Capítulo 12
TEOLOGIAS DA REDENÇÃO
1. Teologia do Mistério Pascal
Em estudo realizado pelo teólogo François Xavier Durrwell, encontramos
uma síntese a respeito das diversas teorias acerca da ressurreição. Trata-se
de pesquisa de caráter didático na qual o autor divide o assunto em três temas
principais. À primeira teoria, ele dá o nome de Teologia do Mistério Pascal, a
qual abordaremos, resumidamente, ao lado das outras duas, às quais ele nomeia
de Teologia Jurídica e Teologia Substitutiva. De início o autor declara o
seguinte: Quando se afirma que Jesus, morto e ressuscitado, tornou-se em
plenitude aquilo o que já é desde o começo, o Filho de Deus no Espírito Santo,
está-se afirmando tudo o que se pode afirmar a respeito do mistério pascal. Mas
é preciso complementar a afirmação: ele morreu e ressuscitou por todos nós (2
Coríntios 5.15). Em seu mistério pascal, Jesus é o Salvador, pois é por nós que
o Pai o gera no Espírito Santo e que Jesus se deixa gerar.
Ao falar da morte de Jesus não se pode perder de vista, segundo
enfatiza a referida teoria, que Jesus ressuscita Filho de Deus (Atos 13.33) no
Espírito Santo (Romanos 8.11). Esse é um ponto chave do mistério pascal, o que
implica numa conotação única da palavra morte, e a faz diferir do significado
que, comumente se dá à palavra. Jesus não morre simplesmente: Ele morre para o
Pai que O ressuscita no Espírito Santo para a eterna glória.
Outra observação de suma importância, destacada pelo teólogo, sublinha
o fato de o mistério da morte e do nascimento – páscoa é um nascimento – serem
dois aspectos de um único mistério. A própria existência terrestre de Jesus já
exibia esses dois ângulos que se fundem em um só, e que são amplamente
destacados em diversos livros dos Evangelhos, tais como: Lucas (1.35);
Filipenses (2.6-7-8); Hebreus (10.5s); João (12.32) e Atos (13.33).
Ao meditar sobre as questões propostas, a atenção volta-se em direção
ao paralelismo com as palavras pronunciadas por Jesus sobre sua morte e
ressurreição: Por isto o Pai me ama, porque dou a minha vida para tornar a
tomá-la. (Jo 10.17). Morte e nascimento conotam a mesma realidade, a qual nos
remete ao momento em que, na cruz, Jesus exclamou: Pai, nas tuas mãos entrego o
meu espírito. E havendo dito isto, expirou. (Lucas 23.46b). No passo seguinte,
isto é, na ressurreição, Jesus retoma o Seu mesmo corpo, agora, glorificado; e
acerca de Seu espírito - parece clara a conclusão a que o autor nos quer fazer
chegar, - o Salvador não viu a corrupção porque o Pai o susteve em Suas mãos, e
O gerou para a eterna plenitude. Em conclusão, podemos crer que o Seu espírito
não experimentara a morte. Jesus Cristo, o Alfa e o Ômega, o Princípio e o Fim
– portanto, Eterno e indestrutível - tornar-se-ia em plenitude tudo o que
sempre fora: o Filho de Deus no Espírito Santo, finalmente, podendo ter
conhecida a sua verdadeira identidade. Não seria mais como no passado, quando
proibiu os Seus discípulos de dizer a quem quer que fosse, que Ele era o
Cristo. Episódio registrado em Mateus 16.16, diante da revelação de Pedro: Tu
és o Cristo, o Filho de Deus vivo.
Assim como pelo poder do Espírito Santo, o Pai gerou Jesus no ventre
de Maria, ao ressuscitá-lO, por esse mesmo poder, devolve-O à Sua real e eterna
plenitude. O Filho do Homem retoma sua verdadeira identidade, a de Filho de
Deus no Espírito Santo. (Continua).
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