PREDOMÍNIO DA INSANIDADE
Estamos vivendo a era da insanidade. À par da insegurança gerada pela criminalidade, nas grandes e pequenas cidades e o surgimento dos mais sinistros tipos de crime, outro fator de desconforto ronda a sociedade. Trata-se do interesse inexplicável por explorar o universo da loucura e, mais estranho ainda, uma espécie de complô para divulgá-la; numa tentativa de desagregar todo e qualquer comportamento que denote equilíbrio.
É o predomínio da insanidade
mostrado em filmes, telenovelas, programas humorísticos, desenhos
infanto-juvenis, games e até brinquedos - especialmente para os meninos, monstruosos
assassinos saídos das telas do cinema e da televisão. Observado, também, na
aparência das pessoas e no modo de vestir. Quanto mais asquerosa a aparência,
melhor. Cultiva-se o feio, o aterrorizante, o nojento.
Filmes tipo mentes criminosas, canibalismo, serial killer proliferam
no cinema. Está em alta tudo o que se refere à loucura. A demência passou a ser
a musa inspiradora, também, dos estilistas. Modelo de roupa que não compõe uma
aparência extravagante não serve. Desfile de moda se assemelha muito a desfile
circense. Não entendo como as pessoas conseguem assisti-los sem cair na
gargalhada. Já apareceu até modelo, desfilando graciosa e elegantemente, com um
chapéu em forma de galinha. E todo mundo conseguiu permanecer sério. Não sei o
que o estilista quis dizer com isso.
Ao passo que, programas televisivos tipo vídeo-cacetadas são
considerados engraçados. Personagens e
fatos são reais: crianças, bebês e adultos, batem com a cabeça na parede, caem
de bicicletas, despencam ladeira abaixo enquanto os telespectadores se divertem.
Note-se que brigas de galo e trabalho de animais em circo foram proibidos. Felizmente!
Contudo, não foram criadas ainda leis de proteção às pessoas, para que os
acidentados deixem de servir de diversão ao público. Já vi acontecer acidentes
na rua e a reação das pessoas foi a mesma que diante da telinha. Uma pessoa ferida
ao acidentar-se é motivo de riso. A dor alheia virou espetáculo hilário. Raros
são os transeuntes que param para ajudar alguém que sofreu uma queda; a maioria
olha, ri e passa.
E, tem mais, nas novelas televisivas a moda agora é mulher criminosa.
Já apareceu até serial killer como protagonista de novela no horário das 21
horas. Foi um sucesso. Mulheres assassinas ou que cometem as mais diversas
espécies de crime estão em alta na telinha. Vingança é o tema preferido pelos
autores novelísticos. Os quais ensinam que ofensas, frustrações e desilusões
têm que ser lavadas com sangue. Xingamento e bofetadas completam o cenário. Na
maior parte do tempo, os personagens trocam insultos entre si independente do
grau de parentesco, seja com pais, mães, esposas, filhos. O núcleo familiar
parece um estádio de futebol no momento de jogo entre Brasil e Argentina. É
palavrão pra todo lado. Chega a ser cansativo.
Coincidentemente, o noticiário das páginas policiais relatam crimes
que parecem inspirados nesses extenuantes temas de horror.
MULHER TANAJURA – Não é só o
modo de vestir das mulheres e dos homens que denota essa característica de demência
da sociedade. O corpo feminino vem sofrendo mutações por meio de cirurgias
plásticas para aumento dos glúteos. Se o objetivo é tornar a mulher semelhante
àquelas formigas da espécie Tanajura, o êxito tem sido total. Quanto aos seios,
só faltam explodir – às vezes explodem mesmo – e chegam a ponto de competir em
volume com bolas de futebol. A deformação do corpo feminino pode ser indício da
deformação mental, da insanidade, que está tomando conta da sociedade.
A modernidade da qual se orgulham as contemporâneas de mente aberta
(?) absorveu o espírito circense, deformou o corpo feminino e, em lugar da
figura da mulher barbada ou mais gorda do mundo que lá se encontrava, criou a
mulher Tanajura. Não é mais necessário pagar ingresso no circo para ver a
figura caricatural da mulher. É só andar pelas ruas ou ligar a televisão.
A aparência dos homens, também, se encontra alterada. De repente,
grande parte deles, parece que acordou sob o efeito de uma metamorfose, tal
como aconteceu com o personagem da novela de Kafka, (Metamorfose), o qual, um
dia, acorda transformado num inseto horrível. Mutação involuntária, diga-se de
passagem; enquanto que os contemporâneos escolheram livremente manter a
aparência bizarra semelhante a de doente mental. Colares, brincos, tatuagens, piercings, cabelos espetados e lá vai ele, o protótipo do homem moderno, todo pimpão, desfilando a sua inconsequência.
Houve tempo em que o interesse do público voltava-se para histórias
dos que se destacavam como benfeitores da humanidade, para os grandes gênios da
ciência, da filosofia, da literatura, os heróis nacionais ou os pequenos heróis
do dia-a-dia, por seus atos de generosidade, honestidade, lealdade. Agora, o
interesse é saber o que se passa na mente dos loucos-criminosos e quanto mais
bárbaros mais interesse despertam. De quem será a responsabilidade? Do público
ou dos manipuladores desse lixo cultural?
Uma coisa é certa, a educação no país tem sido tratada como material
descartável. Verdadeiro monturo. Mas, como os descartáveis podem ser
reciclados, resta a esperança que ocorra essa transformação salvadora na educação em nosso país, sob as
bênçãos de Deus. Então, o interesse das pessoas se voltará para o que é vital e
luminoso e não para simulacros de morte e trevas.
rawinter@terra.com.br
rawinter@terra.com.br
Nenhum comentário:
Postar um comentário