A criança abandonada
Pais desconhecidos, local e data de nascimento ignorados e
sem nome próprio; a essa criaturinha desamparada e solitária costuma-se chamar
de “criança em estado de abandono”. E quanto à mãe que a abandonou, (ao
relento, no lixo, num lugar ermo ou num local público qualquer) como poderíamos
chamá-la? Falta-nos a resposta, mas, ocorre-nos uma afirmação feita por Jesus
Cristo, ao dizer: “Pois se vós, sendo maus, sabeis dar boas dádivas aos
vossos filhos”...(Lucas 11:13a). Com base nessas
palavras, conclui-se que essa mãe ultrapassou os limites da maldade, ao
abandonar o filho, deixando-o correr risco de morte, sofrendo frio, fome e
entregue a um destino incerto. Ultrapassou a linha de demarcação entre o humano
e o irracional e agiu de maneira satânica e pior que os animais, que costumam
cuidar de suas crias.
Lar? O que é isso? - Criada na sarjeta, como menina
ou menino de rua, ou mesmo em orfanatos, é como se essa criança tivesse surgido
do nada. A partir do momento em que lhe cortam o cordão umbilical, ela se vê
solta no espaço social, como um balão no firmamento. E, como um balão, não se
sabe aonde irá “cair”. O mais provável é que seja em ambiente inóspito. Sem
saber o que seja um lar ou a vida em família, seu mundo está tão distante do
das outras crianças como estaríamos nós da terra se nos encontrássemos,
repentinamente, em outro planeta. Sua vida desenvolve-se num tremendo vácuo
afetivo. Na ausência das figuras materna e paterna com as quais iria aprender a
relacionar-se amorosamente com as outras pessoas, sua sensibilidade fica
embotada e seus sentimentos petrificados. Até a inteligência pode ser afetada,
deixando de se desenvolver normalmente.
Como objeto - Essa criança, quando mais
crescida, por falta de estrutura emocional e intelectual, poderá não se adaptar
a circunstâncias que poderiam vir a favorecê-la, como uma adoção, por
exemplo. Traumatizada pelo sofrimento causado pela falta de afeto e cuidados
nos primeiros anos de vida, terá dificuldade de se adaptar ao novo ambiente e,
muitas vezes, é devolvida ao orfanato, (ou à rua, quando a adoção efetivou-se
de modo informal, por pessoas também carentes). Pode haver situação mais cruel,
deprimente e devastadora para a auto-estima de uma criança? Até para o adulto –
que não é cristão - a rejeição pode tornar-se motivo de depressão, suicídio ou
até homicídio. E note-se que a pessoa na idade adulta já deveria estar
preparada psicologicamente para suprir suas carências afetivas. Mas, nesses
casos, muitas vezes não está. E são inúmeros os casos que a mídia registra de
maridos (ou mulheres) abandonados que acabam matando o cônjuge que o rejeitou.
Imagine-se, então, o estrago que as rejeições devem fazer na mente e no coração
de uma criança.
Carência maior – Mergulhada na solidão absoluta, a
criança abandonada vê-se diante da maior das carências que é o desconhecimento
de que possui um Pai Eterno. E, que esse Pai cuidou para que todas as crianças
tivessem mãe e pai - ao que se saiba, nenhuma criança nasce em árvore ou
através de geração espontânea. Até mesmo o alimento perfeito para a nutrição e
sobrevivência dos bebês, o leite materno, foi-lhes providenciado por Deus,
nosso Criador. Agora, se a mulher repudia seu papel de mãe e foge covardemente
de suas responsabilidades, abandonando o filho, não se pode culpar a Deus
porque as coisas aqui na terra não correm tão bem como deveriam. O mesmo se
pode dizer do homem que repudia seu papel de pai. Daí, vermos tantas crianças e
adolescentes ao desamparo e até envolvidos com a criminalidade. Somos nós os
“agentes” de Deus no mundo. Se falharmos, as conseqüências, por certo, serão
catastróficas. E, no caso, o papel da mãe é fundamental na formação da criança.
Já nem falamos da omissão dos pais, pois historicamente os homens sempre
procuraram fugir de suas responsabilidades paternais quando os filhos são
frutos de aventuras ocasionais – o que não ameniza de forma alguma a sua
responsabilidade.
Outro aspecto da questão, a falta de dinheiro, não é
justificativa para se abandonar uma criança, nem esquivar-se da tarefa de
criá-la, porque há muito abandono de bebês na classe média e alta – o que
comprova que a falta de dinheiro não é o motivo principal do abandono.
Recém-nascido, deixado em banheiro de avião ou de shopping, como já se viu
acontecer, não pode ser filho de pessoa muito pobre. Quem é miseravelmente
pobre não entra em shopping e muito menos em avião. Mas, a responsável por essa
calamidade é a crueldade de mães irresponsáveis e que não conseguem imaginar a
que tipo de sofrimento irão expor a criança, abandonando-a. Observa-se, por
outro lado, que gente muito carente não deixa, devido à pobreza, de criar seus
filhos.
Pense bem
- Agora, um recado às mães que
não sabem o que fazer com o filho que está para nascer, o qual não desejam
criar. Pense bem, será que você
conseguirá encostar a cabeça no travesseiro e dormir tranqüila sabendo que o
seu bebê, abandonado, poderá sofrer maus-tratos, passar fome e frio e, até
mesmo, vir a ser vítima de abuso sexual? Ninguém merece destino tão cruel,
quanto mais uma criancinha inocente cuja maior necessidade é sentir-se amada e
protegida. Mãe, você é insubstituível
para ela. E tem mais, esse bebê, agora indefeso, poderá tornar-se um
delinqüente, um perigo para a sociedade, se for criado sem o seu amor. Ao
rejeitá-lo, você poderá estar condenando-o à danação eterna, caso ele venha a
enveredar para a criminalidade. Abandonando-o, você vai negar a ele, também, a
possibilidade de orar, desde pequeno, agradecendo a Deus pela mãe que tem, e
por ser feliz.
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