O OLHAR MASCULINO
Rachel Winter
Quando será que todos os homens - que se dizem cristãos
–reconhecerão plenamente o direito de a mulher exercer o ministério pastoral?
Essa pergunta se impõe ao observar-se a resistência que, até mesmo, alguns
pastores demonstram ao não aceitarem ou permitirem que a mulher ocupe o púlpito
da igreja. Parece que eles não se deram conta de que foram as mulheres as encarregadas
de anunciar a ressurreição de Cristo, e de maneira gloriosa essa missão
foi-lhes dada pelo próprio Senhor Jesus, no momento que se seguiu à Sua
ressurreição. Glória a Deus! Daí, outra pergunta: será que esses homens
entendem mais a respeito do lugar ocupado pela mulher no mundo espiritual do
que Jesus? Nesse sentido é oportuno observar o que diz o apóstolo Paulo sobre
os que são de Cristo, em Gálatas: 3: 27 e 28: “Porque todos os que fostes
batizados em Cristo já vos revestistes de Cristo. Nisto não há judeu
nem grego; não há servo nem livre; não há macho nem fêmea; porque
todos vós sois um em Cristo Jesus”.
Ao que parece, os homens que se mostram preconceituosos e
contrários à atuação das mulheres como pastoras, realmente, não possuem ainda a
mente de Cristo, condição própria daquele que, nascido de novo, está revestido
do poder e da visão de Deus. Jesus escolheu aquele grupo de mulheres, revestidas
de seu espírito, para levar a mensagem da ressurreição quando disse
a Maria Madalena: “Mas vai para meus irmãos e dize-lhes que eu subo para meu
Pai e vosso Pai, meu Deus e vosso Deus. Maria
Madalena foi e anunciou aos discípulos que vira o Senhor, e que ele lhe dissera
isto” (João 20: 17b e 18). De modo que sendo as mulheres cristãs membros do
corpo de Cristo, e filhas de Deus, tanto quanto os homens cristãos, possuem,
como estes, o mesmo direito de pregar o Evangelho, prova disso foi a atitude de
nosso Salvador, confiando-lhes aquela missão divina.
O teste de Madalena – Se perguntarmos, não somente
aos homens, mas até mesmo às mulheres, o que lhes vem à cabeça quando se fala
de Maria Madalena, a resposta é imediata: Ela foi aquela “pecadora” de quem
Jesus expulsou sete demônios. Pura verdade, sem dúvida.
Contudo, seu pecado não teve nada a ver com prostituição,
como a maioria das pessoas pensa. Na Bíblia não há qualquer palavra que indique
isso. E mais, raramente lembram-se do mais importante na sua vida que foi o
fato de ter sido a primeira pessoa a encontrar-se com o Cristo ressurreto. Ô
glória! As pessoas não costumam dar destaque a esse acontecimento que revela a
elevada estatura espiritual de Maria Madalena. Será que perante os cristãos ela
já foi plenamente redimida de seu passado, como o foi perante Jesus Cristo? Ao
tecer essas considerações, falamos daquilo que todos já sabem, ou seja, da
tendência humana de olhar através dos olhos da carne sempre prevalecendo sobre
o olhar através dos olhos do espírito. Mas, todo tempo é tempo de clamar a Deus
pelo aperfeiçoamento de nossa mente e do nosso coração.
Projeção da fêmea – Em Psicologia, é chamado de
Projeção o ato de projetar nos outros os nossos próprios sentimentos ou
impulsos, e de achar que a outra pessoa, alvo dessa projeção, está sentindo ou
desejando o mesmo que nós. (Observe-se, nesse sentido, os casos de homens que
atacam sexualmente as mulheres e costumam afirmar que elas estavam se
“oferecendo”). A palavra projeção é usada para esse fenômeno, pois ele
assemelha-se à projeção de um filme numa tela. Os sentimentos são como que
fotografados e lançados sobre a outra pessoa como se a outra pessoa fosse a
tela. Os homens – ainda que do meio evangélico - que insistem em “ver” a mulher
apenas como fêmea, não conseguem entender que ela possui um espírito, o qual
foi salvo e liberto de todo o pecado por Cristo, então costumam projetar a sua
própria concupiscência, os seus desejos carnais na figura feminina. Através
desse olhar caracteristicamente masculino, eles projetam sua lascívia,
observando “caras e bocas” e acabam concluindo que a mulher é apenas um ser
sensual, capaz de os induzir ao pecado. Realmente, diante desse retrato – feito
por eles em suas próprias mentes - no qual se destacam apenas as
características físicas femininas, fica difícil aceitar que a mulher ocupe o
púlpito. Repetimos, através desse olhar lúbrico masculino a espiritualidade da
mulher fica, na mente desse homem, escamoteada, surrupiada, como se não
existisse. Mas, com certeza, não é assim
que Jesus Cristo vê a mulher. Logo, ao entrarem num lugar sagrado como é o
templo do Senhor, ou quando tratarem de assuntos a ele relacionados, os homens,
contrários à atuação feminina nos púlpitos, devem antes procurar o
discernimento espiritual sobre esse assunto, uma vez que: “O homem natural
não compreende as coisas do Espírito de Deus, porque lhe parecem loucura; e não
pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente”. (1ª Aos
Coríntios 2:14).
Autoridade do marido – Um fator bastante polêmico,
quando se trata do direito da mulher de dirigir uma igreja, é que dentro do
lar, a autoridade deve ser exercida pelo marido e não pela mulher. Segundo a
palavra de Deus, em Efésios 5: 22, lemos: "Vós, mulheres, sujeitai-vos a vosso marido como ao SENHOR; porque o marido é a cabeça da mulher, como também Cristo é a cabeça da igreja, sendo ele próprio o salvador do corpo." Neste texto observamos duas espécies
de autoridade bem distintas e que não podem ser confundidas entre si, como
sendo uma (a do marido) a extensão da outra (a de Cristo). Nessa passagem
bíblica há apenas uma comparação entre as duas. De maneira bem simplificada,
pode-se entender o seguinte: o marido (cristão) manda na sua casa e Jesus
Cristo manda na Igreja. A Bíblia está falando da autoridade terrena do marido e
da autoridade espiritual de Jesus Cristo. Em
contraposição, em nenhum trecho da
palavra de Deus vemos que a mulher deva ser submissa ao marido no sentido
espiritual. Jamais a Bíblia afirmou que o espírito do marido tem autoridade
sobre o espírito da mulher. Por conseguinte, de sua vida espiritual ela só tem
que dar contas a Deus. Se em casa deve submissão ao marido (no caso de ser o
marido pessoa de bem, servo de Deus, e não um bandido), na igreja ela pode
exercer o papel de líder espiritual, sem constrangimento algum, e sem que isso
signifique qualquer tipo de rebeldia conjugal - pois a própria palavra de Deus
a apóia quando afirma sermos todos “um em Cristo Jesus”. Perante
Deus, não há barreiras de posição social, nem de religiosidade e muito menos de
sexo, o que importa é estar sob a graça de Jesus Cristo para poder divulgar a
sua mensagem.
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