domingo, 24 de fevereiro de 2013

Trecho extraído do capítulo 6 (4) do livro Mensageiras da Ressurreição


                           A QUESTÃO DA AUTORIDADE DO MARIDO
 
A submissão da mulher à autoridade do marido configura, há séculos, uma pesada carga que ela carrega, confusa e estonteada no meio cristão, quando  não tem entendimento su­ficiente para bem interpretá-la. Na medida em que não sabe exatamente o que quer dizer a exortação bíblica que trata do assunto e diz: Vós mulheres sujeitai-vos a vossos maridos, como ao Senhor; porque o marido é a cabeça da mulher, como também Cristo é a cabeça da igreja: sendo ele próprio o salvador do corpo. (Efésios 5.22-23).
Por incrível que pareça, muitas ignoram que o tex­to refere-se unicamente aos maridos que são na verdade filhos de Deus. Pois, se assim não fosse, como poderia a luz (mulher cristã) sujeitar-se às trevas (marido ímpio)? Caso em que estaria havendo uma inversão dos valo­res espirituais. Suponhamos que se trate de um marido que envereda para o mundo do crime; a esposa, serva de Deus, deve respeitar sua decisão, apoiá-lo e ficar ao seu lado? Deverá usufruir dos produtos do roubo, se o ma­rido for ladrão? Concordar que maltrate os filhos e a ela própria, se for um espancador? Fazer de conta que não vê que é um corrupto, e usar o dinheiro obtido por meios ilícitos para alimentar a família? Isso nos faz lembrar o caso de Safira e Ananias (Atos 5). Safira, por encobrir e mentir sobre falcatrua cometida por Ananias, seu marido, morreu juntamente com ele aos pés do apóstolo Pedro.
Por falta de orientação sincera por parte de alguns líderes evangélicos, vemos muitas filhas de Deus ser es­pancadas por maridos ímpios – verdadeiros criminosos - e aguentarem anos de sofrimento, ao lado dos filhos. Sucede, muitas vezes que, ao tentar defender as mães esses filhos acabam agredindo e até matando o pai, en­veredando eles próprios, também, para a criminalidade. Seguramente, não é a esse tipo de marido – espancador e causador de tragédias familiares - que o texto bíblico se refere ao exortar a mulher a respeitá-lo.
A esposa subjugada pela prepotência do marido, muitas vezes, não tem sequer permissão para frequentar a igreja porque ele a proibe. Não será por suportar anos a fio de violência e opressão que ela irá salvá-lo. Não é por esse caminho que a salvação irá alcançá-lo. A Bíblia, que não foge à verdade, pergunta: Donde sabes, ó mulher, se salvarás teu marido? (1 Coríntios 7.16a).
Por outro lado, não se veja nesse texto impossibi­lidade absoluta de a mulher que clama a Deus por seu esposo vir a salvá-lo. Os exemplos são incontáveis do que pode a oração de uma esposa. Cada caso é um caso. Não se pode descontextualizar uma frase bíblica para não in­correr naquele conhecido erro de criar doutrina. Uma coisa é um marido incrédulo, outra coisa é um marido criminoso. Mesmo assim, não quer dizer que um crimi­noso não possa vir a se converter. Porém, isso precisa acontecer antes que ele destrua a família... Parafraseando Eclesiastes, podemos dizer: O coração da mulher sábia saberá discernir o tempo e o modo .
A sabedoria que vem do alto, certamente, saberá orientar as decisões da mulher, serva de Deus, que busca nEle auxílio (ao mesmo tempo em que procura aconse­lhamento de caráter prático e sincero por parte dos líde­res da Igreja).
Enfatizamos, ninguém nega o fato de que muitas mulheres, realmente, levam o marido incrédulo à salvação em Cristo, os exemplos multiplicam-se nesse senti­do. Ressalve-se, porém, que obtêm vitória as que seguem fielmente o Evangelho, por sua fé e pelo seu modo de vi­ver cristão e não por deixarem-se imolar pela sanha de um marido criminoso, como vítima da violência física e psicológica do cônjuge – o que o incitaria a agredi-la ainda mais, e a encaminhá-lo, de vez, para a perdição. Deus chamou-nos para a paz (1 Coríntios 7b) e não para a servidão; Jesus foi enviado para apregoar liberdade aos cativos. (Lucas 4.19). A esposa sábia deve lembrar-se, disso, também, e acrescentar essas palavras àquela que fala da submissão ao marido.
Portanto, não é por se deixar massacrar pelo mari­do que a esposa conseguirá salvá-lo. Seu sacrifício terá consequências desastrosas na vida dos filhos, criando neles revolta difícil de ser aplacada. Seguirão pela vida como pessoas desajustadas socialmente, verdadeiros so­ciopatas. Exemplos disso não faltam, pois, filho algum conseguirá apagar da memória as cenas de humilhação e maus-tratos sofridas pela mãe e as suas lágrimas.
Situações de sofrimento da esposa que, com sin­ceridade serve a Deus, fornecem temas para meditação por parte de todos os cristãos, principalmente dos líde­res, no sentido de perseverarem em busca de soluções para a paz da família de Deus. Podemos observar, porém, que nem todos os casos ocorrem, em nível tão rudimen­tar, ou seja, com maridos criminosos no sentido lato da palavra. Muitas mulheres de classe social mais favoreci­da, cuja família possui bom nível cultural e social lutam, igualmente, contra a agressividade – física ou psicológica - do marido, em silêncio, no recesso do seu “lar doce lar”.
Na verdade, (continua)...

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