PATRONAS E AS IGREJAS
DOMÉSTICAS
No Novo Testamento,
cinco entre seis passagens que falam sobre igrejas domésticas, mostram mulheres
na sua liderança e organização. E não há como contestar que servir como patrona
de uma congregação local incluía certas responsabilidades de liderança e
autoridade, como indica 1 Coríntios 16.15-19.
Em meio aos vários
registros de mulheres que organizaram e lideraram comunidades em suas próprias
casas, encontramos o de uma mulher chamada Ápia (Filemom 1.2), em Colossos,
liderando a comunidade local juntamente com Filemon e Arquipo. Em Laodicéia,
era na casa de Ninfa (Colossenses 4.15) que a igreja se reunia. A atuação de
Priscila, como patrona destaca-se pela amplitude, como é sabido, pois exercia
um ministério itinerante e, nas localidades por onde passava e residia, acolhia
a Igreja em sua casa. (Romanos 16.3-5; 1Coríntios 16.19; Atos 18. 1-2).
Além dos já citados,
são diversos os nomes de outras patronas, que aparecem como mantenedoras ou
fundadoras de igrejas domésticas. O nome de Cloé (1 Coríntios 1.11) é um
deles; o de Lídia, vendedora de púrpura outro. Além de patronas, não é demais
frisar, que as mulheres exerciam autoridade, na comunidade cristã, como
mestras e cooperadoras. Ademais, a casa de Lídia foi o ponto de irradiação do
evangelho em Filipos, (At 16.15).
Em Jerusalém, era na
casa de Maria, mãe de João Marcos, que a congregação se reunia. (Atos 12.12).
Foi nela que o apóstolo Pedro se refugiou após a fuga milagrosa da prisão.
(Atos 12. 7-11). Todos na casa, oravam pela sua libertação, de repente, uma
jovem, chamada Rode, avisou que Pedro se encontrava batendo à porta do pátio.
Ninguém deu crédito ao que a jovem dizia, pois, consideravam que estava fora de
si. Finalmente, certificaram-se de que era verdade (Atos 12.13-16). Desse episódio
podemos tirar duas conclusões. A primeira: por não darem crédito à palavra da
jovem, demonstraram a pouca confiança que merecia a palavra de uma mulher. A
segunda, o exemplo de que as casas das mulheres cristãs, além de
constituírem-se em igrejas domésticas (todos estavam orando) representavam
abrigos seguros, nas quais, muitas vezes, cristãos perseguidos refugiaram-se.
O que ressalta na
narrativa, porém, é a lição de coragem de Maria, a mãe de João Marcos. Ela não
temeu expor-se ao perigo de receber Pedro em sua casa, embora o apóstolo fosse
considerado foragido da justiça romana, em época de inclemente perseguição aos
cristãos. Sem temor, Maria transformara sua casa num ponto de reunião da
cristandade para os cultos a Deus, e em um local para acolher os discípulos
perseguidos. O ato de coragem se reveste de maior grandeza quando lembramos que
havia a instituição da pena de morte, na perseguição aos cristãos, que teve início,
primeiramente, por parte dos judeus e, posteriormente, por parte do governo
romano. Ameaças surgiam de todos os lados, assombrando o dia-a-dia da
cristandade que, apesar de todo o perigo, prosseguia indômita na tarefa
missionária.
As igrejas domésticas,
conforme ensina a História bíblica, constituíram a célula básica do movimento
cristão. Foi lançando mão desse recurso que a Igreja se expandiu em função do
trabalho de missionárias e missionários itinerantes. De cidade em cidade, os
discípulos dependiam da acolhida desses núcleos domésticos para dar-lhes
hospitalidade e abrigá-los nos momentos de perigo. Eram acolhidos, ainda que os
proprietários das casas não os conhecessem, os quais para recebê-los confiavam
apenas nas cartas de recomendação das igrejas donde os apóstolos provinham, ou
pela fama que os precedia como diligentes servos de Deus.
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