sexta-feira, 30 de dezembro de 2016

Trecho extraído do livro Mensageiras da Ressurreição

                                 PROFETISAS DO ANTIGO TESTAMENTO
Ao analisar o papel da mulher, como profetiza, no Antigo Testamento, o professor Eduardo Getão afirma: O Antigo Testamento legitima a tarefa bem como a validade das ações proféticas no cumprimento das profecias. Neste período observa-se o reconhecimento da missão profética desenvolvida pela mulher.
Apesar da grande importância que a profecia representou para o povo de Israel, o registro desses acontecimentos - no que concerne ao seu exercício por parte das mulheres – é parco em detalhes; o que pode ser creditado ao predomínio da linguagem androcêntrica da narrativa bíblica. A Bíblia, escrita por homens, deixa de registrar a maioria dos feitos realizados pelas mulheres. Ainda assim, o essencial foi escrito, e menciona grandes nomes femininos ligados à atividade profética como os de Miriã, Débora e Hulda. Os eruditos concordam com a afirmação de que as profetisas do Antigo Testamento realizaram um autêntico e verdadeiro ministério profético entre os filhos de Israel. Convém notar, também, que Miriã e Débora exerceram atividades políticas de grande importância para a nação israelense.
                                              MIRIÃ
Então Miriã, a profetisa, irmã de Aarão (e de Moisés), tomou o tamboril na sua mão, e todas as mulheres saíram atrás dela com tambores e com danças. (Êxodo15:20). Esse relato nos dá uma perfeita mostra da influência exercida por Miriã sobre as mulheres israelenses. Episódio no qual elas foram unânimes em segui-la na dança jubilosa de agradecimento a Deus, por ter livrado o povo
das mãos de Faraó. Por Ele ter aberto o Mar Vermelho
para Israel passar, Miriã entoava: Cantai ao Senhor, porque
sumamente se exaltou, e lançou no mar o cavalo e o
cavaleiro. (v.21). Tais palavras referem-se ao fato de que
após o povo de Israel passar, em seco, pelo meio do mar
e, tendo o exército do Faraó tentado segui-lo, foi tragado
pelas águas. Pereceram cavalos e cavaleiros levando consigo
todas as armas de guerra.
Sobre o desempenho de Miriã, Thomas R. Schreiner
declara: É simplesmente errado concluir que Miriã
ministrava apenas às mulheres. As histórias sobre Miriã
mostram que ela foi realmente uma figura pública, um
membro do trio de líderes em Israel.
                                      DÉBORA
Débora, profetisa, como claramente é declarado no
livro de Juízes 4. 4-5, associava esse ministério ao cargo
de juíza. Seu lugar de trabalho e de moradia era debaixo
das palmeiras, chamadas palmeiras de Débora, entre
Ramá e Betel, região montanhosa de Efraim (Juízes 4.5),
onde as pessoas se reuniam para os julgamentos sob a
sua autoridade.
Um aspecto pouco observado e difundido de sua biografia
é o seu lado guerreiro, no sentido literal da palavra,
posto que partiu dela a iniciativa de declarar guerra ao chefe
do exército de Canaã, chamado Sísera. Isso aconteceu quando
Israel achou-se num momento crítico de sua História, sob
grande ameaça desse povo inimigo. Havia vinte anos que os
israelitas vinham sendo pressionados pelos cananeus.
O motivo que levou Débora tanto a declarar a guerra
como a participar dela foi a atitude indecisa de Baraque
em cumprir a ordem de Deus a esse respeito. O
Senhor havia ordenado a ele atrair o exército inimigo ao
monte Tabor, levando com ele dez mil homens dos filhos
de Naftali e dos filhos de Zebulom, porque lhe daria a
vitória sobre Sísera. Porém, Baraque hesitava em pôr em
prática a orientação dada pelo Senhor. Por esse motivo,
Débora mandou chamá-lo, cobrando explicações. Baraque
respondeu que, finalmente, enfrentaria o exército
inimigo, mas, impôs uma condição, (Juízes 4.8b) iria somente
se Débora fosse com ele, caso contrário não iria.
Diante disso, Débora prontificou-se a acompanhá-lo.
A explicação que se tem quanto à atitude de Baraque,
procurando apoiar-se em Débora, seria por ignorar
a data em que deveria dar início à batalha. Ela poderia
ajudá-lo, ao profetizar sobre a questão, caso o acompanhasse
nessa luta. Explicação, a que as palavras dela vêm
corroborar, pois, quando já se encontrava no monte Tabor,
local designado para a peleja, diz a Baraque: Levanta-
te, porque este é o dia em que o Senhor tem dado a
Sísera na tua mão: porventura o Senhor não saiu diante
de ti? Baraque, pois, desceu do monte Tabor, e dez mil
homens após ele (v.14). O que, à primeira vista, poderia
parecer uma atitude pusilânime de Baraque - depender
