeiramente, por parte dos judeus e, posteriormente, por parte do governo romano.
Ameaças surgiam de todos os lados, assombrando o dia-a-dia da cristandade que, apesar de todo o perigo, prosseguia indômita na tarefa missionária.
As igrejas domésticas, conforme ensina a História bíblica, constituíram a célula básica do movimento cristão. Foi lançando mão desse recurso que a Igreja se expandiu em função do trabalho de missionárias e missionários itinerantes. De cidade em cidade, os discípulos dependiam da acolhida desses núcleos domésticos para dar-lhes hospitalidade e abrigá-los nos momentos de perigo. Eram acolhidos, ainda que os proprietários das casas não os conhecessem, os quais para recebê-los confiavam apenas nas cartas de recomendação das igrejas donde os apóstolos provinham, ou pela fama que os precedia como diligentes servos de Deus.
As protetoras da Igreja em seus primeiros passos, na realidade, fundadoras de igrejas, receberam o reconhecimento de Paulo de maneira efusiva como demonstram as suas cartas. O apóstolo foi pródigo e insistente em apelos para que todos os cristãos lhes manifestassem os mesmos sentimentos de gratidão - que ainda hoje se fazem ouvir.
Convém, portanto, atentar para a realidade histórico-cristã, não deixando que a poeira do tempo empane o brilho dos feitos grandiosos e heroicos das primeiras discípulas, não permitindo que seus nomes venham a cair no esquecimento. Além do mais, vale lembrar que a falta de memória é a raiz de toda opressão.

sábado, 3 de novembro de 2012

Trecho extraído do capítulo 17 do livro Mensageiras da Ressurreição


                                           EU VOS SAÚDO!

 Na nova criação, fruto da ação redentora de Deus - em Cristo - neste mundo, podemos dizer metaforicamente, que a mulher nasceu primeiro, ao contrário do sucedido no início quando o homem foi o primeiro a ser criado pelo Altíssimo. As primeiras palavras do Senhor ressuscitado - Eu vos saúdo! - ao inaugurar a nova ordem, estabelecida segundo o alvo final de Deus para a humanidade, dirigidas às mulheres, concedeu a elas o privilégio de se tornarem as primeiras embaixatrizes desse novo tempo.
Não se veja nessa perspectiva, porém, a colocação da nova criação contra a velha, pois, a ação redentora de Cristo, origem da nova criação, cuja consumação acontecerá na Sua volta, faz parte do que Deus iniciou no Gênesis. Na história da Igreja – Corpo de Cristo -, não há contradições, descontinuidade, nem fissuras de qualquer espécie. Sua estrutura, bem firmada na Rocha, é como a edificação de um prédio que se eleva aos poucos, previstas que são todas as etapas da obra - divina - até a sua completa realização, que aponta para o Alto. Lá está alvo a ser atingido, propósito de caráter escatológico, qual seja, a volta do Senhor, em que a Igreja surge como herdeira do novo céu e da nova terra (Apocalipse 21.1). Conforme o livro de Apocalipse, a Igreja é o tabernáculo de Deus com os homens, pois com eles habitará, e eles serão o seu povo, e o mesmo Deus estará com eles, e será o seu Deus (21. 3b).
O propósito divino, tal como revelado no Novo Testamento, mostra que a criação da nova humanidade permeia toda a história bíblica e aparece como seu fio condutor e alvo principal. Por intermédio de Jesus Cristo, Deus cria seu povo – remido – para no meio dele habitar.
O propósito que os israelitas não puderam realizar para Deus, de ser o Seu povo, pertence agora à nova humanidade, constituída pela nação santa dos sacerdotes do Senhor.
A ekklesia, formada por todos aqueles que confessam a Cristo como seu Senhor e Salvador, em todas as épocas e lugares – povo escatológico – procura refletir já no presente a futura realidade do Reino de Deus, e o caráter próprio de Deus, ainda que de modo parcial. Sob esse prisma, como geração eleita, podemos realmente refletir a imagem de Deus.
Porém, se no contexto da que pensamos ser a verdadeira comunidade cristã, subsistem barreiras de qualquer espécie para separar as pessoas, algo de estranho está ocorrendo. Será que nos deparamos, apenas, com uma instituição religiosa que leva o nome de igreja? O motivo dessa pergunta são os relacionamentos interpessoais baseados em distinções raciais, socioeconômicas e sexuais, que já deveriam estar extintos há muito tempo no coração dos cristãos e na prática do contexto eclesial.
Exclusão, submissão humilhante, discriminação de pessoas, de qualquer espécie ou gênero são anátemas a ser fulminados. Só assim se cumprirá a vontade do Pai que nos quer ver unidos a Ele, como Igreja, através de Cristo.
O Senhor quer nos ver livres – homens e mulheres – para assumir, como crentes, todo e qualquer cargo dentro do ministério cristão.

quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Predomínio da Insanidade

                                PREDOMÍNIO DA INSANIDADE          

Estamos vivendo a era da insanidade. À par da insegurança gerada pela criminalidade, nas grandes e pequenas cidades e o surgimento dos mais sinistros tipos de crime, outro fator de desconforto ronda a sociedade. Trata-se do interesse inexplicável por explorar o universo da loucura e, mais estranho ainda, uma espécie de complô para divulgá-la; numa tentativa de desagregar todo e qualquer comportamento que denote equilíbrio.
 É o predomínio da insanidade mostrado em filmes, telenovelas, programas humorísticos, desenhos infanto-juvenis, games e até brinquedos - especialmente para os meninos, monstruosos assassinos saídos das telas do cinema e da televisão. Observado, também, na aparência das pessoas e no modo de vestir. Quanto mais asquerosa a aparência, melhor. Cultiva-se o feio, o aterrorizante, o nojento.
Filmes tipo mentes criminosas, canibalismo, serial killer proliferam no cinema. Está em alta tudo o que se refere à loucura. A demência passou a ser a musa inspiradora, também, dos estilistas. Modelo de roupa que não compõe uma aparência extravagante não serve. Desfile de moda se assemelha muito a desfile circense. Não entendo como as pessoas conseguem assisti-los sem cair na gargalhada. Já apareceu até modelo, desfilando graciosa e elegantemente, com um chapéu em forma de galinha. E todo mundo conseguiu permanecer sério. Não sei o que o estilista quis dizer com isso.
Ao passo que, programas televisivos tipo vídeo-cacetadas são considerados engraçados.  Personagens e fatos são reais: crianças, bebês e adultos, batem com a cabeça na parede, caem de bicicletas, despencam ladeira abaixo enquanto os telespectadores se divertem. Note-se que brigas de galo e trabalho de animais em circo foram proibidos. Felizmente! Contudo, não foram criadas ainda leis de proteção às pessoas, para que os acidentados deixem de servir de diversão ao público. Já vi acontecer acidentes na rua e a reação das pessoas foi a mesma que diante da telinha. Uma pessoa ferida ao acidentar-se é motivo de riso. A dor alheia virou espetáculo hilário. Raros são os transeuntes que param para ajudar alguém que sofreu uma queda; a maioria olha, ri e passa.
E, tem mais, nas novelas televisivas a moda agora é mulher criminosa. Já apareceu até serial killer como protagonista de novela no horário das 21 horas. Foi um sucesso. Mulheres assassinas ou que cometem as mais diversas espécies de crime estão em alta na telinha. Vingança é o tema preferido pelos autores novelísticos. Os quais ensinam que ofensas, frustrações e desilusões têm que ser lavadas com sangue. Xingamento e bofetadas completam o cenário. Na maior parte do tempo, os personagens trocam insultos entre si independente do grau de parentesco, seja com pais, mães, esposas, filhos. O núcleo familiar parece um estádio de futebol no momento de jogo entre Brasil e Argentina. É palavrão pra todo lado. Chega a ser cansativo.
Coincidentemente, o noticiário das páginas policiais relatam crimes que parecem inspirados nesses extenuantes temas de horror.
MULHER TANAJURA – Não é só o modo de vestir das mulheres e dos homens que denota essa característica de demência da sociedade. O corpo feminino vem sofrendo mutações por meio de cirurgias plásticas para aumento dos glúteos. Se o objetivo é tornar a mulher semelhante àquelas formigas da espécie Tanajura, o êxito tem sido total. Quanto aos seios, só faltam explodir – às vezes explodem mesmo – e chegam a ponto de competir em volume com bolas de futebol. A deformação do corpo feminino pode ser indício da deformação mental, da insanidade, que está tomando conta da sociedade.
A modernidade da qual se orgulham as contemporâneas de mente aberta (?) absorveu o espírito circense, deformou o corpo feminino e, em lugar da figura da mulher barbada ou mais gorda do mundo que lá se encontrava, criou a mulher Tanajura. Não é mais necessário pagar ingresso no circo para ver a figura caricatural da mulher. É só andar pelas ruas ou ligar a televisão.
A aparência dos homens, também, se encontra alterada. De repente, grande parte deles, parece que acordou sob o efeito de uma metamorfose, tal como aconteceu com o personagem da novela de Kafka, (Metamorfose), o qual, um dia, acorda transformado num inseto horrível. Mutação involuntária, diga-se de passagem; enquanto que os contemporâneos escolheram livremente manter a aparência bizarra semelhante a de doente mental. Colares, brincos, tatuagens, piercings, cabelos espetados e lá vai ele, o protótipo do homem moderno, todo pimpão, desfilando a sua inconsequência. 
Houve tempo em que o interesse do público voltava-se para histórias dos que se destacavam como benfeitores da humanidade, para os grandes gênios da ciência, da filosofia, da literatura, os heróis nacionais ou os pequenos heróis do dia-a-dia, por seus atos de generosidade, honestidade, lealdade. Agora, o interesse é saber o que se passa na mente dos loucos-criminosos e quanto mais bárbaros mais interesse despertam. De quem será a responsabilidade? Do público ou dos manipuladores desse lixo cultural?
Uma coisa é certa, a educação no país tem sido tratada como material descartável. Verdadeiro monturo. Mas, como os descartáveis podem ser reciclados, resta a esperança que ocorra essa transformação salvadora na educação em nosso país, sob as bênçãos de Deus. Então, o interesse das pessoas se voltará para o que é vital e luminoso e não para simulacros de morte e trevas. 
rawinter@terra.com.br
 

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