quinta-feira, 25 de fevereiro de 2016

                        CONSIDERAÇÕES SOBRE O ÓDIO

                                                                          Rachel Winter

Certa vez, encontrava-me num ônibus lotado e, naquele sufoco, fiquei irritada  com as cotoveladas e grosserias de algumas pessoas, que não se afastavam um milímetro para facilitar a passagem dos outros. E porque os que estavam em frente às portas não recuavam um mínimo que fosse dificultando muito  a saída.
Tive, então, uma reação curiosa – muitos podem até achar engraçada dada as circunstâncias em que me encontrava - pois, pensei: Foi por todos estes que Cristo morreu. O que me levou a concluir, também, que a irritação momentânea ou habitual contra as pessoas é um caminho aberto em direção ao ódio. Assim como aquele defeito muito difundido de analisar as pessoas pela aparência: uma porque é gorda, outra porque é magra ou tem o nariz grande, é baixinha ou alta demais, é mal-encarada ou mal-educada, tem os dentes horríveis, ou por causa da cor, e assim por diante. Sentimentos que se constituem em sementes do mal posto que poderão dar origem a frutos malignos se não vigiarmos, como manda a Palavra de Deus, a qual dá ênfase à pureza do nosso olhar:  A candeia do corpo são os olhos; de sorte que, se teus olhos forem bons, todo o teu corpo terá luz. Se, porém, forem maus, o teu corpo será tenebroso. (Mateus 6. 22, 23a).
Por sua vez, a Lei Civil classifica tais atitudes como preconceito. Mas, a Lei humana (imperfeita como tudo o que é humano), nada pode fazer para extirpar esse mal do coração das pessoas.  Além de deixar muitas lacunas, por exemplo, na proteção contra o preconceito no caso das pessoas bonitas, inteligentes, cultas ou ricas. Parece incrível, mas, existe esse tipo de preconceito.  Inclusive contra os que fazem sucesso e são famosos. Caetano Veloso disse, certa vez, que fazer sucesso no Brasil é crime. E ele sabe do que está falando.
A implicância contra essas pessoas bem dotadas chega a ponto de torná-las vítimas de perseguição no ambiente de trabalho ou nas escolas. Perseguições que ganharam até nome próprio. No primeiro caso, assédio moral e, no segundo, bulling.
É o "olho mau" em ação constante e que não para por aí. Vejamos os dois lados da questão. Se alguém, seja homem ou mulher, apresenta uma aparência deselegante e pobre as pessoas torcem o nariz em sinal de desprezo; porém, se é elegante e bonita, empinam o nariz, murmurando:  pensa que é grande coisa...
 É bastante evidente os maus olhares que as pessoas trocam nos eventos sociais ou em qualquer outra circunstância, até mesmo na família. Há uma prevenção maligna generalizada contra o outro.  Por que isso acontece? A bendita Palavra de Deus fala da necessidade de amar o próximo como a si mesmo. Trata-se do segundo Mandamento citado por Jesus Cristo, na ocasião em que uma pessoa, um escriba, perguntou-lhe qual seria o primeiro de todos os mandamentos. Jesus respondeu: Amarás o SENHOR teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma, de todo teu entendimento e com toda a tua força. E, o segundo é este: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. (Marcos 12. 28 a 31). 
Como, então, olhar o nosso próximo com o olhar turvado pelo preconceito, pela raiva e pela superficialidade? Esse, certamente, é um caminho tortuoso e apresenta muitos perigos. Tende a nos impedir de amar o próximo. Parece pouca coisa, insignificância. Mas, não é. Seus desvios podem levar ao desamor, à raiva e ao ódio.  E é seríssima a acusação que lemos na Bíblia sobre esse sentimento terrível que é o ódio: Todo aquele que odeia o seu irmão é homicida e sabeis que nenhum homicida tem a vida eterna permanecendo nele. (1 João 3. 15). Fica bem claro que, para ser considerado assassino, não precisa chegar ao fato de tirar a vida de alguém. Aliás, antes de pôr em prática o crime propriamente dito, o criminoso já o praticou em pensamento, pois, do pensamento precedem todos os nossos atos, bons ou maus.  
Observando a situação de criminosos reais e já condenados pela Justiça, observa-se o quanto o ódio foi devastador na vida deles. Ao acabarem com a vida de quem odiavam, tiveram as suas próprias vidas completamente arruinadas. Tornaram-se prisioneiros e miseráveis. Sabemos que jogadores de futebol, esportistas, artistas famosos e outras tantas celebridades que levavam uma vida milionária, gozavam de admiração e respeito na sociedade, perderam tudo, conforto, sucesso e muito mais ao deixarem-se arrastar por esse sentimento devastador que é o ódio. Tornaram-se execráveis perante a sociedade que antes os admirava. Até mesmo dentro das famílias, pais ou mães que mataram seus filhos, e filhos que mataram seus pais, encontra-se gente de nível social elevado, muitos deles cultos, com diplomas de nível superior e que, de uma hora pra outra, viram-se arruinados financeira e moralmente, porque se deixaram levar por esse sentimento maligno.
Por que não trocar o ódio pelo amor? O alcance dessa mudança de rota levará o caminhante a percorrer aquele "Alto caminho, um caminho que se chama O Caminho Santo; o imundo não passará por ele, mas será para o povo de Deus; os caminhantes até mesmo os loucos não errarão." (Isaías 35. 8). E, por onde o imundo não passa não há destruição, nem desolação nem se acabam os sonhos de felicidade, alegria e paz, muito menos vidas são ceifadas, ou devastadas.
 



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