da companhia de uma mulher para acompanhá-lo
na batalha - não foi mais que um recurso hábil de sua
parte por uma questão de prudência; visto que, contar com
a ajuda de uma palavra profética, indicando-lhe o melhor
momento para atacar o exército inimigo, representaria, sem
dúvida, grande vantagem. Outrossim, o fato mostra quão
respeitado e veraz era o ministério profético dessa mulher.
O desfecho da batalha dá-se com a vitória de Israel;
e, graças à missão patrocinada pela profetisa, a nação gozou
de estabilidade por quarenta anos. O mérito da vitória
coube a ela. Antecipadamente, Débora avisara Baraque sobre
essa questão, ao assentir em acompanhá-lo ao campo
de batalha. Os louros da vitória, avisou-o, não seriam creditados
a ele, mas a ela e, de fato, assim aconteceu.
Nesse episódio, não pode ser esquecido mais um
nome de mulher, o de Jael; protagonista de um incidente
violento, foi ela quem deu o golpe de misericórdia em
Sísera. (Juízes 4.18-24).
Não podemos deixar de lado, também, outro dos predicados
de Débora, qual seja, o seu talento de musicista. O
capítulo 5, de Juízes, é inteiramente dedicado ao registro do
seu cântico de vitória por Israel, entoado por ela na presença
de toda a nação. (Juízes 5.1-32). Num dos seus versos ela
exclama: Eu Débora, me levantei por mãe em Israel. (v.7b).
                                          HULDA
Na história de Judá sobressai, também, o nome da
profetisa Hulda. O relato encontra-se no livro de 2 Reis
22.14-18. Conforme sublinham alguns pesquisadores, o
rei Josias, deixou de consultar grandes profetas de seu
tempo, como Sofonias (Sf. 1.1) e Jeremias (Jr.1.2) para
recorrer à profetisa Hulda. O ocorrido deu-se na ocasião
em que o rei havia mandado restaurar o templo. Entre os
escombros, o sumo sacerdote Hilquias acha o Livro da
Lei que se havia perdido, e o entrega ao rei. O monarca
envia seus emissários, entre os quais o próprio sacerdote
Hilquias, além de Aicão, Acbor e Safã para indagarem
da profetisa a respeito de quais seriam as revelações do
Senhor sobre o conteúdo do Livro. Hulda, então, faz a
revelação ao rei: Porque grande é o furor do Senhor, que
se acendeu contra nós; porquanto nossos pais não deram
ouvidos às palavras deste livro para fazerem conforme
tudo quanto de nós está escrito (2 Reis 22.13b).
Como se vê, pelos relatos, foi inestimável o valor
do ato profético e, naturalmente, dos profetas e profetisas
para aquela sociedade. Como exemplo, observemos
as decorrências práticas da profecia de Hulda: o rei Josias
e o sacerdote Hilquias dependiam vitalmente dessas revelações.
Se analisarmos o fato pelo prisma da hierarquia
social, no que se refere à autoridade, Hulda ocupava uma
posição mais alta do que o rei e o sacerdote. Ambos encontravam-
se na depêndencia de suas palavras. Na falta
delas, eles estariam de mãos atadas para agir e decidir
sobre o destino do povo, e acerca de seus próprios destinos.
Estariam à mercê da sorte ou, o mais provável, à
mercê do azar. Firmado nas revelações de Hulda, que as
emitiu depois de haver consultado a Deus, o rei Josias reúne
todo o povo de Judá e de Jerusalém, e renova o pacto
com o Senhor.
A profetisa revelara-lhe que o Senhor tinha ouvido
o seu clamor e visto as suas lágrimas, e que ele não veria
todo o mal que cairia sobre o povo, porque iria em paz
para a sepultura antes que tudo acontecesse; e as coisas
aconteceram exatamente como ela previra.
A missão do profeta e da profetisa consistia em
colocar-se na presença do Altíssimo, para servir de intermediário
entre Deus e o povo – na qualidade de arauto
do Senhor. (1 Reis 17.1; 18.15). Todavia, na era da Graça,
em que vivemos, as profecias, a nós direcionadas, estão
registradas na Palavra – viva e santa, sobre todo o plano
que Deus tem para a humanidade, até o final dos tempos.
Revelações que se encontram disponíveis a qualquer momento
para qualquer pessoa, da mais simples àquela que
ocupa o lugar mais alto na pirâmide social. Das incontáveis
revelações da Palavra, extraímos esta na qual Jesus
Cristo afirma: Eu sou o caminho, e a verdade e a vida...à
qual Ele acrescenta, com letras de ouro: Ninguém vem ao
Pai, senão por mim. (Jo 14.6).
Quanto ao ministério profético das mulheres do
Antigo Testamento, os estudiosos são unânimes em reconhecer
a sua importância para o povo de Israel, bem
como a sua veracidade e autenticidade. É oportuno ter,
também, em mente que profetas e profetisas, ao lado dos
apóstolos, são o fundamento da Igreja. 

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