A REVOLUÇÃO DO AMOR
Partindo do postulado que reconhece em Jesus Cristo o autor e
consumador da libertação feminina, observemos outros fatos, tomados como
evidência dessa afirmação, sabendo que a evidência é um dos critérios da
verdade. Comprovação oferecida aos que necessitam de provas de que a libertação
da mulher é segundo a vontade divina. Sem esquecer, a par disso, que intento
popularizar as pesquisas exegéticas – estudo e interpretação dos textos bíblicos
por eruditos cristãos - no intuito de destacar a atuação das primeiras
mulheres cristãs no trabalho missionário. Desse modo, colocando ao alcance do
leitor leigo, na medida do possível, o resultado de tais pesquisas, além de
falar sobre minhas próprias convicções, inspiradas por Deus.
Não perdendo de vista, também, que foi a partir de Jesus e na
igreja primitiva, que a mulher passou a ser equiparada ao homem no trabalho
dentro da seara. Ainda que Jesus Cristo, de modo algum negasse a diferença entre
os sexos, houve pouca diferença no seu modo de tratar homens e mulheres. Ele
falava às mulheres como a seres humanos, e não baseado em diferenças sexuais.
Antes desse tempo, a mulher era tratada como se fosse menor
de idade, um ser incompleto que precisava amparar-se no homem, como em uma
muleta, para sobreviver socialmente. A autoridade masculina estendia-se a
ponto de interferir na prática religiosa da vida da mulher. O pai ou o marido
tinham direito até mesmo de anular os votos que a mulher fazia a Deus (Números
30. 1-16); caso ela pronunciasse alguma palavra impensada sob o calor de grande
aflição e, depois, tivesse dificuldade para cumpri-la.
Observemos os passos em que se desenvolveram as ações de
Jesus em benefício da mulher. Dentre as atitudes tomadas no sentido de que os
seus direitos fossem ampliados e equiparados aos do homem, fundamentamo-nos
nos seguintes episódios, ocorridos durante o Seu ministério terreno:
1) No perdão da mulher adúltera. Acontecimento que pode ser
considerado, repetimos, como o marco zero do processo de libertação do gênero
feminino, por Jesus Cristo. Nesse episódio emblemático da história da mulher
no relato do Novo Testamento, o nome da adúltera não é revelado. Ao procurar
identificá-la, muitas pessoas, enganam-se porque pensam tratar-se de Maria
Madalena o que, segundo o texto bíblico, não é verdade.
2) Na cura e no perdão, pela sua audaciosa atitude, da mulher
que padecia com um fluxo de sangue, havia doze anos, e que tocou nas vestes de
Jesus crendo que, com esse gesto, seria curada. Ela infringiu um preceito da
lei mosaica, a qual considerava imunda a pessoa que estivesse sofrendo de
qualquer tipo de hemorragia. Enquanto estivesse nesse estado não lhe era
permitido sequer tocar em outra pessoa (Lc 8: 43 – 48; Mt 9.20; Mc 5.25). Mas,
Jesus, deixando falar mais alto o sentimento de misericórdia que lhe era
peculiar, ao vê-la apresentar-se à Sua frente trêmula e amedrontada, em
resposta à Sua pergunta: Quem é que me tocou? Disse-lhe: Tem bom ânimo, filha,
a tua fé te salvou; vai em paz.
3) No perdão da “pecadora” que ungiu os pés de Jesus, em
público, durante o jantar na casa do fariseu chamado Simão. (Lc 7: 36 - 50); A
quem Jesus disse: Os teus pecados te são perdoados... e, ao despedi-la,
acrescenta: A tua fé te salvou: vai-te em paz. (vv.48 e 50).
No capítulo Ato das Apóstolas, falarei mais sobre esse
episódio - da “pecadora” - ao fazer menção a Maria Madalena com a qual
costumam, também, confundi-la.
4) Na libertação de Maria Madalena, a qual era oprimida por
espíritos malignos. Jesus expulsou dela sete demônios (Lc 8:2). Aceitou-a como
cooperadora em Seu ministério, o que significa dizer, como discípula; e não
consta que tivesse feito qualquer ressalva quanto à sua atuação, no meio de
seus seguidores, que pudesse ser vista como discriminatória.
5) Na conversa que Jesus teve com a mulher samaritana, o que
a levou a divulgar, entre o seu povo a notícia de que avistara o Cristo, uma
verdadeira revelação sobre a messianidade de Jesus. Saliente-se que os judeus
eram inimigos dos samaritanos, aos quais sequer dirigiam a palavra, porém,
Jesus ignorou a questão, quebrando mais esse costume. (João 4: 4 a 29). O
resultado desse diálogo foi que as boas novas do Evangelho foram proclamadas e
aceitas, pela primeira vez em Samaria, pela palavra dessa mulher.
6) Na compaixão que demonstrou à viúva de Naim, ao vê-la
chorando durante o cortejo fúnebre que levava seu filho morto. (Lc 7. 11-17).
E, vendo-a, o Senhor moveu-se de íntima compaixão por ela, e disse-lhe: Não
chores. E, chegando-se, tocou o esquife (e os que o levavam pararam), e disse:
Jovem, a ti te digo: Levanta-te. E o defunto assentou-se, e começou a falar. E
entregou-o a sua mãe (v.13-15). Uma simples viúva, pessoa insignificante
diante de uma sociedade que que desprezava a mulher e, na qual o pouco valor
que ainda merecia era segundo a sua condição de esposa e mãe. Condições das
quais a viúva de Naim se vira despojada, pois, como afirma o texto, havia perdido
o seu filho único. Socialmente falando, a mulher seria classificada como
fazendo parte da ralé, pois, não possuía mais nenhum dos valores reconhecidos por
aquela sociedade machista. (Continua).
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