O VERDADEIRO AUTOR DA LIBERTAÇÃO FEMININA
Creio que, se as mulheres soubessem, no que tange à sua emancipação, o que devem a Jesus Cristo, certamente, escolheriam não apenas um momento para dar-Lhe graças, mas, dedicariam todos os dias de sua vida para agradecer-Lhe por essa bênção sem par. A graça redentora de Deus, ao nos dar a vida eterna concedeu-nos, também, aqui na terra, o direito de desfrutar de uma vida saudável de liberdade e paz. Iconoclasta, Jesus Cristo afrontou todas as leis e todos os costumes que oprimiam as mulheres a fim de libertá-las. Disputando com os fariseus, levava-os ao desespero ao colocar-Se sempre a favor dos direitos da mulher, fosse para livrá-la das garras da lei, em sentenças de morte, ou do pesado jugo constituído pelos costumes judaicos e pelo legalismo dos fariseus.
No mundo, muitas facções reivindicam a autoria da vitória
pela emancipação social da mulher, sem se reportarem ao verdadeiro Autor dessa
tremenda revolução social. Talvez, nem sequer O conheçam e, por isso, ignoram
a Fonte donde emanou esse benefício para todo o gênero feminino - Jesus Cristo,
o Libertador.
A mulher foi tirada da marginalização social em que
permaneceu durante tanto tempo, maltratada, amordaçada e violada em seus mais
comezinhos direitos individuais e sociais. Tratada como um ser inferior e
juridicamente incapaz por uma legislação caracteristicamente androcêntrica sob
a qual era, apenas, uma sombra do homem - o negativo da fotografia. Pior ainda,
vista como amaldiçoada descendente de Eva, tratada injustamente como
protagonista da Queda. Culpada sim, reconheçamos, mas em menor grau que o homem,
pois, ele é o responsável; ela a co-responsável.
Todavia, não foi sob tal perspectiva que a mulher percorreu
todos os séculos, vergada sob o peso de uma culpa imperdoável perante os olhos
da sociedade, e de algumas religiões. Era como se Adão não possuísse, tanto
quanto Eva, poder soberano de decisão e escolha entre o bem e o mal, com o
agravante de que foi a ele, e não a ela, que Deus ordenara não tocar na árvore
da ciência do bem e do mal (Gênesis 2.17). A carga maior de culpa, que deveria
ter pesado sobre os ombros dele, tem sido carregada por ela.
Hoje, porém, as coisas começam a mudar. Tanto na igreja como
na sociedade há um clamor por justiça, no sentido de devolver à mulher o
direito à liberdade que lhe foi sonegado no decorrer dos séculos - vitória
concedida por Cristo a todo o gênero feminino. Neste livro, pretendo dar destaque às
passagens dos textos bíblicos que relatam a atuação da mulher nos tempos de
Jesus e da igreja primitiva, lançando mão, também, de trechos do Antigo
Testamento concernentes ao assunto. Para essa finalidade busquei apoio na
exegese de renomados autores cristãos. Serão incluídas, ainda, no final de
alguns capítulos, frases de autoria de filósofos, intelectuais famosos,
religiosos, cientistas e médicos numa mostra da idéia que, no passado, tinham
acerca da mulher. A reunião de frases será englobada sob o título de Memorial
da Discriminação. Pelo título presume-se que seus conceitos não eram nada
favoráveis ao gênero feminino. Como se verá, disseram coisas cruéis, estapafúrdias
e, até mesmo, hilariantes; a maioria, inacreditável. Pareciam falar de um ser
de outro planeta. Diante de tanta sandice, chega-se a uma pergunta elementar:
será que eles não tiveram mãe?
A humanidade demorou muito para entender a operação de Cristo
em prol da libertação feminina. No lodaçal de idéias falsas e dos preconceitos
em que se viu envolvida a mulher, é como se o gênero feminino tivesse ficado
fora da Nova Aliança; como se Jesus Cristo tivesse vindo para salvar apenas a
metade masculina da humanidade. Aliás, chegou-se a cogitar que a mulher não
teria uma alma imortal, colocando-se em dúvida até mesmo se seria humana.
Parece piada, mas, aconteceu no final do século 16. O registro desse debate de
mau gosto, ocorrido em 1595, consta do livro Are Women Human? (As mulheres
são humnas de autoria e Manfred P. Fleischer). (CONTINUA).
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