DISCIPULADO FEMININO
Seria, também, deixar de lado discípulos secretos de Jesus, como José
de Arimatéia, que foi a Pilatos pedir o corpo do Senhor para colocá-lo no
sepulcro: E vinda já a tarde, chegou um homem rico de Arimatéia, por nome José,
que também era discípulo de Jesus. (Mateus 27.57). O evangelho de João faz
idêntica referência a José de Arimatéia, acrescentando O que era discípulo de
Jesus, mas oculto, por medo dos judeus. (19.38a).
Aqueles dois discípulos a caminho de Emaús, referidos no evangelho de
Lucas (24.13) também, vêm confirmar a realidade sobre o número dos que eram chamados
de discípulos do Senhor, que excedia em muito o grupo dos Doze. Um dos dois,
cujos nomes não são mencionados pelos evangelistas, costuma ser identificado
como sendo Cléofas, de vez que sua ligação com os Onze era notável.
A prudência e o bom senso aconselham, antes de precipitar-se nesse
tipo de conclusão, esclarecer o conceito abarcado pela palavra discípulo ou
apóstolo no contexto bíblico. Conforme ensina a Teologia:
Segundo Paulo, a qualidade de apóstolo não se limita aos Doze. São
apóstolos todos os que foram testemunhas oculares da ressurreição e que foram
designados pelo Senhor ressuscitado para o trabalho missionário (1Coríntios 9).47
A palavra apóstolo, em seu sentido original, significava mensageiro a
quem era delegada uma determinada tarefa. Nas cartas de Paulo, o seu
significado é especificado, e designa um mensageiro enviado pelo Ressuscitado.
Na medida em que nem todo apóstolo era membro dos Doze, o termo
“apóstolo” parece haver conotado originalmente um círculo independente e mais
compreensivo de liderança na igreja primitiva.
Pode-se identificá-lo como uma espécie de alicerce sobre o qual a
história da Igreja desenrola-se. Com efeito, a referência aos Doze, encontrada
em Mateus 19.28 e Apocalipse 21.14, poderia corroborar a idéia de que se trata
somente daquele grupo que, no início, fora escolhido por Jesus. Contudo, uma
leitura mais atenta desses textos mostra referir-se, não só a um grupo de doze
homens, mas à função que teriam todos os discípulos de Jesus, para Israel, no
futuro escatológico.
Observemos a mencionada citação de Mateus: E Jesus disse-lhes: Em
verdade vos digo que vós, que me seguistes, quando, na regeneração, o Filho do
Homem se assentar no trono da sua glória, também vos assentareis sobre doze
tronos, para julgar as doze tribos de Israel. É importante esclarecer que, no
tempo de Jesus, das doze tribos de Israel somente restavam duas e meia, donde
se deduz que o número doze é claramente simbólico. Assim, a venerável
expressão Doze Apóstolos tem, apenas, um significado escatológico e simbólico.
Na citada menção de Apocalipse - E o muro da cidade tinha doze
fundamentos, e neles os nomes dos doze apóstolos do Cordeiro – “não se diz que
os Doze são o fundamento da Igreja, mas, sim, da Nova Jerusalém, o que é
claramente uma realidade escatológica”.
Não se trata de Israel, com referência à sua constituição histórica,
mas, de seu futuro escatológico - da Santa Cidade [...], que de Deus descia do
céu, adereçada como uma esposa ataviada para o seu marido... - segundo a visão
do apóstolo João, registrada em Apocalipse 21.2. (Continua).
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