O ÓVULO DA MULHER
Até o ano de 1827, a Medicina não tinha conhecimento da existência do óvulo da mulher. Desconhecimento que foi responsável pela criação de mirabolantes teorias sobre o corpo feminino, por parte de filósofos, médicos, cientistas, literatos, enfim pela nata da intelectualidade de todos os tempos. Ideias como a de Aristóteles, filósofo grego, segundo a qual a mulher não contribuía no processo de reprodução com material produtivo para a formação do feto. Para ele, só o homem era a parte criativa e doadora de vida; ela era meramente uma nutridora biologicamente passiva. Aristóteles declarava o sexo feminino inferior, por natureza. Sua definição de mulher era a de homem incompleto, defeituoso. Considerava a mulher inferior tanto do ponto de vista físico como no caráter: Devemos considerar o caráter da mulher como algo que sofre de certa deficiência natural.
Suas ideias influenciaram grandemente a Idade Média. Com relação à fictícia imperfeição do corpo feminino, as ideias aristotélicas influenciaram até mesmo os Reformadores. Haja vista, concordarem em ver a mulher apenas como uma nutridora biologicamente passiva.
Contudo, em fins do ano de 1600, portanto, antes da descoberta do óvulo feminino, o tema sobre a natureza física da mulher passou a ser alvo de acirradas discussões nos meios médicos da Renascença. Finalmente, as inteligências dos doutores desembotaram-se e eles chegaram à conclusão, de modo consensual, que a anatomia feminina era perfeitamente normal e distinta da anatomia masculina.
Resolvida a questão, concordaram os luminares da inteligência científica que, na anatomia feminina, não havia carência alguma, e que a mulher não seria, então, como afirmava, também, Tomás de Aquino, um homem incompleto, um ser ocasional; ideia bem semelhante a de Aristóteles sobre o assunto. Dentre os leigos, todavia, subsistiam dúvidas. Ainda até bem pouco tempo, duvidava-se da capacidade intelectual e da robustez física da mulher, supondo-se que o seu cérebro seria inferior ao cérebro do homem. Os efeitos da falta de conhecimento da fisiologia feminina, referentes ao processo reprodutivo, que se fizeram sentir até a segunda década do século 19, influenciaram negativamente o pensamento medieval e renascentista. Até os religiosos incidiram em erro ao tentar entender o papel da mulher para gerar um filho.
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