DISCÍPULAS E APÓSTOLAS
O aspecto da questão
que nos interessa diretamente diz respeito à crença, grandemente difundida, de
que a missão apostolar seria tarefa designada apenas aos homens. Crédulo, o
povo vê-se envolvido nesse engano que alcança, também, grande parte da classe
eclesial, como se o pertencer ao gênero masculino fosse condição sine qua non
para o seu desempenho no campo missionário.
Não obstante, inexiste
registro bíblico que confirme essa inverdade, e o texto do Novo Testamento
mostra bem o contrário. São chamados de apóstolos, como já foi dito, todos os
que foram testemunhas oculares da ressurreição, e foram designados pelo Senhor
ressuscitado para o trabalho missionário. Assim sendo, alguém pode negar que
falta às mulheres alguma dessas habilitações para serem consideradas apóstolas?
Elas foram, não só testemunhas oculares da ressurreição, mas, foram também as
primeiras a presenciar esse acontecimento, e designadas por Jesus para levar a
boa-nova aos demais discípulos – encarregadas, portanto, de uma missão, a maior
delas, incomparável, inaudita, miraculosa, para proclamar que Ele vive!
Aleluia!
As mulheres,
anteriormente, haviam-se destacado como fiéis seguidoras de Jesus, conforme
atestam os evangelistas. Lucas, (8.1,2,3) faz referência àquelas que
acompanharam o Mestre durante o Seu ministério itinerante na terra, bem como
àquelas que serviam a Ele com os seus bens; em outras palavras, eram
patrocinadoras do Seu ministério. Alguns nomes são citados: Maria Madalena,
Joana, mulher de Cuza, procurador de Herodes, Suzana e, conforme conclui, muitas
outras. Mateus, (27. 55-56) no relato sobre a crucificação de Cristo declara: E
estavam ali, olhando de longe, muitas mulheres que tinham seguido Jesus desde
a Galiléia, para o servir.
O texto menciona
alguns nomes: Maria Madalena, Maria mãe de Tiago e de José, e a mãe dos filhos
de Zebedeu. Ao falar sobre a sepultura de Jesus, novamente mostra Maria
Madalena e a outra Maria, assentadas defronte do sepulcro (v.61). No evangelho
de João (19.25) é mencionada a presença de Maria, mãe de Jesus, junto à cruz,
ao lado de Cléofas e de Maria Madalena. As mulheres possuíam, indubitavelmente,
todas as condições necessárias para ser consideradas discípulas de Jesus.
Admirável a atitude
das mulheres que seguiam a Jesus em sua constante peregrinação, dispensando a
Ele os cuidados para Sua subsistência diária. Levando-se em conta que, naqueles
tempos, não se podia contar com os recursos de hoje, como meios de transporte
rápidos e confortáveis, sistemas de comunicação de longo alcance, roupas
prontas, restaurantes e lanchonetes, a organização e a operosidade dessas
mulheres é de causar admiração às maiores empresárias e executivas de hoje.
Notável, também, era a sua coragem posto que, em momentos cruciantes de perigo
permaneceram firmes ao lado do Salvador. Obreiras esforçadas, sem dúvida
alguma, é um título mais que merecido. Ao referir-se à morte de Jesus, Witherington,
acentua o fato de que enquanto os seguidores do sexo masculino fugiram, um
grupo aparentemente grande de mulheres permaneceu no local da crucificação
(Mateus 27. 55-56 ; Marcos 15.40-41). Para os evangelistas, isto as tornou as
principais testemunhas oculares do evento.
Todo o relato
neotestamentário, inspirado pelo Espírito da verdade, leva-nos ao reconhecimento
de que as mulheres possuem todas as qualificações necessárias para fazer jus ao
título de discípulas de Jesus Cristo. Elas foram, além de testemunhas oculares
de Sua morte, as primeiras embaixatrizes da Ressurreição Seguidoras fiéis e
incansáveis que estiveram sempre ao Seu lado e atuaram como financiadoras da
causa do Caminho. Sem dúvida, suas biografias – mais que completas - confirmam
o direito de serem chamadas, sem qualquer sombra de dúvida, de discípulas do
Senhor.
Ao apreciar seus
feitos, Duncan A. Reily declara: A inevitável conclusão é que mulheres cristãs
já executavam o Ide de Cristo antes dos Doze. (Mateus 28.19,20).51
Os motivos que o
levaram a tal conclusão são encontrados, principalmente, no livro de Atos.
Reily destaca a atuação das mulheres durante a perseguição que sucedeu à
morte de Estevão (Atos 11.19), fator responsável pela primeira expansão
missionária.
Naquela ocasião, as
mulheres cristãs foram encarceradas em Jerusalém e caçadas nas cidades onde
procuravam refugiar-se, como Damasco (Atos 8.3; 9.2).
Naquele tempo, Paulo
ainda não havia tido o encontro com Jesus, na estrada de Damasco. Era, ainda,
Saulo, o perseguidor da Igreja, e não poupava nem as mulheres, as quais
encerrava na prisão da mesma maneira que fazia com os homens. (Atos 8.3).
Nesse ambiente de
grande aflição e perigo para a comunidade cristã, as mulheres não retrocederam
na fé, da qual deram grande testemunho não se calando, mas, continuando a
anunciar a palavra de Deus, contribuindo para o surgimento da Igreja desde Jope
até Antioquia e Chipre. (Atos 8. 3, 4; 9. 31, 36; 11. 19-21). (CONTINUA).
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