terça-feira, 8 de maio de 2012

Trec ho extraído do capítulo 1 do livro Mensageiras da Ressurreição

 Destaco, agora e sempre, a importância da autoria do projeto inicial da emancipação da mulher por Jesus Cristo; Ele é seu verdadeiro autor e consumador – porque não cai uma folha de árvore sem que seja da expressa vontade de Deus. Verdade que salta aos olhos ao remontarmos às origens - ao Novo Testamento - ao ponto inicial, a fim de reconhecer o marco zero de nossa caminhada libertária. Ao lembrar aquele momento em que Jesus escrevendo com o dedo na areia, levantou os olhos e disse para a mulher adúltera, trazida à sua presença, que não a condenava.
Aquele foi o primeiro de subseqüentes abalos a sacudir o código de leis judaico e a repercutir sobre os conceitos de (in)justiça do mundo greco-romano. Nestes, a mulher era ainda muito mais inferiorizada, apesar das raras exceções, em ambos os contextos, que serviam apenas para confirmar a regra geral de violência e opressão.
A marcha feminista que se desencadeou em dois níveis, quais sejam, na sociedade civil e na igreja, movimentou-se em ritmo desigual. Surpreendentemente, cristãos e cristãs avançaram mais lentamente. A defasagem entre os dois segmentos é visível no presente momento. Algumas denominações evangélicas, é verdade, apoiam integralmente até mesmo o ministério pastoral da mulher; outras, porém, reconhecem apenas parcialmente o seu direito de trabalhar na missão evangelística (desde que não exerça autoridade como líder); e ainda meditam sobre o que seria ou não permitido à mulher realizar. Enquanto que, em outras denominações, sua atuação limita-se à execução de trabalhos manuais dentro do ministério de assistência social, onde lhe é permitido, quando muito, colaborar na ajuda aos necessitados e cuidar dos trabalhos de limpeza da igreja. Trabalho honroso, sem dúvida, mas, de âmbito limitado.
No segmento católico, por sua vez, mulher receber o ministério ordenado é assunto totalmente fora de cogitação. As mulheres conquistaram o mundo, mas, continuam como mendigas esmolando à porta de muitas igrejas por um espaço no púlpito ou pela oportunidade de participar das decisões concernentes à vida da igreja.
Uma mulher pode ser presidente da República, mas, em algumas  denominações não pode ser pastora,
nem ocupar um lugar na hierarquia eclesial. Sei que igreja é igreja, mundo é mundo. Mas não deixa de ser instigante a constatação, e de oferecer oportunidade para maiores reflexões.

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