ANTAGONISMO ENTRE A MULHER E O HOMEM
Com a entrada do
pecado no mundo surge o antagonismo, não somente entre o homem e a mulher, mas
a separação entre as pessoas configurando-se na estratificação social e racial:
judeu e grego, escravo e livre, homem e mulher todos vivendo em conflito sob o
peso da Lei.
O Novo Testamento,
porém, vem trazer boas notícias, de um novo tempo, agora, não mais de
separação mas de união da nova humanidade em Cristo:
A perspectiva da fé,
do batismo e da filiação divina, a insistência sobre o fato de que os batizados
se revestiram do Cristo, mostram qual é o horizonte de todo o desenvolvimento
- é a descrição da humanidade nova, regenerada em Jesus Cristo. A humanidade
antiga, submetida à dominação do pecado, estava dividida em grupos antagônicos.
Essas causas de cisão são superadas graças ao Cristo, que refaz sua unidade.
Os efeitos da criação
dessa nova humanidade, regenerada em Cristo, ultrapassaram as perspectivas da
liberdade individual dos cristãos. As boas novas do Evangelho mostraram seu
poder de alcance, pois, ao quebrar barreiras sociais e religiosas dentro do
universo cristão, configuraram-se como justiça social e democracia no mundo
secular. Naturalmente, por via de consequência, o princípio da igualdade em
Cristo veio atingir a sociedade civil, suas instituições e seu direito. Não
obstante seu objetivo primordial realizar-se na vida da Igreja, e o
estabelecimento desse princípio concretizar-se numa perspectiva batismal,
conforme se vê nas cartas aos Gálatas (3.27) e aos Colossenses (2.12).
Todos os setores da
sociedade foram bafejados pela liberdade. Foram alcançadas as áreas cultural e
religiosa, ao serem quebradas as barreiras que separavam judeus e gregos.
Hoje, sua repercussão se faz sentir nas leis que trouxeram a liberdade
religiosa para todo cidadão e a derrubada dos preconceitos raciais, sustentada
pela própria legislação dos países cristãos. No âmbito político e no econômico,
houve a supressão dos entraves sociais que colocavam em posições antagônicas
ricos e pobres (no passado, homens livres e escravos) e, finalmente, as causas
que atuavam negativamente no relacionamento entre a mulher e o homem foram
afastadas; a mulher alcançou sua liberdade como ser humano.
Se recorrermos à
História, veremos que a escravidão era um costume ratificado por lei, e que
pessoas de qualquer nação, independente de raça ou cor e, diante de determinadas
circunstâncias, podiam tornar-se escravas. Era o caso das populações
pertencentes às nações derrotadas nas guerras que, juntamente com os despojos,
eram levadas cativas para o país vencedor ou escravizadas no próprio país de
origem. Outrossim, pessoas que se endividavam e não podiam honrar seus
compromissos tornavam-se, juntamente com toda sua família, escravas do credor.
Por sua vez, os homens livres possuíam todos os direitos e os escravos nenhum.
Enquanto os homens livres ocupavam-se com seus interesses e negócios, os
escravos em princípio eram tidos como objetos de propriedade de outrem. Tanto
quanto as mulheres, eles eram tratados como se não fossem humanos.
Se algum movimento
social pode ser chamado de revolucionário, certamente, o cristianismo é o maior
deles – por se constituir no paradigma de um novo tempo e de uma sociedade
nova. E, mais ainda, na origem de uma nova raça: a dos filhos de Deus, adotados
em Cristo Jesus. Seus reflexos, inexoravelmente, chegaram à sociedade secular,
ultrapassando os portões da Igreja - tal qual o Sol que se levanta sobre bons e
maus, e a chuva que desce sobre justos e injustos, por misericórdia de Deus,
conforme nos faz observar o evangelho de Mateus (5.45).
A vitória do
cristianismo, porém, não foi alcançada por meio de guerras, nem exércitos
fortemente armados, batalhas sangrentas ou armas de poderoso alcance bélico. A
vitória foi ganha na cruz do Calvário, pelo sangue derramado por Jesus Cristo,
e confirmada no terceiro dia – em Sua gloriosa ressurreição. Entretanto, a
consagradora vitória final dar-se-á – em uma perspectiva escatológica - no
encontro de Jesus quando vier buscar Sua Igreja, nas bodas do Cordeiro.
(Apocalipse 19.9). (CONTINUA).
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