LODAÇAL DE IDÉIAS FALSAS SOBRE A MULHER
A humanidade demorou muito para entender a operação de Cristo em prol
da libertação feminina. No lodaçal de idéias falsas e dos preconceitos em que
se viu envolvida a mulher, é como se o gênero feminino tivesse ficado fora da
Nova Aliança; como se Jesus Cristo tivesse vindo para salvar apenas a metade
masculina da humanidade. Aliás, chegou-se a cogitar que a mulher não teria uma
alma imortal, colocando-se em dúvida até mesmo se seria humana. Parece piada,
mas, aconteceu no final do século 16. O registro desse debate de mau gosto,
ocorrido em 1595, consta do livro Are Women Human? (As mulheres são humanas?
de autoria de Manfred P. Fleischer.
O exemplo de Jesus e do viver cristão, praticado pelos primeiros
apóstolos, não foi suficiente para inspirar os que lhes sucederam em relação à
maneira como deveriam considerar as mulheres. O que, de algum modo, acontece
até hoje. O ideal cristão da unidade em Cristo, conforme proclamado em Gálatas
3. 26-28, com a quebra de barreiras entre as pessoas, fosse por questões de
tradição religiosa, condição social ou sexo, permaneceu ignorado pelos
sucessores dos primeiros apóstolos no que diz respeito à igualdade de direitos
entre homens e mulheres.
Na igreja primitiva o espaço da mulher era respeitado, seguindo o
exemplo dado por Jesus durante o seu ministério terreno. A lembrança do Mestre
estava, ainda, muito viva no coração da comunidade. No entanto,
posteriormente, a partir de um determinado momento da História, quando a igreja
passou a se organizar como instituição religiosa, a atuação da mulher passou a
ser novamente interditada, como no passado remoto, anterior a Jesus Cristo. O
catolicismo dá essa demonstração, persistente até os dias de hoje. Tem sido
impossível furar o bloqueio levantado contra a ordenação ministerial da mulher
na Igreja Católica, bem como em algumas denominações evangélicas mais
tradicionais.
Convém repetir, não foi assim, evidentemente, na época de Jesus, nem
nos tempos da ekklesia – o movimento cristão primitivo. Constatação patente ao
observarmos o resultado dos estudos realizados por eruditos cristãos. Trabalho
de exegese que leva em consideração as injunções sociais e o contexto
histórico em que se desenvolveu o cristianismo, estudo acurado sobre o relato
neotestamentário referente à atuação da mulher na igreja primitiva.